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Victoria

Já está tudo pronto para minha partida, em poucas horas vou deixar o país.

—Posso entrar? —Valentina pergunta ao abrir a porta.

—Pode, claro. —Digo ainda arrumando uma de minhas malas.

—Você tem mesmo que ir? —Perguntou se sentando na cama.

—Você sabe que é tudo o que eu quero.

—É eu sei, mas com quem eu vou ficar nessa mansão enorme?

—Fica com a tia Carmem.

—Vick...

—Fica com o Thor, ele adora você. —Thor é o Rottweiler do meu padrinho.

—A qual é, você sabe que ele me odeia. A única que me suporta aqui é você. —Se joga para trás em uma cena dramática.

—É por pouco tempo, prometo. —Fecho mais uma mala.

—Promete? Promete mesmo?

—Prometo Valen, agora me ajuda a descer essas malas. —Ela acente.

Praticamente todas as minhas coisas já estavam nas malas, só faltava minha mala de mão. E sinceramente, eu não estava preparada.

Apesar de não parecer, eu estava muito nervosa e já estava com saudade de todos ali.

—Pronta, Vick? —Xavi pergunta dando batidinhas na porta. —Vamos nos atrasar.

—Pronta, já estou indo padrinho.

—Me manda mensagem todos os dias, tá legal?

—Tudo bem, Valen, agora relaxa. — A ajudo dando impulso para que ela se levante. —Tchau. Vou sentir muita saudade. — A puxo para um abraço.

—Eu também. Por favor, volte.

Apenas sorrio, e saio.

Eu estava ridiculamente atrasada, o voo era em menos de uma hora.

— Adeus, tia Carmita. — Lhe dou um rápido abraço eu sabia que ela odiava quando a chamava dessa maneira, mas eu continuo mesmo assim.

— Adeus, Victoria. — Sua afeição rígida deu espaço para um pequeno sorriso, já era alguma coisa.

Me despedi de Thor e seguimos até o aeroporto.

⊰✯⊱

Já havia feito o check-in e despachado minhas malas, estava apenas esperando o portão 3A abrir para que eu pudesse embarcar.

— Bonjour mademoiselle, êtes-vous perdue? (Olá senhorita, está perdida?) — Uma voz masculina surge ao pé do meu ouvido. 

Pedri!

— Oh non gentleman, je suis en route vers la liberté! (Oh não cavalheiro, estou a caminho da liberdade!) — Faço uma voz dramática. —Obrigada por ter vindo. — Me levanto e lhe dou um abraço. 

— Magina, não poderia perder seu embarque. Xavi já foi?

— Já sim, tinha uma reunião.

—  Entendi. Olha eu preciso ir ao banheiro rapidinho, não vá até sua liberdade enquanto eu não voltar, por favor. — assinto. 

Quando me viro para sentar novamente, vejo uma figura. Sua figura. 

O que ele faz aqui? Por que agora?

— Oi, a gente pode conversar? — Diz sem jeito.

— Eu não tenho nada para dizer. 

—  Olha, Luna... 

— Por favor, não me chame assim. 

—  Vick. —  Concerta. — Eu sei que fui um idiota por não te apoiar. Te ignorar foi cruel, eu sei. Mas tem que entender o meu lado também.

— Que lado, Pablo? Eu fiz o mínimo. Te perguntei o que achava, se a gente conseguia, mas você simplismente não disse nada, sério, isso foi pior que dizer não. — Suspiro. — Você me deixou confusa, eu não sabia o que fazer, e quando precisava de você,  ah não, você não estava lá. Então por favor, não diga que também sofreu com isso.

—Olha, me desculpa, tá legal? Eu só não soube lidar com o fato de que te perderia. —Seus olhos marejaram.

Merda.

—Você não iria me perder.

—Ah não? E se você fosse e achasse alguém melhor que eu?

—Já chega, não acredito que pensou isso de mim.

—Vick, por favor. Me entende. —Dá um passo para frente, mas eu recuo um para trás. Fazendo-o estacionar. —Por favor.

No mesmo instante, ouvi uma voz dizendo que estava na hora de embarcar.

—Eu tenho que ir. —Pego minhas coisas na poltrona e dou as costas, mas recúo. —Ah, devolve meu colar, por favor. —Estendo minha mão esperando.

Não conseguiria olhar em seus olhos sem chorar.

Mi Luna, Não...

—Pablo, por favor, estou atrasada.

—Tudo bem. —Senti o fino fio de prata em minhas mãos, então a fechei e segui até o meu portão.

No meio do caminho, avisto Pedri vindo em minha direção.

—Oi, não deu certo, não é? —Nego. —Me desculpa, eu tentei.

—Não é culpa sua. Agora eu tenho que ir. —O abraço o mais forte que consegui. —Tchau Pepi.

Tchau pirralha. Se cuida viu? —Assinto e vou em direção até a porta.

Paro por um segundo para encarar Pedri novamente, porém meus olhos encontram os dele. Seus olhos estavam molhados e vermelhos, assim como suas bochechas.

Não aguentei e corri para dentro do avião rapidamente. Assim que me ageito em meu acento. Volto nessa mesma cena, e não contenho minhas lágrimas.

Aliso o colar, que ainda estava em minhas mãos, e seguro seu pingente. Uma lua.

Isso é demais para mim. Toda essa merda é demais para mim.

Agora eu sei, partir foi a coisa certa.

Desculpem a demora, perdi a noção do tempo

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Desculpem a demora, perdi a noção do tempo.

La Luna - Pablo Gavi  Onde histórias criam vida. Descubra agora