Capítulo 11

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POV Camila

Nunca fui a um bar sozinha.

E não posso dizer que imaginava que minha primeira incursão solitária na bebedeira seria em um barzinho qualquer nas imediações de Bar Harbor. Contudo, hoje me obrigo a sair.

Temo que a reclusão de Lauren possa ser contagiosa. Se eu não interagir um pouco com outras pessoas, vou me tornar tão hostil quanto ela, uma fera infeliz que não é repreendida por seu péssimo comportamento.

Na verdade, isso é apenas uma parte do motivo pelo qual saí de casa hoje. Para ser honesta, achei que ela talvez viesse comigo.

Não que eu tenha convidado. Não convidei de propósito, porque fui tola de achar que Lauren não ia querer ficar totalmente sozinha, o que a motivaria a sair de casa por vontade própria.

Meu plano era dar a impressão de que eu queria que ela ficasse em casa. Cozinhei o que o Google alegou ser "o melhor chili do mundo", a evitei o dia todo (na verdade, foi ela quem me evitou, mas tanto faz) e me vesti com todo o cuidado para ficar sexy sem parecer que me esforcei muito pra isso. Uma garota pode ir à cidade para se divertir sozinha, e, se por acaso conhecer uma pessoa bonitinha por lá, ué, por que não, né?

Só que Lauren não caiu na minha armadilha. Imagino que o fato de ela ter saído da sua toca em busca de comida pode ser considerado um progresso, mas a verdade é que estou decepcionada. Não é certo uma mulher de vinte e poucos ficar trancada em casa por anos. Quanto tempo até que todo o isolamento a transforme em uma daquelas eremitas que não conseguem mais se adaptar à sociedade?

Estacionei em frente ao Frenchy's. Quero dar meia-volta e ir para casa, no entanto, a conversa com Maggie mais cedo continua martelando na minha cabeça. — "Não é porque ela finge estar morta por dentro que você também precisa. Pode não ser Nova York, mas tem um pessoal legal aqui. Vá se divertir!"

Tá, admito, o papo foi um tanto fofo e esquisito, mas Maggie estava certa. Não quero terminar como Lauren: socialmente atrofiada e num caminho sem volta para a bizarrice.

Saio do carro.

Do lado de fora, o Frenchy's — imagino que o nome se deva ao fato de ficar na Frenchman Bay — parece uma combinação de um resort de esqui e uma espelunca de beira de estrada. As vigas de madeira contribuem para o clima acolhedor e familiar, enquanto o neon de cerveja na janela deixa claro o que eles vendem. Do lado direito tem um deque coberto, que eu imagino que seja o lugar onde as pessoas ficam em um dia limpo de verão, só que no fim de setembro ele está deserto. No entanto, o ruído fraco de música mostra que, lá dentro, pelo menos, tem alguma atividade.

Inspiro fundo e abro a porta.

Meu maior medo é de que o silêncio tome conta do lugar e todo mundo vire para encarar a forasteira. O melhor que posso esperar é que ninguém me olhe e eu encontre uma banqueta livre no bar, de preferência na ponta, onde eu possa me aclimatar.

A realidade não é nem uma coisa, nem outra.

Um rock das antigas está tocando quando entro. Embora a maior parte da clientela esteja ocupada demais tomando uísque e cerveja para se dar conta da minha chegada, as pessoas das mesas mais próximas à porta viram para me olhar. E elas ficam me encarando um pouco.

Maggie me garantiu que esse era o ponto de encontro dos locais e que eu ia me encaixar perfeitamente aqui. O problema é que me esqueci do detalhe de que não sou local. Eu não me encaixo aqui. Nem um pouco.

Mesmo se minhas roupas não gritassem "garota da cidade grande" (e elas gritam), eu ia me destacar só por ser uma "garota".

Tem umas cinco mulheres no bar, uma vez que a maior parte da clientela é formada por homens — pescadores, a julgar pelas roupas.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast - Camren - G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora