Capítulo 4- Ataque

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Mina havia passado a noite inteira tentando entender o que ela havia dito de tão errado para causar aquela reação em Chaeyoung. Parecia que a coreana havia imposto uma distância colossal entre as duas. Distância que causava choque de idiomas entre ambas. Era como se cada uma agisse de uma maneira incomunicável a outra. Ou, talvez, Mina fosse uma porta quando se tratava de habilidades sociais.

Será que ela não deveria estar grata pela ajuda da garota? Chaeyoung havia salvado-a, mas não havia como determinar a percepção dela sobre o ocorrido. Chaeyoung poderia ter compreendido a cena diferentemente de Mina, ou ao menos é o que aparentava pensar.

Será que ela havia insultado Chaeyoung?

Ou será que, pior ainda, Chaeyoung só era uma babaca mal humorada que adorava irritar todo mundo e pouco se importava com as regalias sociais, como pedir desculpas ou falar obrigado?

Não haveria como saber, e isso quebrava Mina, porque ela vivia na certeza o tempo todo. Nada era tão certo e invariável com a vida de Myoui Mina, então é possível compreender o quanto a garota havia perdido a cabeça ao encontrar um grande quebra-cabeças chamado Son Chaeyoung, onde nada poderia ser montado, encaixado. Suas peças espalhavam-se de maneira avulsa sobre um piso irregular, todas apresentando defeitos de fábrica que impossibilitavam qualquer evolução de partida. Mina não conseguia lidar com a possibilidade da incerteza porque sabia veementemente as consequências dela.

Mina sabia que provavelmente ela não deveria se meter ou pensar tanto nisso, e que talvez Chaeyoung ficasse melhor desmontada, mas ela não conseguia evitar. Ela sentia um medo irracional, ao ponto de causar tremores em sua espinha, de desordem, como se, não fosse seu pai, a própria vida a acertaria com cintadas em seu traseiro por permitir isso existir debaixo do seu nariz.

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Pela primeira vez em muitos anos Mina estava "atrasada", isto é, havia chegado perto do horário de início da aula.

Todas as suas amigas já encontravam-se no banco que praticamente lhes pertencia. Nayeon estava brigando mais uma vez com Tzuyu, como uma dupla de gato e rato, enquanto Jeongyeon observava tudo, deitada com sua cabeça sobre o colo de Nayeon, rindo baixo. Apesar de não ser a mais velha, Jeongyeon cuidava das garotas do grupo como se fossem suas filhas. Ela demonstrava seu amor sem palavras ou toques, mas com o ato de zelar pela vida e bem-estar de suas amigas e quase-namorada, Nayeon.

"Bom dia." Mina cumprimentou desanimada. Sua mão fez menção de acenar, mas tombou antes que pudesse realizar o movimento.

Todas as garotas pararam o que estavam fazendo, exibindo semblantes de preocupação. Jeongyeon sentou-se, cruzando os braços e esticando o pescoço como se adquirisse anos de maturidade e confiabilidade por sua postura impecável.

"Minaya, o que aconteceu com você? Você está péssima." Tzuyu perguntou, franzindo a testa.

Mina suspirou fundo. Seus lábios involuntariamente formavam um bico sempre que se chateava. O maldito bico sempre entregava a adolescente, um dia ela costuraria seus lábios.

"Eu não consegui dormir muito bem." Respondeu, coçando os olhos para reproduzir uma expressão de cansaço.

As garotas abriram espaço no banco para a japonesa sentar, sabendo que havia algo a ser dito.

"Eu sei que não é momento mas... Tzuyu você sempre está péssima." Nayeon provocou, tentando aliviar o clima até que Mina se sentisse confortável para falar.

Mina encarava as pernas que balançavam sobre o chão. Mordeu o lábio assim que conseguiu ouvir o tapa de Tzuyu em Nayeon, provavelmente o país todo pôde ouvir o estalo. Nayeon engasgou na saliva, mais assustada pelo barulho do que pela dor em si. Ela abriu a boca em choque, apoiando a mão sobre as costas de maneira dramática.

HOPE NOT - MICHAENGOnde histórias criam vida. Descubra agora