Capítulo 1

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O dia amanhece mais uma vez em São Francisco e como sempre Konrad está escorado na porta, com os braços cruzados e olhos afiados esperando a sua garota acordar pacientemente.

Observando atentamente todas as suas feições e o que havia mudado em três anos.

As maçãs do rosto estavam mais cheias, o cabelo três vezes maior e os olhos, olhos que tanto admirava recheados de olheiras.

- Por mais que isso me doa você tem que me esquecer, anjo. - Diz, mais firme do que gostaria.

Já haviam passado três anos, três anos que conseguira conquistar a garota mais incrível e especial do colégio porém considerada estranha pela maioria, três anos sem ir a rachas ou ser bajulado pelos seus seguidores, e mesmo assim ela ter a capacidade de concertar o seu coração quebrado, três anos de seu funeral.

Florian se espreguiça na cama e solta um gemido de cansaço com zero vontade de se levantar, o despertador soa o primeiro alarme e ela bufa a medida que coça o couro cabeludo e ergue as costas sob a cabeceira da cama.

As luzes solares atravessam a cortina iluminando o quadro posto no criado mudo, ela o pega com cuidado.

- Bom dia, amor. - Fala com carinho tocando a foto com suavidade, mas com uma imensa saudade que faz doer o peito e devolver o pequeno objeto em seu lugar.

Konrad estava a abraçando com a sua inseparável jaqueta de couro preta em frente a Ferrari vermelha que tanto se gabava, o sorriso esticado e olhos brilhantes denunciavam a sua satisfação ao vencer uma corrida, e Florian emitia alegria em um grande riso angelical.

As memórias inundam, o cara rabugento metido a badboy ganhou um espaço em seu coração, o obstáculo era que esse espaço era tão fundo que nem a ferida mais horrível poderia se fechar.

- Isso é bobagem. - Pensa alto, se levantando de uma vez e seguindo em direção a sua porta na tentativa falha de ocupar a sua mente em outro lugar que não fosse o seu namorado morto.

Ela anda de pressa com a face franzida, não percebendo o homem de um metro e oitenta e um a encarando na mesma intensidade, Konrad abaixa a sua cabeça, sério, tentando se controlar com o punho fechado, era difícil de aceitar mas ele já havia se acostumado.

- Bom dia, anjo. - murmura.

Em um segundo ou dois ele ouve o trinco do banheiro.

Ele a espera sair e a segue de volta para o quarto, a rotina é a mesma, ela penteia os cabelos, passa o seu perfume e fica incontáveis minutos escolhendo uma peça de roupa.

Konrad odeia essa parte, o tédio reina o que faz brincar com o elástico de cabelo em seu braço.

Era o seu amuleto da sorte, que nunca o abandonou em uma corrida, nem mesmo na última.

A xuxinha de Florian.

Bem, quase, já que o material original deve ter virado poeira a essa hora, mas não vamos entrar nesse assunto.

Florian fazia careta no espelho enquanto os olhos iam e viam no relógio, de um lado a blusa red de gola alta listrada de outro a azul lisa com pontinhos dourados.

- Você fica linda nas duas cores, mas gosto mais da vermelha.

Florian joga a listrada na cama e ele revira os olhos.

Pronta em dois minutos ela pega a sua bolsa e desce escadaria abaixo e como sempre, Konrad está a seguindo preocupado que algo a aconteça.

- Bom dia mãe.

A cozinha está uma bagunça e a senhora Maribel parece estar enfrentando uma batalha interessante com o liquidificador.

Konrad espia os bagaços de fruta na pia curvando os lábios.

- Vitamina de maracujá logo cedo? Isso não vai dar bom.

- Bom dia querida, dormiu bem? - o sorriso elegante de Maribel alegrava o dia de qualquer um, mas hoje ele não está funcionando.

- Não muito. - se assenta na cadeira, logo pegando a pasta de amendoim.

- Como sempre, né. - Konrad balbucia indiferente.

- Por que? Dormiu de mal jeito? - ela nega.

A pasta é posta no pão integral o que o faz ter uma careta, Florian morde o primeiro pedaço.

- Vou demorar pra chegar da faculdade, não me espere. - a animação de Maribel é tanta que quase da pulinhos.

- Uau, quem é? - Florian estreita o olhar.

- É, quem é? - a afronta, estava morto não resistente.

Passou tanto tempo com ela, como não viu ela com outra pessoa?

Para Maribel ter a sua filha finalmente querendo sair pra algum lugar ou melhor com alguém é algo que ela sempre esperou, desde.. aquilo.

- Ninguém, sabe de algum lugar que venda flores? - a expressão de Maribel se esmorece.

- Oh, é hoje?! - Florian balança a cabeça. - Me desculpe querida.

A jarra da batida é colocada na mesa e ela enche o copo o tomando logo em seguida.

- Anjo, esquece essa data maldita. - implora.

- Tudo bem. - dá um meio sorriso, formando um bigode da bebida. - Já vou indo.

Konrad chuta o balde de lixo, quer dizer atravessa o balde.

Continua...

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