Capítulo 21

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Os buracos de balas no corpo de Lucas começaram a queimar, e de repente, os projeteis foram expulsos para que os ferimentos pudessem cicatrizar. Ele abriu os olhos como se nada tivesse acontecido, mas não falo nada ou parecia conseguir pensar em algo. Prestes a erguer-se do chão, Lucas urrou de dor, apoiando-se no chão com os braços.

Era da ação humana negar a todo custo que algo estava acontecendo mesmo que a situação se desenvolvesse diante dos seus olhos. Mesmo que Graziele, Marcia e Álvaro tivessem uma ideia do que iria acontecer, Jonathan e Diego estavam paralisados. Em teoria, ambos nunca tinham visto nada daquele tipo, não foram treinados para se deparar com aquilo, daí vinha o medo, do desconhecido.

Lucas experimentou um calor intenso dentro de seu corpo, como se estivesse envolto em chamas. Suas roupas apresentavam rasgos visíveis devido ao crescimento repentino de seus músculos, que se tornaram anormalmente volumosos. Seus dedos se alongaram e se afinaram, com garras surgindo no lugar das unhas. Seus tornozelos se curvaram e aumentaram de tamanho, e seus pés se expandiram até que garras brotassem de seus dedos.

À medida que suas presas se alongavam, ele sentiu a carne macia de suas gengivas sendo rasgada. Os pelos em seu rosto causavam uma intensa sensação de queimação e ele podia sentir todo o seu rosto se transformando. Seu nariz se contorceu, parecendo um focinho, e ele permaneceu dobrado em agonia. Finalmente, com a cabeça erguida, soltou um uivo que ecoou pelo céu noturno.

— M-m-mas que porra é essa? — indagou Diego, apontando a arma na direção do lobisomem que erguia-se como se tivesse acabado de nascer. — VAI SE FODER!

Ele descarregou o resto das balas na direção da enorme fera peluda, as balas dessa vez, não tiveram quase que nenhum efeito, foram capazes apenas de um causar um pequeno incômodo. Diego recarregou o pente, mas não foi burro o suficiente para atirar novamente.

A irritação que a criatura sentiu só serviu para deixa-la com mais raiva, seu olhar bravo focou-se nos humanos na sua frente. No primeiro rosnado, fez com que Jonathan saísse correndo por onde entrou. Baba saia da sua boca, os rosnados não paravam, seus braços estavam entreabertos e ele dava um passo de cada vez. A fera colocou suas orelhas para trás quando viu o objeto que causou-lhe dor sendo novamente apontada em direção ao seu rosto.

O Homem-Lobo posicionou suas pernas para pegar impulso, em seguida lançou-se na direção de Diego, caído por cima dele.

— Rápido, vá pegar a arma! — gritou Marcia para Álvaro.

A fera distraiu-se ligeiramente com a correria de Álvaro para fora do celeiro, contudo, seus ouvidos captaram uma movimentação repentina. Desviou sua face a tempo, a bala que foi disparada passou raspando pela pelagem da testa. Voltando seus olhos animalescos para Diego, ergueu o braço esquerdo, abrindo as mãos e revelando as garras que rasgariam a carne do antigo melhor amigo.

— Lucas, não! — gritou Graziele.

O lobisomem sentiu um aperto no seu braço, imediatamente o moveu para o lado, lançando sua irmã em cima do feno. Com um rosnado baixo, ele ergueu-se, ainda olhando para Graziele, que se levantava, zonza.

— Afaste-se dela, fera!

Quando ele se virou para localizar a origem da voz, ele foi recebido com um ataque repentino. Márcia levantou a bengala e deu-lhe um golpe forte na lateral da testa. O impacto foi tão grande que a madeira da bengala quebrou instantaneamente e o lobisomem saiu cambaleando do celeiro, atordoado e desorientado.

Ao voltar a si, ele viu que as portas do celeiro se fechavam. Correu na sua maior velocidade, o que não garantiu que voltasse para o lado de dentro, pois as duas mulheres, junto de Diego, conseguiram se trancar do lado de dentro. Deu alguns golpes usando de suas garras, conseguindo arrancar lascas enormes de madeira, contudo, não obteve sucesso em entrar.

O Sétimo Filho ( Romance Gay - Lobisomem)Onde histórias criam vida. Descubra agora