Capítulo 14

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O fim de semana passou muito de pressa. A última coisa que eu queria depois de chegar a certas conclusões relacionadas com os sentimentos que tenho por uma certa pessoa era ter de ver essa mesma pessoa.

Aqui estou eu, a sair do edifício onde estive a ter as aulas durante a manhã inteira. A minha sorte é que o Sky só tem aulas de tarde. Os testes só voltam a acontecer para daqui a algum tempo e, como forma de descansarmos, as nossas sessões destas próximas três semanas não vão acontecer. Ou seja, vou ter de o ver por menos tempos este mês. Só às quartas e às sextas durante as aulas.

Pela primeira vez, o universo faz algo por mim. Se tivesse de ver aquele sorriso mais alguma vez, ou ouvir aquela voz, eu ia dar em louca! Juro!

As outras ainda continuam a chatear-me e a tentar incentivar-me a confessar, mas não vai acontecer. Eu prefiro sofrer desta forma a ser rejeitada. Dói menos, além de que não me vou humilhar à frente dele.

Não vou mentir. Às vezes imagino uma realidade alternativa em que eu confessava e ele sentia o mesmo e viveríamos felizes para sempre. Provavelmente tenho de diminuir o número de horas que passo a ver dramas na televisão. Está a dar cabo do que resta do meu cérebro. Já devo ter muitos problemas e estes romances só pioram a situação.

A realidade é que eu sou uma cobarde. É preferível ficar aqui, à espera do meu futuro marido bilionário me venha buscar.

Sim, eu sonho muito.

E é por sonhar muito que quase ia contra a porta de entrada. Fogo! De onde é que ela apareceu?

Hoje está nublado e a previsão é que chova ao final da tarde. Não é um dos melhores dias. Só me dá mesmo vontade de chegar ao meu apartamento, vestir o pijama e meter-me na cama. A ver se apanho um bocado de sono, já que as insónias não me deixam, geralmente, dormir bem à noite.

É irritante. Às vezes chego ao final do dia com uma vontade enorme de dormir, completamente esgotada, tanto mentalmente como fisicamente. E quando penso que finalmente vou puder descansar, deito-me na cama e não consigo pregar olho. Em vez de sonhos em como encontrei o meu príncipe encantado, ou como casei com o D8 dos Seventeen, só me vem à cabeça tudo o que fiz de mal, todos os meus momentos mais vergonhosos, ou só passo a noite toda a stressar sobre coisas que, honestamente, nem são assim importantes.

As insónias são horríveis.

Espera? Aonde é que eu ia? Ah! Já me lembrei.

Então, estou agora a caminho de casa, mesmo acabadinha de sair do edifício de gestão e economia da minha universidade, a descer as escadas até à rua.

Enquanto caminho, decido ir buscar os meus fones à mochila, para poder ouvir música durante a caminhada até ao meu apartamento.

Não presto atenção por onde ando e vou de encontro a alguém. Peço desculpa e, de seguida vou para apanhar os fones, que caíram ao chão com o impacto.

E é aí que, quando me volto a levantar e olho em redor, reparo na pessoa que não me tem saído da cabeça nos últimos tempos no outro lado da rua. O meu coração dá um pulinho.

Será que devo dizer olá? Vou esperar que ele olhe na minha direção. Nem pensar que lhe vou começar a gritar pelo nome no meio da rua. Ainda pensam que sou uma maluquinha (o que não seria uma completa mentira).

Fico uns segundos especada, à espera de que ele vire a cara na minha direção, até que, quando ele parece estar prestes a olhar para mim, uma voz chama por ele.

Ele olha para trás e decido também olhar para quem o chamou.

Foi uma rapariga, diria para aí uns dois ou três anos mais velha. Ela está-lhe a sorrir e ele parece retribuir.

Quando já está à frente dele, dá-lhe um casaco que o reconheço como sendo o da sua equipa de basebol preferida. O mesmo casaco que já o vi usar montes de vezes. O seu casaco preferido.

Depois de lho dar, a rapariga põe-se em biquinhos de pés, pousa as mãos nos ombros dele, e aproxima-se da sua cara, deixando um beijo na bochecha.

Ele nunca perde o seu sorriso, mesmo quando ela desaparece no final da rua e ele volta a caminhar em direção à porta de entrada da universidade.

Não vou mentir e dizer que não me doeu um bocadinho o que acabei de assistir.

Quem é que eu estou a gozar? Dói, muito! Eu acabei de assimilar que gosto dele e descubro logo que ele já tem alguém!

O pior é que ele nunca o disse! Eu pensei que ele, pelo menos tinha confiança em mim como amiga e que não tinha problemas em falar comigo! Porque é que nunca me disse?

Apetece-me chorar. Mas vai ter de esperar. Não vou fazer cenas no meio da rua. Principalmente por causa de um rapaz.

Isto não muda nada. Eu já tinha chegado à decisão que só iria ser amiga dele e que nunca lhe diria o que sentia. Por isso, isto não muda nada.

Não devia ficar assim tão alterada. Ele é livre de gostar de quem quiser. Eu sou só mais um dos seus amigos. That's it.

Não, Teresa! Engole as lágrimas. Espera até chegares a casa, quando ninguém te estiver a ver.

Viro as costas e começo o caminho para o apartamento. Mas, infelizmente esbarro contra outra pessoa. Desta vez uma conhecida.

- Desculpe. Ah! És tu! Oi, Teresa – cumprimenta-me um Chris sorridente. Até que a sua expressão muda para uma de preocupação – Está tudo bem contigo? Estás-te a sentir bem? Aconteceu alguma coisa?

- Não! Não te preocupes. Só estou cansada das aulas. Não dormi muito bem à noite. Ia por acaso agora para casa, por isso vemo-nos por aí?

Ele não parece acreditar muito na minha desculpa. Mas não é como se estivesse a mentir. Eu estava cansada e não tinha dormido bem. Embora, desconfiado, o Chris decidiu não forçar o assunto (love him for that) – Ya. Vai lá descansar. Vê se te sentes melhor da próxima vez que te vir, ok? – desajeita-me o cabelo e dá-me um abraço.

Eu digo-te, estava por um triz. Quase que começava a chorar baba e ranho em frente deste rapaz. Precisava mesmo desse abraço.


Próximo capítulo...

Sweet Love (portuguese version)Onde histórias criam vida. Descubra agora