cap. 24

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Ginny Weasley
🎧It'll Be Okay - Shawn Mendes

Eu demorei para me levantar, de manhã.

Me sinto, em parte, anestesiada pelo que aconteceu ontem. Deveria ter sido só uma noite comum na vida de uma pessoa solteira, com alguns beijos, fugas e a parte de ouvir os problemas e traumas do companheiro. Mas ele não deveria ser meu companheiro, eu não deveria ter me permitido atravessar as barreiras do conceito "conhecidos com privilégios", eu não deveria gostar disso.

Odeio pensar sobre como seu cabelo fica bonito molhado, odeio como não consigo falar sobre mim quando estou ao seu lado porque é bom ouvi-lo contar coisas sobre si mesmo, - mesmo que sejam ruins, tristes e o deixem com cara de coitado. Estou afundando, e o medo de quê acabe como da última vez é maior do que qualquer vontade de tornar isso algo maior, melhor. Preciso me afastar.

-Droga de acampamento. Trilha de novo? Por favor. - Ouço a voz desdenhosa de alguma garota e decido me levantar, finalmente.

Olho paro o lado e noto que as meninas já haviam saído, entretanto, havia um bilhete encima de meu baú, em uma bela caligrafia que supus ser de Hermione:

"Espero que tenha melhorado. Hoje tem trilha, se sentir bem, terão instrutores indicando o caminho para quem chegar mais tarde, estaremos lá.
-Hermione."

Dobro o papel e o coloco dentro de meu baú, me troco e opto por uma roupa mais esportiva, prendo meu cabelo e sigo para nenhuma direção específica, - apenas esperando trombar com algum instrutor. Depois de alguns minutos, flagro com o canto dos olhos um homem relaxando sob a sombra de um guarda-sol verde, sentado em um cadeira verde e vestindo roupas (adivinhe, verdes).

-Onde é a trilha? - Pergunto, com a mão sobre os olhos para cobrir-se do sol, invejando o rapaz tanto quanto é possível.

Ele me encara, como quem quer me repreender por estar atrasada mas cansa só de pensar em ter que ouvir desculpas.

-Entra naquela estrada ali, entre as árvores, à direita. - Como eu imaginava, ele não se esforçou muito para me informar, nem me alertou sobre atrasos.

Ando até o local, o que me surpreende é que não sinto vontade alguma de correr, e isso é estranho para alguém que ama fazer isso. De qualquer maneira, continuo andando pelo caminho íngreme e cheio de pedras.

Depois de alguns metros, avisto dois caras andando juntos, lado a lado, quando me aproximo e noto que são claramente um casal, recebo um olhar mortífero de um dos meninos e tenho certeza absoluta que é o momento certo para correr. Eles querem ficar sozinhos, sozinhos um com o outro, o que me faz lembrar de como deixei Potter só ontem. No nosso caso, simplesmente acho que a ideia de sozinhos deve permanecer como é: cada um no seu canto.

Já corri em torno de um quilômetro, ou ao menos é o que penso, quando acabo tropeçando em uma pedra absurdamente grande que estava bem no meio do caminho.

-Merda, que droga. - Resmungo, sentando na beira da estrada e retirando o tênis da perna que atingi, a esquerda.

Observo bem a situação, não consigo mover o pé sem sentir dor, mas ao menos consigo mexer. Só pode significar que não quebrei, mas ao menos uma torção no tornozelo ou contusão ocorreu ali, sem dúvidas.

Depois de anos praticando esportes, estou acostumado a lesões incômodas, como essa. Só nunca aprendi a como agir, sempre que ocorriam, tinha algum técnico ou treinador para me dar as ordens e dizer o que tenho de fazer. Portanto, a única coisa que me vem à cabeça é deixar as pernas esticadas e esperar que a dor amenize, para retornar pelo mesmo caminho que vim. Tenho certeza absoluta que caso os caras que encontrei chegarem até aqui, vão me ignorar.

The Last Summer - HinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora