Intocável - Dark Romance

Capítulo 27

POV CHARLOTTE

Elijah fecha a porta atrás de si, ele fica particularmente bonito quando está sério, o que é uma porra.
Ele se aproxima de mim, e nem de longe disfarça tão bem quanto Talita quando acha minha tatuagem na coxa, ele encara o desenho até que eu cubra com a barra da camiseta.
Cerro os olhos para ele, percebo um pequeno filete de sangue em seu pescoço, um ferimento que não estava aí ontem.
Não seguro o sorriso de vitória.
Eu acertei ele, afinal.

– Por que tatuou um corvo na coxa? – Ele finalmente pergunta, fico em silêncio durante muito tempo, considerando se devo revelar.
Dou de ombros, simplesmente.

– Para me lembrar que não vão me manter presa em uma gaiola nem se cortarem minhas asas. – Digo sinceramente, sem um pingo de humor.

Ele se aproxima e senta na cama, ao meu lado, mas distante o suficiente.

– Corvos são difíceis de domesticar, mas não é impossível. – Rebate. A raiva renasce em meu peito, encaro-o por tanto tempo que sinto meus olhos doerem.

– E você, Elijah? Vai tentar me domesticar? – Minha língua sai afiada. A pergunta foi sincera, e não há nada de humor ou brincadeira nela.

Elijah ergue o queixo para mim, depois, desenrola um sorrisinho malicioso.

– Não. Eu gosto quando me bica, Chary. – Ele também é sincero, percebo pelo brilho em seu olhar. – Me faz lembrar que é perigosa.

Cerro os olhos mais uma vez, cogitando dar um tapa em seu rosto incrivelmente atraente.
Ele suspira fundo antes de mudar de assunto, espero, sem nenhuma vontade de iniciar a conversa.

– Antes da festa, mandei Talita espalhar por aí sobre o noivado do meu pai, e que eu estaria lá – Está finalmente sério, continuo esperando. – Sabia que Luke iria aparecer para se vingar, mas achei que ele viria atrás de mim.

Até que faz sentido, mas, mesmo assim, levei uma facada.

– Sinto muito, Chary. – Diz, baixo o suficiente para que eu consiga perceber a culpa em sua voz.

Permaneço em silêncio, então ele fala.

– Preciso que aceite a oferta do Raffaello.

Franzo o cenho e ergo o olhar para ele.

– Você só pode estar maluco. – Digo, simplesmente.

– Se você aceitar, teremos alguém que ele confia – Elijah diz cada palavra com tanta firmeza que acredito por um segundo. – Podemos montar algumas informações falsas para que você entregue à ele.

– E quando Raffaello descobrir que são informações falsas? – Pergunto, ele sorri novamente.

Acho que posso me acostumar a vê-lo sorrindo.
Achei que ele ficava atraente sério, mas a verdade é que acho-o atraente a todo momento.

– E se dermos informações irrelevantes, mas verdadeiras? – Diz como se estivesse arquitetando todo um plano.

Pode dar certo.

– Quer me usar como cavalo de Tróia? – Pergunto sem acreditar, ele dá de ombros.

– Confio em sua capacidade de manipulação.

Vejo-o erguer a mão até meu rosto e levar uma mecha de cabelo em meus olhos para atrás da minha orelha, seguro o pulso dele, forçando-o a parar no meio do gesto, seus olhos brilham mais, e tenho a leve impressão que está prestes a me devorar.

– Não se esqueça que ainda estou brava com você. – Imponho com raiva, ele ainda faz contato visual.
Em vez de afastar a mão, ele desce os dedos até meu pescoço, e eu, inutilmente, deixo-o fazer o que quer, porque sou fraca para resistir ao seu toque.
Merda.

Ele passa os dedos na marca quase invisível na lateral do meu pescoço, o chupão que ele deixou em mim está saindo.
Não preciso perguntar para saber o que ele está pensando, Elijah quer fazer novamente, dessa vez, mais forte.
E sei que eu deixaria sem nem hesitar, por isso, levanto da cama em um pulo, esquecendo completamente dos pontos em minha barriga, ouço uma risadinha da parte dele.
Que porra.

Ele sabe. Por que ele sempre percebe?

Vejo com o canto dos olhos, como se não me importasse, ele retirar meu celular do bolso da calça de moletom e me oferecer, cruzo os braços para disfarçar a vermelhidão em meu rosto.

– Que gentileza devolver o meu celular. – Ironizo sem humor, ele ergue uma sobrancelha para mim.

– Você não quer? – Pergunta, arranco da mão dele antes que o próprio mude de ideia.

...