POV CHARLOTTENa última hora estou tentando convencer minha mente de que poderia ser pior, mas até agora não tive sucesso.
Elijah Verdetto dirige como um louco, e por mais que eu esteja: correndo risco de vida, provavelmente sendo perseguida por uma máfia inteira e com um completo desconhecido me sequestrando; a única coisa que me presto atenção nesse momento é em como as mãos do Verdetto estão machucadas.
Não sei muito bem o que aconteceu, meu cérebro escolheu desligar na hora, mas acho que Elijah acabou socando alguns cacos de vidro enquanto batia no funcionário de Alexei.
Ele me defendeu.
Acho que nem percebeu as feridas, já deve estar acostumado com isso.Ele para o carro onde parece ser o condomínio mais chique do mundo, pelo menos para mim, mas mesmo assim, com tudo ao meu redor, o sangue nas mãos dele é o que me incomoda.
Desamarro o lenço preto que coloquei na cabeça como uma bandana, sem perguntar, pego a mão direita dele do volante, é a que está mais machucada, não olho para o homem e sinceramente nem sei porque estou fazendo isso, mas continuo o trabalho, amarro o curativo improvisado da mesma forma que aprendi quando era criança.– Obrigada por não ter deixado ele me levar. – Revelo em voz alta algo que achei impossível de pronunciar, Verdetto fica em completo silêncio, acho que também está completamente parado. – Os homens que devem à Alexei são assassinados, mas as mulheres que devem à ele... Nós temos um destino muito pior que a morte.
Evito pensar no que aconteceria se eu realmente tivesse sido levada até ele, evito pensar no que aqueles homens fariam comigo, mas é impossível, as imagens em minha imaginação vão me assustar para sempre.
...
POV ELIJAH
Quando abro a porta, Talita está bem parada em minha frente com uma taça de vinho tinto na mão, os cabelos repicados estão revoltados, como se estivessem sido bagunçados propositalmente. Ela ergue as sobrancelhas ao perceber a presença de Charlotte, depois, ri alto e falsamente.
– Não sabia que teríamos visita – Ela diz para mim, mas o olhar voraz está nela. – Podemos dividi-lá?
Franzo o cenho com a proposta, ouço a exasperação de surpresa de Chary e quase me sinto tentado a provocá-la, mas não faço.
– Por que não fica quieta na sua? – Resmungo audivelmente, ela ri. Procuro com os olhos pelo apartamento enorme, odeio as paredes cinzas e chiques e um monte de outras coisas também, fico aqui o mínimo possível, e, geralmente, só quando sou obrigado. – Onde está o Paolo?
– Quem sabe? – Talita dá de ombros, ainda analisando a garota ao meu lado. – Então é por isso que anda indo à boate com frequência.
Reviro os olhos por ter sido desmascarado. Talita observa demais, e, para todos, ela fica em silêncio a maior parte do tempo, mas, comigo, tudo o que descobre, ela faz questão de esfregar na minha cara.
– Não sei do que está falando, Talita. – Minto descaradamente.
– Não sou idiota, cara. Ela é a menina linda e gentil da boate. – Continua, encarando-a, posso jurar que vi Chary corar um pouco, reviro os olhos mais uma vez.
– Preciso que me ajude em uma coisa. – Revelo, sem interesse algum em continuar a conversa furada, ela toma um gole do vinho antes de virar o olhar para mim.
Vejo, com o canto dos olhos, Paolo entrar na sala principal vestindo apenas uma calça moletom e um sorriso descarado para Chary.– Vamos dividi-lá? – Ele pergunta.
Reviro os olhos com bastante raiva. Até agora foram três vezes.Eles precisam parar de fazer essas perguntas bizarras para a garota.
Respiro fundo e me viro para Chary.– Fique aqui enquanto resolvo o problema – Indico com o queixo o sofá da sala, ela confirma com a cabeça uma vez, desconfiada. Vou em direção ao corredor do apartamento. – Venham vocês dois. – Abro a primeira porta, a do escritório, entro e espero os meus dois primos entrarem, assim que entram, fecho a porta imediatamente, evitando que Chary escute.
– Eu meio que fodi com o acordo entre os três clãs. – Revelo de uma vez. Espero a reação dos dois, mas a única coisa que ganho, é um leve arregalar de olhos de Talita, Paolo permanece com a mesma expressão, completamente indecifrável.
– Como aconteceu? – Ele pergunta, sério, percebendo a gravidade da situação.
– Um dos caras do Alexei apareceu na boate – Começo com a mesma seriedade, Talita cerra os olhos para mim. – E eu soquei ele, foi isso.
– Por quê? – Talita pergunta, olho para minha prima por meio segundo. Ela sabe que não contei a história inteira. – Por que socou o cara e o que aquela garota tem a ver com isso?
Cruzo os braços, sem ter para onde correr.
– Ele passou a mão nela, e eu quebrei o nariz dele. – Conto com sinceridade.
Ela inspira audivelmente de maneira irritada.– Que porra, Elijah!
– Que foi, Talita? Era para ele deixar o cara abusar da menina? – Paolo intervém no mesmo segundo, está irritado, ele vira para mim. – Você fez o certo, irmão, mesmo sendo uma desconhecida.
Desvio o olhar.
– Eu conheço ela. O buraco em que ela se enfiou está bem fundo, por isso trouxe ela para casa. – Explico.
Ouço a risada de escárnio de Talita.– Apaixonou na garota, foi? – Ela pergunta com sarcasmo, mas a expressão muda quando vê minha reação.
Encaro-a com ódio nos olhos, mas fraquejo por um segundo.– Puta que pariu. Você realmente gosta dela. – Ela percebe.
Paolo solta uma exasperação surpresa.
– Ela te chupou tão bem que ficou apaixonado, não é? Vocês homens são nojentos e burros para caralho! – Ela grita com raiva, cerro os olhos, apenas esperando ela cessar as próprias emoções. – Não consegue se controlar, cara?
Respiro fundo antes de responder.
Talita está gritando e tenho certeza que Chary ouviu tudo.– Eu não toquei nela, e, principalmente, o oposto também não aconteceu. – Respondo com simplicidade, ouço o riso de escárnio.
– Mentiroso. – Dessa vez, quem julga é Paolo, com um sorriso malicioso.
– Já terminaram de me humilhar ou precisam de mais tempo? – Ironizo sem humor.
Talita massageia as têmporas, aparentemente pensando em alguma solução.
– Você violou uma regra bem grande do contrato, fratello... – Paolo começa com seriedade, escuto com atenção. – Mas eles também. Nenhum do outro clã pode entrar no nosso território sem permissão.
– O que sugere que eu faça? – Questiono, sem paciência.
– Se você arriscou a família inteira por essa garota, vai ter que investir até o final – Ergo as sobrancelhas para Talita, ela continua sem se abalar. – O que sugiro é que torne essa garota seu chaveirinho pessoal. Seu pai já deve estar sabendo o que o filho perfeito dele fez, se pelo menos conseguir convencê-lo que fez por... – Ela faz uma careta. – Amor... Talvez consiga resolver as coisas.
– Quer que eu finja que eu e ela estamos apaixonados? – Preciso dizer em voz alta para fazer sentido, ela confirma com a cabeça.
– Se quiser mantê-la viva... Caso contrário, temos uma forma bem mais fácil de resolver.
Reviro os olhos para a visível implicância de Talita com a garota, ou comigo, não sei dizer.
Saio do escritório sem dizer uma palavra, eles ajudaram bastante, mas terei que resolver a situação toda sozinho..
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Intocável - Dark Romance
RomanceENEMIES TO LOVERS + MAFIA + LUTAS CLANDESTINAS Tudo muda para Charlotte quando ela descobre que seu melhor amigo está envolvido em lutas clandestinas, e seu maior rival é o melhor lutador da cidade, Elijah Verdetto. Ele é o filho do chefe da máfi...