Capítulo 20

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POV Camila

Estou morando sozinha.

Pela primeira vez na vida, pago aluguel.

É um estúdio antigo e minúsculo entre o Upper East Side e o Harlem. Cheira à comida tailandesa e tem vista para um centro de reabilitação.

Mas é meu.

Pago com meu salário, que recebo de uma empresa de verdade, não de um executivo qualquer que nem se dá ao trabalho de cuidar da filha problemática.

Estou trabalhando para o pai de Shawn — Eu sei, é irônico. Como uma completa idiota, fiquei tão envolvida em minha obsessão por Lauren que nem pensei no que faria quando os três meses passassem. Saí pela porta aquele dia com o coração partido e nenhuma perspectiva de conseguir um emprego.

Então, fiz o impensável. Liguei para o Sr. Peter e pedi um estágio ou o que fosse. Depois da minha tentativa espetacularmente desastrosa de ser cuidadora, pensei que talvez o mundo dos negócios fosse melhor para mim, no fim das contas.

Estou fazendo algumas aulas numa faculdade comunitária para conseguir meu diploma. Meu pais estão desesperados que eu tenha feito tudo isso só para voltar atrás. Contudo, estão certos num ponto: teria sido mais fácil simplesmente cursar o último ano na NYU, junto com meus amigos. Mas, não sei como explicar que aquilo não era pra mim. Precisava fazer algumas coisas antes, descobrir mais sobre mim mesma antes de me dar conta de que, sim, a ideia original do mundo dos negócios era a escolha certa o tempo todo.

Mesmo assim...

O salário inicial de assistente de marketing não sobra muito para luxos. A certeza de ter água quente é coisa do passado, e o aquecedor do meu prédio parece ter dois níveis: "desligado" e "pelando".

Mas estou conseguindo. Sozinha.

No entanto, a verdade é que, quando vejo meus pais uma vez por semana para jantar e eles me perguntam se preciso de dinheiro ou mencionam que seus amigos vão passar o resto do ano em Paris e poderia ficar de graça no apartamento deles na Park Avenue, fico tentada a aceitar a oferta. Só um pouquinho.

Deveria existir todo um orgulho em fazer as coisas por si mesmo, e acho que há, mas sinto falta dos restaurantes badalados e da eterna conta bancária só para comprar roupas da minha vida passada. Estaria mentindo se dissesse que não era mais fácil antes. Mas também era meio vazio.

O tempo que passei no Maine, embora tivesse sido noventa e cinco por cento um desastre, também me mostrou que eu prefiro errar sozinha do que fazer a coisa certa por causa de outra pessoa.

Foi por isso que não deu certo com Shawn. Eu estava com ele porque deveria estar. O mesmo aconteceu com a NYU. Eu estava lá porque deveria ser a aluna perfeita.

E agora?

Agora estou no caminho certo.

Bom, pra ser sincera, me sinto um pouco perdida. Mas, pelo menos comecei a entender o que eu não quero, e é um começo.

Sou voluntária no sopão da Décima Primeira Avenida todo domingo. Não porque queira continuar me punindo pelos erros do passado, mas porque parece certo.

Cheguei à conclusão de que o melhor que cada um de nós pode fazer é reparar, da melhor forma possível, os erros que cometemos com as pessoas que magoamos, e se esforçar mais no futuro. Um dia por vez e tudo o mais.

Mas, não consigo esquecer Lauren. Quero tirá-la da minha cabeça. Passo muito do meu tempo fazendo isso. Ou tentando, pelo menos.

É sexta à tarde. Certamente, o momento errado para se lamentar. Quando só estudava, eu achava que as tardes de sexta eram maravilhosas, mas a euforia diminui agora que trabalho.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast - Camren - G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora