Lucas estava com ambas as mãos na cabeça, agarrando, puxando seus fios de cabelo. Não conseguia parar de sentir o sentimento poderoso de angústia, torturando-o por dentro, perfurando sua alma de mil maneiras diferentes. Havia conseguido mais respostas do que desejava, deixando com que seu cérebro ficasse à beira de um colapso.
Ele colocou as mãos em cima do balcão de cortar carnes, de costas para os outros. Seus músculos estavam tensos e seu corpo quente, mais do que o normal suportado por um humano normal. Sentia um impulso anormal de gritar até liberar toda a sua raiva, mas temeu que acabasse descobrindo alguma nova habilidade e machucasse aqueles ao seu redor.
— Vai ficar tudo bem... — Álvaro sussurrou, perto dele.
Lucas sentiu uma mão pousando na extremidade das suas costas de forma suave, fazendo-o fechar os olhos, deixando-o um pouco mais calmo. Os toques de Álvaro e o som da sua voz eram como uma espécie de conforto no meio de tanta turbulência desagradável.
— Sinto que esse...monstro... dentro de mim é irredutível e primitivo — sussurrou para que as outras duas não ouvissem. — Só tem um jeito disso ter um fim...
— Não — Álvaro arregalou os olhos —, essa conversa de novo não.
O policial viu que sua mãe encarava Álvaro atentamente, com mordaz interesse. Depois da imensa história que a mulher acabara contando, não sabia se queria descobrir qual era seu interesse no homem.
— A lua cheia está perto e...
— Já disse para esquecer. Tem de ter outro jeito. Sei que iremos achar.
Marcia aproximou-se dos dois homens, batendo sua bengala no chão para que se fizesse ser ouvida.
— Tenho guardada as correntes que usava em Sebastião. Elas deverão servir nesse caso.
Pesando por um momento na ideia, Lucas percebeu que não havia outra forma de manter ele ou os outros seguros se não estivesse preso na noite de lua cheia. Não se tratava mais de fé, não se tratava mais em acreditar que não tinha feito nada, que não tinha matado ninguém. Continuar achando que era inocente seria pura arrogância, tinha de manter todos seguros.
— Talvez — intrometeu-se Graziela, no silêncio repentino —, se Lucas se entregar a polícia, poderemos explicar a situação e.... e....
— Já pensei nisso — Lucas a respondeu. — De qualquer forma não acreditarão na parte do lobisomem, só que matei Vitoria. Me prenderão numa cela, e na lua cheia... será desastroso.
— Ele tem razão — falou Marcia, ela ergueu sua bengala e apontou para Álvaro. — Você deve colocar as algemas quando chegar a hora. Consegue acalmá-lo, uma habilidade bem-vinda. — Ela aproximou-se do advogado. — E lhe darei o revolver, ele ainda possui duas balas, caso precise.
— O-o-o que? Sinto muito, mas você está louca? — Álvaro nunca havia pegado um revolver na vida. — E por qual motivo a senhora não pega a arma, ou Graziela.
— Não terei coragem de matar meu próprio filho, disso tenho certeza — respondeu Marcia. — Detê-lo, atrasá-lo, sim. Matá-lo, não. — Ela olhou para a própria filha. — Terá coragem de fazer o necessário se chegar a hora?
Graziela a olhou boquiaberta, não tivera mais nenhuma reação a não ser encará-la, chocada.
— Sua expressão já é resposta o suficiente. — Marcia voltou a olhar para Álvaro. — Escute, filho. Sou mãe, mas não sou burra. Sei do que essas feras são capazes de fazer quando estão fora de controle. Não quero, jamais desejaria que meu filho voltasse a virar aquele monstro. Mas irá acontecer, cedo ou tarde. E cedo ou tarde as algemas não o segurarão, muitos imprevistos podem acontecer. A nossa única garantia são as balas de prata!
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O Sétimo Filho ( Romance Gay - Lobisomem)
Loup-garouLucas tem uma vida perfeita no mundo contemporâneo, com uma carreira gratificante como policial civil, um relacionamento amoroso e um lar confortável. Sempre foi um bom homem, bom filho, um amante voraz e apaixonado ao longo da vida. No entanto, su...