𝐌𝐚𝐲𝐚 𝐇𝐚𝐫𝐭. Uma garota calma, meiga, gentil, educada e amada por todos. Mas nem tudo é perfeito, não é? Maya tem um passado trágico, um passado pelo qual ela quer esquecer, mas isso é impossível quando se tem uma garota curiosa e enxerida em...
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⌎ TERÇA, 20:00 - Maya Hart ! ⌏ ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬
— O que está fazendo aqui sozinha? — A voz suave de Dina atrás de mim me acalma. Me viro para olhar para seu rosto que tinha uma expressão preocupada.
— Vim conhecer a escola que vou frequentar. — Dina parece se surpreender com minhas palavras.
— Tá de brincadeira — Ela revira os olhos.
— Aconteceu alguma coisa, Dina? — Pergunto preocupada com sua mudança de humor.
— Maria tinha me contado que tinha conseguido vaga para você aqui no turno da manhã, mas eu estudo no turno da tarde — Dina diz claramente irritada.
— Não se preocupe, a gente vai ser várias vezes na semana, ok? — Coloco uma mão no ombro dela.
— Tá. Mas mudando de assunto, você veio aqui sozinha? — Dina sempre que fala da Ellie, é sempre algo ruim. Se eu falasse que Ellie me trouxe aqui e depois foi embora do nada, Dina mataria a Ellie.
— Eu estava passeando e lembrei que Ellie tinha dito que era aqui que eu iria estudar. — Minto.
— Você estava passeando às oito da noite? — Dina pergunta desconfiada.
— Eu adoro passear a noite, me traz uma sensação boa. — Minto novamente. Eu odeio noite, me dá arrepios só de lembrar de tudo aquilo.
— Te entendo, eu estava indo ver minha égua. Tommy me contou que ela havia se machucado em alguns arames, quer ir comigo até os estábulos? Se você quiser, depois eu te levo de volta. — Não era uma proposta ruim, eu iria ficar entediada se eu ficasse sozinha naquele quarto, então, eu aceito.
— Claro, por que não? — Dou um sorriso e logo Dina retribui o sorriso. Ela pega minha mão e andamos juntas até o estábulo. Realmente, a égua da Dina estava com alguns arranhões, não grande coisa. Dina cuida dela e logo me leva de volta.
— Até amanhã, Maya. — Dina acena parada no portão da casa onde eu estava morando.
— Até, Dina. — Dou um sorriso e logo fecho a porta atrás de mim. Subo para meu quarto fechando a porta logo em seguida. Essa casa onde estou morando não é grande, tem dois andares mas não é luxuosa. É bonita e até organizada demais por ser da Ellie. Diferente do seu quarto que era totalmente desorganizado. Depois de Dina ter me levado para ver a cidade, eu percebi que muitas pessoas moravam junto com pessoas que não conheciam, isso fez eu me sentir mais confortável.
Tomo outro banho já que havia soado ao caminhar pela cidade. Organizo minha cama para dormir. Sarah está aqui, Maya. Merda, havia me esquecido complemente disso. Será que era a mesma Sarah? Dina havia falado que ela é loira, não pode ser tanta coincidência assim. O que eu faço? Meu coração diz para que assim que eu vê-la, eu tente proteger ela de todas as maneiras possíveis. Ela não tem nada a ver com isso, eu sei que não tem.
Me sento em minha cama passando as mãos pelo meu rosto. Como eu iria proteger alguém sem saber proteger nem a mim mesma? Minha vida inteira eu fugi, ou pelo menos tentei fugir deles, mas era impossível. Era como se fosse um loop infinito, onde eu tentava sair, eles me achavam, me trancavam novamente e as torturas eram piores. Não sei porque minha vida toda protegi alguém que nem conhecia, mas sei que essa garota não tem nada a ver com o que o pai dela fez.
— Que merda! — Grito e jogo uma almofada em uma direção qualquer. Dois barulhos ao mesmo tempo ecoam em meus ouvidos. Um quadro caindo no chão e se despedaçando, e a porta se abrindo.
— Que porra você fez? — Ellie corre até o quadro e pega em suas mãos. Meu coração está acelerado, minhas mãos estão suando e o arrependimento consome todo meu corpo naquele momento.
— Eu só... — Me levanto e vou em direção a ela que está de costas para mim, de joelho no chão olhando para o quadro quebrado. Coloco uma mão em seu ombro me preparando para pedir desculpas.
— Você tem noção do que acabou de fazer?! Olha só, Maya. Eu tentei ser legal com você, ok? Tentei te engolir pelo simples fato da Maria ter falado que você não tinha muitos amigos e precisava de um "apoio", mas se você acha que vai chegar aqui de um dia para o outro, surtar e sair quebrando minhas coisas por aí, você está enganada, tá bom? A partir de hoje não quero mais ver sua cara na minha frente, pode conversar com a Maria para ver outro lugar para você morar, porque eu não quero mais ver sua cara! — Nunca imaginei que algumas palavras fossem me afetar tanto, meu coração aperta e sinto uma enorme vontade de chorar. Eu estraguei uma das chances que tinha para fazer uma amiga. Parabéns, Maya Hart!
Pego meu travesseiro e saio do quarto fechando a porta, minha primeira reação é ir dormir na sala para não precisar compartilhar o mesmo ambiente que Ellie. Me deito no sofá pensando no porquê Ellie havia ficado tão brava com um simples quadro, tipo, não é só comprar uma moldura nova? Agora que estou sozinha, permito as lágrimas intrusas escorrerem por minhas bochechas até eu adormecer.
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