Desejo de Natal 2: Natal Presente

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Nota:
Postando cedinho para não atrapalhar a festa.  Feliz Natal \o/

Eu deveria estar fazendo os ajustes no vestido para a festa desta noite. Em vez disso, estava presa nas mãos de um Papai Noel gigante. Não o Papai Noel de verdade, só um desses velhinhos simpáticos que trabalham no shopping no final do ano, simpático até ser tirado do sério por um pirralho mimado.

— O que você quer ganhar de Natal? Conte para o Papai Noel, que eu vou te dar o presente que quiser!

Se eu tivesse pensado em outra coisa. Qualquer coisa. Qualquer outra MALDITA COISA!

Uma mesa de desenho, aquele jogo de panelas, o bolo que comemos nas férias em Londres. Mas eu tinha que pensar em ChatNoir vindo me salvar.

Um segundo depois ali estava ele, em uma grande caixa de vidro com um laço vermelho. Um presente. Meu presente de Natal. Mas eu não desejei que estivesse nu, ou tão... tão...duro.

— o que foi, Marinette? — ronrona, me trazendo de volta ao presente — O gato comeu sua língua?

Isso é ridículo! Primeiro aquele fiasco em rede nacional. Agora isso! ChatNoir em minha cama, me cobrando algo que obviamente não foi minha culpa.

— Não! Não quero nada disso! — explodo, o nervosismo do dia se transformando em raiva — Nada de jantar ou cinema, e no momento nem quero que continuemos a ser amigos, porque você já passou dos limites, ChatNoir! Tudo o que eu quero é que você caia fora da minha casa! — Sua expressão de surpresa ao recuar me tranquiliza um pouco, então me afasto, sentando do lado oposto da cama. — Desculpe se fiz você fazer algo tão absurdo. Eu só desejei que viesse me salvar, juro que não pensei em nada obsceno. Eu até te dei meu cachecol...

— claro, seu cachecol me ajudou muito.

Ironia, que maduro.

O cachecol foi o melhor que pude fazer na hora, já que não conseguia tirar o casaco, mas não me dou ao trabalho de dizer isso.

— você realmente achou que eu quisesse transar com você?

— por que não? Não seria a primeira vez. — tenta parecer indiferente, e nem sei dizer que emoção ele está realmente sentindo agora, o que é perturbador, porque ele é sempre transparente

— porque eu estou com o Adrien! Óbvio! Você sabe que eu amo meu noivo, e não o trairia.

Chat relaxa na cama, presunçoso como sempre, com as pernas estendidas até meu armário.

— você pode não ter a intenção de trair, mas não dá para controlar o que você deseja, Princesa, e logo será sua despedida de solteira, quem sabe o que acontece nessas festas?

— tira essa ideia da cabeça, ChatNoir! Eu não quero isso.

— você pode não SABER que quer isso, mas toda Paris sabe, até seu noivo sabe. Não te julgo, quer dizer, eu realmente sou um gato — Não acredito que até em um momento desses ele faz piada de gato — nós dois nos divertimos muito a um tempo, e planejar um casamento deve ser estressante. Além da perspectiva de passar o resto da sua vida com uma única pessoa. Quer dizer, você vai transar só com ele? O modelinho é bonitinho, mas o que mais? daqui a pouco ele vai envelhecer, e vai perder a única qualidade que tem.

— O Adrien não vai...

— vai sim, acontece com todo mundo.

— não importa. Ele pode engordar, ficar careca, ou qualquer outra coisa. Ainda vou gostar mais dele do que de qualquer outra pessoa. Ele não é só bonito, é a melhor pessoa que eu conheço.

— você não sabe tudo sobre ele, não pode garantir que ainda vai amar o cara quando conhecer todos os segredos.

— eu não preciso conhecer tudo, todo mundo tem segredos — digo.

Chat sempre foi insistente ao ponto de ser irritante, mas nunca tentou me colocar contra Adrien, então fico confusa quanto as suas intenções. Será que realmente está preocupado que eu me arrependa de casar? Não acredito que faça isso apenas para ficar comigo novamente, mesmo que tenha vindo aqui para isso.

— mesmo que ele seja um super? você ainda ficaria com ele?

— mesmo que ele fosse o novo Monarch — respondo. Sei que é impossível, mas é ainda mais impossível que ele seja um herói, já que eu quem os escolho. Mas mesmo que ele tivesse substituído o pai, ainda assim eu o amaria.

— comovente, nem parece a mulher que desejou um cara sem roupa como presente de Natal.

— você é um babaca, ChatNoir. — Adrien estava certo em não me deixar chamá-lo para ser meu padrinho de casamento, embora a justificativa dele não tivesse nada a ver com o humor duvidoso de Chat, mas sim por aquele outro motivo. — Eu só preciso falar com o Adrien, explicar tudo, sei que ele vai entender.

— talvez ele esteja muito bravo com você.

— ou talvez ele só não consiga sair de casa, com tantos paparazzis... e tenho certeza que a Nathalie tirou o celular dele.

— será? ele está meio velho pra isso, não é? se a minha noiva desejasse o ex namorado nú de presente de Natal, às vésperas do casamento, eu estaria bem chateado, provavelmente também não atenderia as ligações dela.

— eu não desejei... e você não é meu ex, só rolou uma vez! e foi um erro!

Nunca disse isso para ele, sempre fiz parecer que estava tudo bem entre nós, mas é como se Chat insistisse em me lembrar do que fizemos naquele Natal.

— um erro? — ele sorri, fazendo meu sangue gelar, e recuo até a cabeceira conforme ele avançava na cama, se colocando sobre mim novamente — não pareceu um erro quando você gemia meu nome. Não pareceu um erro enquanto você gozava tão forte que fez meus ombros sangrarem com suas unhas.

— cala a boca ChatNoir! — agarro um travesseiro e o coloco entre nós, em uma tentativa quase infantil de mantê-lo afastado — eu não disse que não foi bom, só que não deveria ter acontecido... era pra ser com o Adrien...

— ah, eu tenho certeza que vocês fizeram isso várias vezes já — como se quisesse provar um ponto, ele abre a última gaveta da cômoda, retirando dali um pacote de preservativos, me surpreendendo por lembrar onde eu os guardo.

— sim mas... — consigo responder, apreensiva por vê-lo segurando aquilo. Mesmo que esteja de roupa, ainda estamos sozinhos no meu quarto — não a primeira. Era pra ser com ele.

— a pri... — Sua expressão muda tão rápido que quase me assusta. O ar presunçoso some, dando lugar a preocupação — Mari! eu não sabia. Desculpe, eu seria mais cuidadoso se soubesse.

Chat avança tão rápido que não tenho tempo de fugir. Me deixo afundar na cama abaixo dele, apenas o travesseiro entre nós, mas nada acontece, ele apenas me abraça, me puxando para seu colo de um jeito protetor, mudando totalmente o clima hostil.

— Desculpe, Princesa. Juro que vou te compensar por isso.

Me pergunto se ele está lembrando da loucura que fizemos naquele Natal, porque estar em seu colo novamente com certeza faz com que eu me lembre.

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