Capítulo 22

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POV ELIJAH

A festa de noivado do meu pai é exatamente como eu esperava, cara e inútil, em todos os sentidos.
Sarah, a noiva dele, também é cara e inútil, aliás.
Além de que a mulher tem minha idade e é repugnante.

Por outro lado, algo está elevando meu humor: a porra do vestido da Chary, o tecido azul escuro molda o corpo dela perfeitamente, a parte de cima é colada em seus seios e demarca muito a cintura, a saia desce em uma fenda gigantesca que mostra as pernas dela além do necessário.
Estou me segurando para não levá-la para algum canto.

Talita também está ao meu lado, usando um terno de cetim feminino cinza claro, ela consegue estar mais emburrada que eu.
Viro o olhar para a multidão, vejo muitas das amigas de Sarah ao redor dela como tubarões preparando o ataque, mas o que me chama atenção é o homem encostado em uma das paredes do canto, conversando tranquilamente com meu pai.

– Convidaram um Viola para a festa? – Pergunto para Talita, entredentes. Ela fixa o olhar no mesmo local que eu, e com o canto dos olhos, vejo-a franzir o cenho.
É o mesmo homem da outra festa, aquele que não parou de encarar Chary por um segundo.
Porra.
Meu pai não sabe o que faz.

– Vou falar com a Sarah – Ela diz, ignorando minha pergunta, mas pela sua expressão, vai tentar descobrir o que está acontecendo. – Tenho que cumprimentar a piranha antes que venha morder minha cara.

Ouço a risada baixinha de Chary, viro a cabeça para olhá-la.

– Que foi, porra? – Pergunta com um sorriso, no mesmo momento, um garçom passa com uma bandeja de champanhe e oferece para mim, e depois para Chary, ela pega uma taça e vira tudo de uma vez, e antes do homem ir embora, pega outra.

– Boa noite, Elijah. – Ouço a voz de trás de mim e me esforço para não pegar Chary e sair daqui o mais rápido possível, viro a cabeça para meu pai, seu novo amigo Viola está ao seu lado, encarando Chary.

– Parabéns pelo noivado, pai. – Digo sem emoção, ele confirma com a cabeça. Passo um braço ao redor da cintura de Chary e a puxo para perto de mim.
Meu pai olha para a mulher ao meu lado por apenas um segundo, e sua expressão se contorce em desgosto, ignoro para não gerar problemas.

– Creio que não conheça a noiva do meu filho, Peterson. – Meu pai indica com o queixo para ela, Chary cerra os olhos para o Viola.

– Prazer conhecê-la, senhorita. – Diz como uma mentira afiada, puxo-a para mais perto.

– Se me der licença, preciso falar com minha mulher a sós. – Falo para os dois homens em minha frente e levo Chary comigo, caminho até onde acho ser o corredor para o banheiro, com o canto do olho, vejo o olhar mortal de Sarah em nós, obviamente está revoltada porque não a cumprimentei.

Por outro lado, me surpreendo em como Chary está cedendo ao ser puxada por mim, quase nem parece a mesma garota que gritou comigo nas lutas exatamente por isso.
Também não pareceu ela quando cuidou do meu ferimento.
Existem muitas faces dela que ainda não conheço.
Apoio-me em uma das paredes do corredor pouco movimentado, que agora vejo que é um entrada para a cozinha, Chary parece mais tensa que o comum, mas ainda está incrível nesse vestido.

– Já que estamos aqui, vamos conversar. – Proponho, ela cruza os braços, percebo que pelo frio, estamos debaixo de uma saída de ar.
Resisto a vontade de tirar meu paletó e entregar para ela, vesti-la com minhas roupas mostra que ela pertence a mim.

– Não tenho nada para conversar. – Diz, enquanto olha para os lados do corredor.

– Tenho uma proposta. – Começo bem baixo, apenas para ela ouvir. – Um acordo.

– Não vou transar com você. – A resposta vem imediatamente.

– Que porra, Charlotte! Por que você sempre acha que é isso? – Subo a voz um pouco mais do seguro, ela ergue uma sobrancelha para mim, como se a resposta fosse óbvia.

– Vindo de você, sempre acho que tem a haver com sexo. – Responde, ainda de braços cruzados.

– Que pervertida.

– Falou o homem que bateu uma para mim. – Ela resmunga, de mau humor. É a minha vez de erguer as sobrancelhas.

– Eu não bati uma para você. – Respondo entredentes, obviamente uma mentira.

Então foram quantas? – A voz dela sai com malícia, não consigo esconder o sorriso de derrota.
Ok, ela ganhou essa.

– Quero que você aceite a proposta do Raffaelo. – Volto para o assunto principal.

– Ficou maluco? – Ela pisca, atordoada. – Ele quer que eu traia você.

– Quero que você seja uma agente dupla. – Sou interrompido antes de continuar o raciocínio.

Que porra? Estamos em um filme de ação dos anos oitenta? – Ironiza.

Perco a paciência, agarro os ombros dela e nos troco de posição com um giro, jogo-a na parede com força, pressiono meu corpo no dela para que ela não se mexa, suas mãos estão jogadas ao lado do corpo, e seu olhar é completamente furioso.

– Me escuta, caralho. – Rosno, irritado demais para entrar em qualquer joguinho.
Sinto a fisgada no ferimento enquanto exijo um pouco mais de habilidade, mas nada que eu não possa suportar.

– Já mandei não fazer mais isso. – Ela grita comigo, se referindo a forma que a agarrei. – Odeio que me agarre, seu babaca arrogante.

Aproximo meu rosto do dela para cochichar em seu ouvido:

– Odeia tanto que nem faz nada para se soltar, não é? – Minha voz sai maliciosa, ela me encara com ódio, e principalmente, adrenalina.
Mas tudo em minha apaga quando ouço a voz fina e irritante me chamar:

– Elijah? – Viro a cabeça e vejo a maldita da Sarah com seu vestido amarelo chique demais e brilhante. Ela passa o olhar de mim para Chary várias vezes, me afasto de Chary e arrumo a postura.

– Parabéns pelo noivado, Sarah. – Digo, a contragosto. Ela confirma com a cabeça e sorri, sem emoção alguma. Ainda está de olho em minha noiva falsa, como se Chary fosse uma águia prestes a atacar, e talvez ela realmente seja.

– Você também está noivo. – Não é uma pergunta, é uma afirmação. – Não vai me apresentar sua mulher, Elijah?

– Meu nome é Charlotte. – Ela diz calmamente, sem me olhar. – Parabéns pelo casamento.

– Há quanto tempo estão juntos? – Sarah volta o olhar para mim, ignorando completamente a Chary.
Suspiro audivelmente.

– Seu noivo não está te procurando? – Digo, pedindo explicitamente para que ela vá embora.
Ela muda o olhar para Chary.

– Quer tomar um drink comigo, querida? – Pergunta com uma gentileza fingida, e é óbvio que Chary aceita para se livrar de mim.
Porra.

...

Nota da autora:

Só observando vocês shippando o casal errado... 👀
Lembrem-se que é um Dark Romance, muitas vezes vão acontecer coisas românticas que não são românticas para todos que estão lendo, por isso, se você não tem familiaridade com Dark Romance, vai estranhar.
Sinto a necessidade de explicar novamente para que alguns entendam que Dark Romances são compostos muitas vezes por homens brutos e românticos ao mesmo tempo.
Beijo da autora pra vocês!

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