O Executivo - Parte I

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El Paso, Texas (flashback: passado de Maxwell) – 16:27 hrs

Maxwell Miller, ou Max, trabalhava como assistente administrativo no centro internacional de educação quando conheceu Seong-jin, um intercambista sul-coreano. Foi amor à primeira vista.

A princípio, Jin não parecia estar na mesma sintonia. Tímido, pronúncia fraca em inglês, teve um pouco de dificuldade em entender as solicitações do rapaz a respeito dos seus documentos. Sua aparência era frágil como o vidro, tinha 20 anos e um olhar dócil que lhe dava um aspecto ainda mais jovial: pele clara, cabelos curtinhos e escuros, franja dividida, olhinhos puxados e pretinhos, e lábios rosados. Gostava de blusões, moletons e qualquer camisa que cobrisse as suas mãos, além de calças confortáveis e tênis coloridos. Max pegou o seu visto e analisou, era a sua função no momento, mas aproveitou para conhecê-lo melhor, pois algo na postura delicada daquele garoto havia conquistado o seu coração.

Quanto ao Maxwell, era um americano raiz de 32 anos de idade. Viveu no Texas a vida toda, foi criado na cultura country e era esse o seu passatempo, porém sua sede por crescer e se tornar um executivo de respeito havia ofuscado toda essa brincadeira. Era um moreno baixinho, tinha quase a mesma altura do oriental; seus cabelos eram lisos, curtos e tinham uma coloração linda de castanho claro como as folhas do outono, com alguns fios dourados. Seus olhos eram escuros, mas não eram castanhos; tinham uma tonalidade de verde selvagem, pareciam dois espelhos de água doce. Certamente foram os seus olhos que encantaram Jin, pois, quando ele conseguiu olhar de volta, não parou mais. O atendimento demorou um pouco, contudo, felizmente, o garoto era o último da fila. Max recolheu os seus documentos e pensou por um segundo; precisava fazer alguma coisa, pois sabia que, assim que ele passasse por aquela porta, talvez nunca mais o visse novamente. Sem que ele estivesse prestando atenção, cortou um pedaço de papel e escreveu o seu telefone pessoal, em seguida colocou entre os documentos dele e os devolveu.

— Aqui estão, er... Jin. Está tudo certo com o seu visto no país, pode finalizar sua matrícula na faculdade.

— Okay. Obrigado.

Murmurou o garoto. Deu um sorrisinho fraco e se virou para sair.

Max temia perdê-lo para sempre, mas naquela noite, para a sua felicidade, ele recebeu uma ligação.

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Parque de diversões – 15:45 hrs

Se perguntassem ao Maxwell qual a primeira memória que vinha à sua mente ao falar do Jin, ele diria que era a do primeiro beijo.

Não foi um dia muito marcante, com muitas coisas mirabolantes, mas o essencial — o invisível — era o mais importante; o sentimento que nutriam naquele momento. Estavam na arquibancada, dentro dos territórios de um parque de diversões itinerante. Jin era um rapaz tímido, quase não olhava nos olhos do moreno claro. Já estavam se vendo há um tempo, Max se sentiu instigado a tentar uma aproximação mais arriscada. Com um sorriso discreto no rosto, ele se aproximou e tocou os lábios no maxilar do garoto, que se arrepiou com o gesto.

— Ei...

Ele sussurrou. Jin virou o rosto em sua direção, com um sorriso bobo no rosto, mas tornou a desviar para baixo quando sentiu a ponta dos lábios do homem tocarem os seus. Ele segurou uma risadinha.

— Eeei... deixa eu te dar um beijinho.

— E-eu sou tímido...

— Notei... — Max brincou, rindo baixinho. — Vai ser rápido, Jin, ninguém tá olhando a gente.

O rapaz mordeu os lábios. Ele também queria... suas bochechas se tornaram ainda mais rosadas, seu coração pulsou fortemente, ele passou a esfregar uma mão na outra; eram sinais de que logo cederia aos pedidos do mais velho. Lentamente levantou o rosto, deixando que Max selasse os seus lábios nos dele com pequenos selinhos que iam e vinham. Jin lentamente fechou os olhos, seguiu o ritmo do carinho, até que todo o parque a sua volta se tornasse mero detalhe e apenas o sentimento que nutriu por aquele estranho, naquele país antes desconhecido, se fortalecesse.

Todas as Coisas VoltamOnde histórias criam vida. Descubra agora