Capítulo 12

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POV Camila

Beijei Lauren. Beijei Lauren, beijei Lauren, beijei Lauren.

Não foi a primeira vez, claro. Mas, foi diferente agora. Nas outras duas vezes, ela só tinha me beijado com o intuito de me afastar.

Agora foi mais delicado. Mais quente. E infinitamente mais perigoso.

A pior parte nem é que eu beijei a mulher de quem estou cuidando, e sim que quero beijá- la de novo. E de novo...

Estou deitada na cama, tentando me convencer de que a razão pela qual deixei que isso acontecesse foi para compensar o mal que o babaca do bar causou. Queria mostrar a Lauren que ela não é um monstro. Que ela não é motivo de piada. Queria que soubesse que é desejável, mesmo com as cicatrizes.

Mas estaria me enganando.

Não pensei em nada disso quando estávamos as duas cara a cara diante da lareira. Não pensei nos problemas dela, ou nos meus, ou em qualquer outra coisa além do fato de que eu a queria.

E ainda quero.

Levo as mãos aos olhos e suspiro quando o maior dos eufemismos passa pela minha cabeça: Essa não é a situação ideal.

Não sei quando pego no sono, mas ao ouvir o despertador às cinco, sinto o baque mais forte do que nos outros dias. Desligo o alarme e me forço a jogar as pernas para a lateral da cama para não voltar a dormir. Quase não percebo que meus olhos estão pesados pela falta de sono, porque não consigo parar de pensar no fato de que Lauren está dormindo pouco adiante no corredor, sem usar nada além de cueca e camiseta, e a ideia me deixa completamente desperta.

Acendo a luz e vou até a cômoda em que fica minha roupa de ginástica. É quando uma caixa perto da porta chama minha atenção.

Uma caixa de sapatos.

Só tem mais uma pessoa na casa, o que significa que só esse alguém poderia ter deixado essa caixa na porta. Penso em Lauren entrando no meu quarto, com seu abdome chapado e seus braços fortes.

Se controla.

Pego a caixa. Uma sacudida rápida confirma: sapatos. Mas não algo sexy como Louboutins. Tênis de corrida. Brancos e sem graça.

Tem um post-it neles, com um recado escrito numa caligrafia feminina descuidada: "Como você se recusa a seguir meu conselho, fiz o meu melhor para achar um tênis adequado à sua pisada. Desculpa se não é cor-de-rosa".

Por acaso é ridículo que eu me sinta toda derretida só porque uma mulher que não se importa com nada e me comprou os sapatos mais feios do mundo? É. Eu sei que é.

Mas isso não tira o sorriso bobo do meu rosto.

Ao olhar o relógio, percebo que vou me atrasar para nossa corrida. Ela não vai ligar, porque estou sempre atrasada. Mesmo assim, me visto depressa. Nem todas as minhas roupas de ginástica são pink, mas me esforço para garantir que todas as peças que vou usar hoje sejam dessa cor, do top às calças e meias.

Então, coloco o tênis, que é do tamanho certo. A mulher deve ter pesquisado.

No pé, o tênis novo parece igual ao antigo, que pelo menos era bonito. Talvez eu só sinta a diferença depois de alguns quilômetros. Lauren está sempre tagarelando sobre a importância de se prevenir contra contusões, e os calçados corretos aparentemente impedem a dor na canela, fraturas por estresses e essa bobageira toda.

Como eu sabia, Lauren já está me esperando. Com as costas viradas para mim, olha a água na penumbra antes do amanhecer.

Usa uma camiseta azul-marinho de manga comprida e calça, os cabelos tipicamente presos. Parece uma ex-fuzileira naval de vinte e tantos anos que está em forma, prestes a correr a qualquer momento. A não ser pela bengala. Ainda não estou convencida de que precisa dessa bengala.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast - Camren - G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora