Mina atravessou os portões principais do colégio sorridente demais para mal ter amanhecido, como se ela fosse o próprio sol e não precisasse de astro algum para iluminar seu dia. A garota havia acordado sem a necessidade de alarme com uma enorme vontade de estar de pé em direção à escola. O céu, como uma ironia do universo, encontrava-se cinza, ausente de qualquer cor. Entretanto, a japonesa viera toda a sua caminhada admirando-o como uma enorme obra de arte, ora suspirando ora sorrindo fraco ao fitar o horizonte.Mina cruzou o pátio da escola em passos rápidos. Ela segurava a alça de sua mochila e fitava os pés, com um riso escondido sob seu rosto. Entretanto, assim que reconheceu a mudança no padrão de ladrilhos no chão, ergueu a cabeça com os lábios enfileirando-se em uma linha neutra. Rapidamente, a japonesa avistou seu grupo de amigas. Nayeon encontrava-se em pé com as mãos dentro do bolso do casaco, provavelmente contendo um maço de cigarros e isqueiro, de frente para o banco onde costumavam sentar. Sobre o banco, Jeongyeon sentava-se de pernas cruzadas rindo fraco de algo que escutava, com sua cabeça encostada levemente contra a barriga da mais velha do grupo. Tzuyu, por sua vez, tinha uma perna cruzada sobre a outra e tronco jogado para trás, apoiada nos cotovelos e palma da mão. Tinha uma postura despojada, como alguém que claramente estava zombando de Nayeon segundos antes. A japonesa aproximou-se da cena, ouvindo risadas, intensificando ainda mais o sistema solar dentro de seu peito.
"Minaya! Bom dia!" Nayeon tomou um susto ao virar-se para a direita e notar a presença da garota. Jeongyeon levantou o rosto do corpo de Nayeon, já prevendo sua agitação ao ver sua caloura preferida. A mais velha abriu os braços e jogou-se sobre Mina, manhosa.
A coreana apertou-a com certo cuidado, afinal, via a japonesa como uma escultura rara e frágil. Nayeon possuía uma certa admiração por Mina um tanto inexplicável. A coreana mais velha sabia da história de Mina, de suas questões familiares. Entretanto, também sabia o quanto Mina era uma pessoa boa, inteligente e extraordinária apesar de tudo isso. E ainda era uma desgraçada linda. Enfim, Nayeon enxergava Mina como uma heroína que, apesar de enfrentar vilões e atrocidades, mantinha-se acima disso tudo e vitoriosa.
"Bom dia!" Mina concordou baixinho, batendo a cabeça com os olhos fechados e sorriso nos lábios, fazendo a dobra sobre seu nariz dar um segundo riso. A japonesa abriu os braços, envolvendo a cintura da mais velha e apoiando seu queixo sobre seu ombro. Nayeon cheirava a cigarros baratos e lavanda, quase como uma mistura sensorial de suas versões.
Quando a comoção de Nayeon cessou e a dupla se afastou, Jeongyeon levantou-se também, oferecendo um meio abraço em Mina. A coreana colocou só um braço ao redor de seu ombro, aproximando seus rostos.
"Por onde você estava ontem na saída?" Jeongyeon questionou, erguendo as sobrancelhas em dúvida e preocupação. "Eu não te vi, te esperei sair do ginásio mas desisti depois de uns dez minutos."
Nayeon virou-se para a japonesa, também curiosa com a resposta, franzindo a testa e unindo as sobrancelhas. Mina fitou ambas, sentindo seu estômago revirar. Ela recordou-se da fuga com Chaeyoung para o parque. Seu coração se acelerou. Deveria ela revelar seu pequeno segredo? Não, era cedo demais. Ela queria que aquela escapada fosse como uma pequena jóia escondida pelas duas adolescentes. Pelo menos naquele momento.
"O professor me liberou antes, era aquecimento, você sabe, pelo ballet não preciso." Mina argumentou, sentindo um fio de suor escorrer por sua espinha. Por favor, que ela não estivesse claramente desconfortável por fora.
O coração da mais nova batia forte em seu peito enquanto ela proferia as palavras, tentando manter contato visual com as garotas. Ela tentava controlar seus músculos faciais para que não lhe entregassem. Ela não mentia. Nunca. Muito menos para as garotas.
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HOPE NOT - MICHAENG
Storie d'amoreA física sempre fora impecável ao explicar os fenômenos da natureza. Exceto, claro, a força de atração, onde forças opostas se atraem, enquanto forças iguais se repelem. A sociedade de Jeonju desafiava a física estritamente- ninguém se misturava. Pe...