Capítulo 15

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Já era tarde, aproximadamente entre nove e meia e dez horas da noite. O Fiat Cronos prateado de Diego estava estacionado a uma distância considerável da casa da mãe de Lucas, garantindo que não fosse visível na escuridão. Acompanhado por seu parceiro, Jonathan, Diego ficou no meio da rua, perto de um grande curral onde havia vacas adormecidas.

Apesar de estar ciente da falta de proficiência nas habilidades investigativas do assassino de Vitória, ele não estava disposto a se expor a quaisquer perigos desnecessários. Diego evitou seguir Lucas, pois o trânsito escasso na estrada deixaria claro para o alvo que ele estaria sendo seguido. Então simplesmente pesquisou o endereço da mãe do seu ex-melhor amigo e colega de trabalho quando puxou o nome completo dela da ficha dele. Em seguida partiu no fim da tarde, para que pudesse chegar mais ou menos naquele horário.

Ele e seu parceiro também não estava uniformizados, para que caso fossem pegos, pudessem alegar que estava ali por conta própria. Mas Diego bem que se arrependeu de ter trazido seu colega Jonathan, mas teve medo de que Cristina voltasse atrás na decisão subtendida. Seu parceiro reclamava, reclamava e reclamava. E a todo momento Diego revirava os olhos ou agarrava seu binóculo e mirava para o casarão de Marcia.

Fora da cidade e dos altos prédios, mesmo dentro do carro, sentiam frio. Tanto que Jonathan insistira em fechar todas as janelas do carro para que o vento não fizesse com que pegassem algum resfriado.

— Isso foi uma péssima ideia — voltou a falar Jonathan.

— Hurrum — respondeu Diego com pouco interesse, olhando com seu binóculo para a casa de Lucas.

— Cara, tipo assim, minha mulher vai reclamar se eu voltar para casa muito depois do meu turno. — Jonathan aproximou-se de Diego ao ver que ele nem o olhava, na intenção de falar perto dos seus ouvidos. — Ficaremos um pouco depois da metade do nosso turno, e ainda sim uma viagem de volta demorará no mínimo quatro horas. E faremos isso todo dia!

Diego deixou seu aparelho de lado e encarou Jonathan.

— O que é que tanto te preocupa? — indagou Diego, cansado de toda aquela ladainha. — Se ela te mandar mensagem perguntando ou suspeitando de algo, fale a verdade, que está investigando um alvo comigo, e se ela persistir, manda uma foto ou faça uma chamada em vídeo e me mostre ao seu lado nesse ambiente.

— Eu não...

— Ela vai descartar a ideia de que você anda indo ao puteiro rapidinho.

— Não é por isso que estou nervoso! — reclamou Jonathan, erguendo o dedo em direção a face de Diego, mas bem distante. — Só não quero que ela fique preocupada comigo.

Diego evitou de revirar os olhos para não passar uma imagem babaca ao amigo. Olhou-o de relance, ele estava suando no frio, gotículas de suor estavam visíveis na sua testa e Jonathan não parava de batucar seus dedos nas próprias coxas. Além disso, sabia que o homem estava com medo de sofrer consequências graves daquela pequena missão, algo que poderia custar o emprego de ambos, principalmente por estarem investigando um outro policial da mesma delegacia sem permissão do chefe geral.

— Se quiser comer podemos voltar para o posto de gasolina lá atrás, se quiser mijar ou cagar use o mato aqui do nosso lado. — Diego voltou a olhar com o binóculo para enorme propriedade. — Ficaremos aqui até as duas, mais ou menos.

Diego viu que Lucas saiu com sua mãe pela porta de trás, ambos conversando com sorrisos nos rostos. Eles pararam em frente aos porcos, em seguida a mulher tirou algo do grande saco preto que estava numa das mãos e jogou para os animais, que começaram uma movimentação turbulenta em busca do que caiu na terra lamacenta.

Até o momento não viu nada suspeito, somente uma mãe com o filho assassino alimentando os porcos. Porcos que literalmente comiam qualquer coisa, pensou Diego. Por um momento imaginou que os dois poderiam ser uma espécie de parceiros nos crimes, onde um dos dois matava e levava o corpo para lá, faziam o que queriam, e depois para despistar os rastros, davam a carne da vítima aos animais.

O Sétimo Filho ( Romance Gay - Lobisomem)Onde histórias criam vida. Descubra agora