Desejo de Natal 3 - Natal Passado

139 16 0
                                    





Foi no meu primeiro Natal na faculdade. Daquela vez também pensei que seria o pior Natal, mas por motivos muito menos relevantes. Eu estava sozinha, Alya estava com o Nino na casa dos sogros, meus pais tinham aproveitado para viajar, e eu usei a faculdade como desculpa para não ir junto, já que LadyBug não poderia abandonar a cidade.

Eu tinha a decoração, tinha a ceia – que minha mãe fez questão de preparar antes de viajar – e tinha um compilado de filmes de Natal me esperando no sofá. O que eu não sabia que tinha era um gatuno, que também estava sozinho no Natal.

Quando Chat chegou eu estava de pijama em frente à tv, assistindo um filme que era mais halloween que Natal, e fiquei feliz em ter companhia em uma noite que deveria ser sobre amor, partilha, companheirismo. Mesmo que ele não soubesse, ChatNoir era meu melhor amigo a anos, então me pareceu providencial que ele viesse bater justo em minha janela.

Não pensei que aconteceria alguma coisa, por mais que eu reparasse no quanto ChatNoir ficava cada dia mais bonito, ainda era um garoto, um garoto apaixonado pela colega de trabalho, um garoto apaixonado por mim.

Nem sei o que me deu naquela hora, lembro só de como a boca dele parecia convidativa. Lembro do peso de seu braço sobre meu ombro, e de como parecia certo ficar enroscada nele enquanto assistiamos filme. Mas o que mais lembro é da consciência do corpo dele – praticamente nú com aquela roupa – meu rosto apoiado em seu peito, minha mão em sua barriga. Era tão natural, que ele não parecia notar minha curiosidade quando explorava devagarzinho, acariciando levemente com a ponta dos dedos.

Qualquer idiota podia notar onde aquilo iria dar. Dois jovens sozinhos na data mais aconchegante do ano, abraçados sob um cobertor macio, compartilhando o calor um do outro.

Lembro da sensação divina que foi seus dedos em meus cabelos, as unhas arranhando levemente o couro cabeludo, como aqueles massageadores que fazem todo o corpo da vítima arrepiar. Acho que não gemi, mas tenho certeza que prendi a respiração e espalmei a mão em sua barriga com força, porque senti os músculos ficando tensos.

Ele não parou. Se notou o quanto aquele toque era gostoso, não deu qualquer sinal, apenas continuou assistindo ao filme enquanto os dedos se embrenhavam em meus cabelos desarrumados. E eu relaxei ainda mais contra ele, me aninhando em seu pescoço, precisando de mais de seu cheiro.

Não estava mais assistindo ao filme, estava assistindo a ele. Prestando atenção à forma como o peito subia e descia quando respirava, como a barriga parecia dura sob o couro, sua boca se movendo enquanto balbuciava as músicas sinistras, até parar de cantarolar, ainda com um sorriso.

— o que foi? não gosta que cante?

— não — sussurrei, quando o que eu queria dizer é que tinha tanta coisa mais interessante para fazer com aquela boquinha linda, mas o simples pensamento me fez morrer de vergonha. Não que eu nunca tivesse imaginado aquilo, mas era quando ele me provocava, sem saber que era eu.

— ah... desculpe, eu paro de...

Nunca soube o que ele ia dizer, porque no momento seguinte eu estava sentindo o gosto dele. Um beijo lento, de reconhecimento, avaliando o território, os dois ainda receosos. Claro que aquilo não durou muito tempo, logo a língua dele estava na minha boca e a minha na dele, no beijo mais excitante que já tinha provado.

Pareceu natural empurrá-lo contra o sofá, como se nossos corpos soubessem o que fazer. Não precisei pensar em passar as pernas por sua cintura, assim como ele não deve ter pensado em arranhar minha nuca enquanto beijava.

Lembro da primeira vez que o senti duro, pressionando contra minha coxa. Não foi a primeira vez que senti um cara assim, mas nunca foi tão ameaçador, e tão bem vindo. Senti a necessidade de me deitar sobre ele, senti-lo me pressionar entre as pernas. Nem por um momento pensei que ele pudesse não querer, não gostar, e eu sabia que podia parar quando quisesse, se quisesse, porque era Chat.

Contos de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora