Capítulo 28

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Ele não era suposto descobrir assim! O que é que faço agora?

Ok! Para já ele parece só estar confuso, julgando pela forma como está a olhar para mim e para as outras à procura de respostas.

Devia dizer alguma coisa, não devia? Mas o quê?

- Surpresa!

Silêncio.

Yup. Não foi a melhor das ideias.

- Porque é que recebeste um e-mail da escola sobre Erasmus, Teresa?

Tenho mesmo de responder a isso? Não é obvio?

- Eu posso, ou não, ter-me candidatado para o próximo semestre.

Feito. É tão bom libertar-me do peso de esconder isto. Agora sinto-me muito mais leve. Só tenho medo é da reação dele. Será que vai ficar chateado e nunca mais vai falar comigo? Se calhar isso já é exagerar um bocado. Ele não iria parar de falar comigo por algo como isto. Certo?

Olho para ele e noto em como a sua cara tem uma expressão triste.

- E porque é que não me disseste?

Stop! Eu não consigo vê-lo assim, ainda por cima por minha culpa. Sinto-me mal.

- Eu queria dizer-te, mas não sabia como o fazer. E também há o facto de eu não ter muita confiança em conseguir entrar e não queria passar pela vergonha de não entrar. Não queria estar a dizer sem saber se ia mesmo.

Acena com a cabeça, sem nunca perder o mesmo ar desanimado.

- Vais abrir ou não?

Abrir? O quê? Ah! Eu ainda não vi o e-mail a dizer se entrei ou não. Sou mesmo burra!

O Sky levanta-se da cadeira e faz me sinal para me sentar. Começo a mover o rato e, quando este se encontra em cima do e-mail não lido, clico.

"Excelentíssima aluna Teresa Lima..."

- Entrei! – salto cadeira fora. Estou completamente incrédula. What? Entrei?!

- Parabéns, Teresinha! Estamos tão orgulhosas – as raparigas, numa questão de segundos, já me estão a sufocar em abraços.

O mesmo acontece com a maioria dos rapazes que também me felicitam.

Não acredito! Vou para Frankfurt com a Ana! Ainda não o consegui meter na cabeça.

Pensando bem, isto não foi uma boa ideia. Agora estou a ficar com medo. Vamos estar SEIS MESES, praticamente MEIO ANO, num país completamente DIFEERENTE, SOZINHAS. Estou a começar a stressar. No que é que me fui meter!

Lembra-te, Teresa, vai ser uma nova experiência, vais aprender muitas coisas novas, vais conhecer muitas pessoas (espera, isso não soa assim tão bem) e no final vais adorar. E podes meter inveja aos outros e dizeres que já viveste na Alemanha (now we're talking).

- Nós temos de celebrar isto! Vamos almoçar aí num sítio chique! O Chris paga! – propõe o Peter.

- Hey! Hey! hey! Porque é que tenho de ser eu a pagar?

- Porque és o mais velho, duh. Vais obrigar as crianças a pagar pela comida? Eu esperava mais de ti.

- Tu não és uma criança!

- Ontem não me disseste isso.

Enquanto os dois discutem quem vai pagar, começam-se todos a levantar e a sair da pastelaria.

Todos menos dois

- Nós vamos indo, Teresa. Depois liguem para saberem onde estamos, ok? – aceno com a cabeça e a Bia fecha a porta da pastelaria.

Agora só sou eu e o Sky.

A primeira coisa que ele faz é abraçar-me – Parabéns!

Porque é que ele é tão perfeito! Torna-se mais complicado ir-me embora, assim.

- Não estás zangado? – pergunto, a minha voz sendo abafada por ter a minha cara encostada ao seu peito.

Ele separa-se de mim e parece que por um segundo pensa no que dizer.

- Não estou zangado. E não tenho razão para tal coisa. Só me sinto um bocado triste por não me teres dito nada este tempo todo. Não te sentias confortável o suficiente para me contar? Mas de certa forma percebo o porquê de não o teres feito. Eu se calhar também faria o mesmo se estivesse no teu lugar. Eu também tenho um medo enorme de falhar, principalmente se souber que as pessoas que mais gosto estão a contar comigo.

- Se te fizer sentir melhor eu só contei aos meus pais, ao meu irmão e às raparigas, já que eu vou juntamente com a Ana. E a uma professora também. Pedi-lhe uns conselhos, mas ela não sabe que eu acabei mesmo por me candidatar. De resto mais ninguém sabia.

- Ou seja, nove pessoas. Isso é suposto fazer-me sentir melhor? – diz de uma forma bricalhona - eu só gostava que no futuro eu me tornasse numa das primeiras pessoas a que contas coisas. Consegues me prometer isso?

- Ui! Não sei ...

- Teresa!

- Estou a brincar. Prometo. Vais ser logo a primeira pessoa a saber de tudo o que me acontecer na vida a partir de agora. E espero que estejas preparado para a carrada de telefonemas que vais receber nos próximos meses. Temos de falar todos os dias, entendido?

- Tenho que ver a minha agenda.

Tem que ver a sua agenda? Porco! Começo-lhe a bater, mas infelizmente não tenho assim tanta força para infligir dor (não me posso esquecer de dizer à Ana para o fazer por mim mais tarde).

- Parolo!

Ele só se ri. Ainda bem já não está tão desanimado.

- Não te ver todos os santos dias vai ser muito complicado. Como é que vou sobreviver – diz de uma forma sarcástica. Espero que esteja a gozar.

Volto a bater-lhe com mais convicção. Até que o rapaz amarra as minhas mãos nas suas e evita mais dos meus ataques.

- Por muito que goste que me toques, prefiro não andar com pisaduras, se não te importares.

- Como se eu fosse assim tão forte.

- Ainda bem que admites, finalmente, a tua falta de força.

Pronto. Está morto. Tento libertar as minhas mãos, mas é impossível. O rapaz não larga. Fogo! Porque é que ele sabe amarrar tão bem? (ok, isso soou mal).

Continuo com os meus esforços, que estão a dar em nada, até que o palerma me para com um método que se está a tornar no meu preferido. Beija-me (estou a ver que vou ter que ser violenta mais vezes).

- Vou ter muitas saudades tuas! Vai ser tão aborrecido aqui sem ti. Vais para onde, mesmo?

O burro estava literalmente ao meu lado quando eu abri o e-mail! Sinceramente!

- Frankfurt.

- Vê se não andas para lá a ver os alemães, percebido? Estás avisada!

- Como se pudesses fazer muito para o evitar daqui – e começo a correr pastelaria fora (chego á mesma conclusão de sempre: não me dou nada bem com exercício físico).


Próximo capítulo... 

Sweet Love (portuguese version)Onde histórias criam vida. Descubra agora