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Com um pouco de dificuldade eu forçava a minha visão a entrar em foco, olho pro meu corpo e percebo que tinha dormido no sofá da sala novamente, isso já tinha virado rotina.
Olhando pelo pequeno vão da janela percebo que já é dia, começo a abrir e fechar minha mão para me livrar da câimbra terrível que fazia na mesma, já fazia anos que não dormia durante a noite toda.
Um pequena onda de felicidade me envolve me deixando um pouco mais relaxada, tinha sonhado com ele de novo (como em todas as noites) eu tinha me esquecido de alguns detalhes do seu rosto mas eu nunca me esqueceria daqueles olhos.
Os sonhos não eram reais mas era a única coisa que me davam uma gota de alegria.
Sete anos já se passaram.
Sete anos em que eu ainda espero por ele.
No dia em que eu retornei para casa tudo estava normal, o que se passou em meses para me, só se passou em minutos para minha família. Lembro do olhar desesperado da minha mãe tentando enter o que tinha acontecido, o por que eu estava tão desesperada, ela examinava todo meu corpo procurando algum ferimento mas aonde estava realmente machucado ele não poderia ver e nem ao menos enteder.
Depois daquele dia as coisas mudaram para me e para minha mãe, durante dois anos ela me arrastava de terapeuta em terapeuta, tentando compreender o porquê de sua filha não ser mais a mesma, foi assim até ela engravidar, lembro do desespero dela quando descobriu a gravidez, ela dizia que aquilo não era bem-vindo naquele momento que já estava velha e precisava ter 100% do seu tempo dedicado a me.
Foi naquele momento em que minha mente acordou, em que eu percebi que não era a única que estava sofrendo, minha mãe que sempre fora tão vaidosa andava para cima e para baixa com os cabelos emaranhados e as olheiras roxas visíveis, ela tinha parado de dormir em seu quarto para dormir comigo porque eu sempre acordava gritando no meio da noite. Ela estava cansada.
Eu me forcei a prosseguir minha vida, parei de ir a praça procurar por algum sinal da Pansy ela nunca apareceu lá, o porão agora era um lugar proibido, eu entrava la todos os dias, abria e fechava o livro mas nunca obtive sucesso.
Minha mãe observando minha "melhora" decidiu se mudar para a zona rural, queria até vender a casa e insistiu para que eu me mudasse com ela, mas implorei pra ficar, mesmo não tendo sucesso em encontra-lo no fundo no fundo tinha a esperança de ele aparecer e finalmente me tirar dessa angústia.
Batidas desesperadas na porta me tiraram dos meu devaneios, a aquele horário só poderia ser uma pessoa, antes mesmo de eu me levantar para abrir a porta minha mãe entrou em casa puxando meu irmão pelo braço.
- Graças a Deus! - disse ela me olhando de cima a baixo. - Porque Diabos você não me atende menina?
Pego o celular estirado no chão, 27 ligações perdidas da minha mãe.
