Heaven • ZAYN MALIK

3.1. You know it's love!

Acordei enjoado por volta das duas da madrugada, não tive vontade de vomitar, só uma sensação de vazio que parecia querer me corroer por dentro, só de imaginar ficar longe dela, e tudo por minha culpa.

Hoje vou ter a chance de concertar isso e de maneira nenhuma posso falhar. Ainda faltam mais de cinco horas para vê-la e o frio na barriga aumenta a cada instante, como no dia em que a pedi em namoro, é tudo ou nada.

Harry pediu pra que eu não aparecesse lá antes da hora combinada, que idiotice! Eu queria ir agora mesmo e não poder me deixa louco, cada segundo que passa mais coisas atormentam minha mente, e se ela não me perdoar? O que será de mim? Eu não sei, nem posso pensar nessa hipótese, ela precisa me perdoar! Nós ainda temos tanto para fazer juntos. Ela é minha e eu sou dela, sempre vai ser assim.

D   A   N   N   Y

Acordei e ainda estava escuro logo deduzi que ainda era madrugada, estava em outro cômodo do apartamento do Harry agora, eu reconheci sendo o quarto dele. Harry se encontrava aninhado entre as cobertas ao meu lado, respirava suavemente em seu sono, parecendo tão angelical com esses cachinhos, me lembro de um tempo atrás quando minha mãe viajou e eu fiquei aqui, na casa dele, minha mãe não tinha medo de que ficássemos juntos, era amizade da mais pura e ela sabia disso, ela o tratava como meu irmão e pra mim era o mesmo, foram sem dúvida um dos melhores dias, fizemos guerrinha de travesseiros, brincamos de lutinha, espalhamos comida por todo o apartamento e ficamos horas limpando depois, não consegui não sorrir com a lembrança.

Por um momento eu consegui me esquecer da bagunça literal que minha vida havia se tornado, nem sei se tenho um namorado mais, eu queria poder organizar tudo em um passe de mágica, infelizmente, a vida não funciona assim.

Nunca imaginei que amar poderia ser tão bom e tão autodestruidor. Achei que Zayn e eu seríamos diferentes, que não teríamos um problema como esse em tão pouco tempo juntos, a culpa não é dele por não enxergar os fatos e nem minha por ter mentido e supostamente beijado outro cara, a culpa é do destino que faz as coisas serem tão fodidas. Ele obviamente deve estar me odiando nesse exato momento, não tenho nada a fazer, ele vai continuar me odiando até descobrir a verdade. Eu até poderia ir até ele e contar a minha versão, e então ele teria a opção de acreditar ou não.

São apenas possibilidades e eu sou orgulhosa demais para levar um não, minha consciência está limpa, eu não o beijei, ele precisa saber? Sim, mas não é o momento. Nunca precisei correr atrás de ninguém, minha mãe me ensinou uma coisa "Se é seu de verdade e foi embora, não se aflija, espere pacientemente, quando menos esperar estará à sua porta."

Bom, a analogia de mamãe sempre funcionou com minha cadela Piper, ela sempre fugia e minutos depois aparecia latindo e arranhando o portão de casa, acho que sentia saudades, talvez o Zayn seja assim.

Tenho aprendido muitas coisas valiosas ao longo da vida e esse episódio trágico que ocorreu ontem acabou me ensinando algo, não esconda coisas de mais das pessoas, tenha um relacionamento a base de confiança, se for pra mentir, nem tenha um.

Em meio a esses pensamentos acabei adormecendo.

Quando acordei novamente a luz do sol já brilhava entre as cortinas, não estava calor, uma rajada fria circulava pelo quarto, era um frio bom, daqueles que deixa seu corpo mais leve e clareia sua mente nublada.

Levanto-me e o Harry não se encontra mais no quarto, vou até as portas de vidro e as abro tendo acesso à sacada, respiro fundo e fecho os olhos sentindo a brisa em meu rosto, o andar onde fica o quarto de Harry ser mais alto tinha seus privilégios.

Fico alguns instantes assim até que ouço a porta do quarto sendo aberta, abro os olhos e me recomponho, saio da sacada e entro de volta ao quarto, quase perco o equilíbrio quando vejo meu namorado em uma calça jeans surrada e uma blusa preta manchada, provavelmente a primeira que encontrou, seu cabelo caía nos olhos, os quais carregavam pesadas olheiras e alguns roxos pela face, além de um corte leve no lábio.

Perco a fala por um momento.

— Estou horrível? Eu sei, peço desculpas por vir assim — Ele sopra o cabelo dos olhos.

— Você... hm... Não me deve desculpas — encaro o chão — Eu que devo me desculpar, eu... eu não queria te magoar, eu juro... eu não o beijei.

— Eu sei — Ele pressiona os lábios.

— Você... você sabe? — Sussurro surpresa.

— Sim, eu acredito em você, sei que não o faria.

— Você acredita em mim? — Meu rosto provavelmente está tomado pela confusão.

— Claro – Zayn sorri com tristeza — Quero que me perdoe também, será que você pode fazer isso? Será que o fará um dia? — ele fixa o olhar no teto azul escuro com constelações e morde o lábio contendo o choro, eu não estava entendendo mais nada.

— Isso não é sobre mim — desvio o olhar — Por que você está me pedindo perdão Zayn?

— Eu estava totalmente de coração partido ao ver você e aquele garoto, estava tão furioso, tão amargo, então eu pensei, "Eu quero que ela se sinta como eu! Quero que sinta que seu coração foi arrancado" pensei que não teria volta, eu só queria achar uma forma de descontar e...

— O que você fez Zayn? — Eu já não estava calma, era como se eu fosse um canhão e alguém acabasse de acender o estopim, minhas mãos começavam a tremer.

— Você nunca vai me perdoar — Ele diz mais pra si mesmo do que pra mim.

— Diz Zayn — Pressiono, uma sensação ruim apertava minha garganta.

— Eu procurei a Laura — Ele balança a cabeça negativamente.

— AH MEU DEUS! ZAYN! VOCÊ TRANSOU COM ELA?? — Gritei, agora eu já estava pronta pra explodir.

— NÃO! MEU DEUS! NÃO DANIELY! — Respondeu tão rápido quanto as palavras saíram da minha boca.

— Não me diga que foi pedir conselhos amorosos pra ela — Minha voz estava banhada na ironia.

— Isso não é hora pra ironia — Ele diz com a voz baixa.

— NÃO ME DIGA O QUE FAZER! — grito com ele e a adrenalina percorre meu corpo — EU... EU... O QUE VOCÊ FEZ ENTÃO?

— Eu só a beijei, o Harry impediu que acontecesse algo a mais — Ele está envergonhado, seus olhos já estão marejados.

— Você a beijou? — Guincho, meu coração afunda, imaginar os lábios dele na boca de outra pessoa é tão doloroso quanto uma adaga enfiada em meu peito.

— Eu estava fora de mim, você sabe que é a única, sempre será, eu estou totalmente entregue, de corpo e alma, me perdoa.

— Eu não acredito em você!

— Não? — ele se levanta e majestosamente se aproxima e passa atrás de mim, meu corpo congela no lugar, ele move meu cabelo para o lado e corre o nariz pelo meu pescoço até minha orelha pressionando um beijo quente em minha pele, o arrepio que percorre meu corpo é instantâneo — Seu corpo responde a mim, você pode dizer o contrário, mas o seu corpo não mente.

— Isso é só desejo, não tem sentimento – Respiro pesadamente

— Então quando nós nos beijamos assim — ele encosta seus lábios nos meus e minha sanidade some, ele separa novamente nossos lábios — É só desejo? Quando eu pego na sua cintura e te pressiono contra a parede assim — ele reproduz o que diz no mesmo ritmo — É só desejo? — ele sorri e me beija, um beijo de saudade, foi só um dia? Parece ter passado séculos desde que nos beijamos.

— Você sabe que é amor.