POV Camila
Sabe aquele momento na relação em que tudo vai muito, muito bem, e você começa a pensar que nada pode dar errado, o que é um perigo, porque meio que garante que algo vai dar super errado, em pouquíssimo tempo?
Pois é.
Mas...
Estou com dores na canela. Nem sabia que era possível, mas vamos apenas dizer que o trote de até cinco quilômetros dos últimos meses são uma espécie de aquecimento para Lauren. A perna dela ainda não está em seu melhor. Ela continua incomodando quando pisa errado, então precisamos fazer um intervalo — ah, que pena! — , mas, na maior parte do tempo, a mulher é uma máquina. Corremos juntas quase todos os dias, desde aquela manhã em que me comprovou que ela podia correr.
Embora eu ame cada segundo, não consigo mais seguir seu ritmo. É um jogo totalmente diferente, em que a novata se mata para acompanhar a atacante e lenda do treinamento Lauren Jauregui, que considera um trajeto de oito quilômetros "uma corridinha". Dizer que ela recuperou o tesão é pouco.
— Anda, Cabello! — Lauren grita da frente da casa, com as mãos nos quadris, observando enquanto me arrasto até ela.
— Acho que quebrei a canela. — Digo, arfando.
Pelo menos ela se esforça para parecer compreensiva.
— Dor na canela é horrível. Vamos pôr gelo e tirar um dia ou dois de folga.
Fico pasma.
— Com um ou dois dias espero que esteja falando de pelo menos uma semana. Minhas pernas estão destruídas.
Lauren dá um tapinha na minha bunda quando passo pela porta.
— Você está bem. Eu sei disso porque tive as pernas de fato destruídas.
— Por quanto tempo vai usar essa desculpa, hein? — Digo.
— Meio que pra sempre. — Ela retruca, com um sorriso.
Três meses atrás, eu apostaria minha bolsa Chanel preferida que de jeito nenhum Lauren Jauregui brincaria a respeito de seus ferimentos.
Não que seja assunto para piada. De jeito nenhum. Aquilo por que ela passou, por que todos os soldados passam, merece todo o respeito.
Mas, talvez brincar com isso signifique que um dia a expressão assombrada que ainda surge em seu rosto pode sumir com o passar do tempo.
— Quer ver um filme? — Pergunto, me apoiando no balcão da cozinha, enquanto ela pega dois pacotes de ervilhas congeladas e coloca sem cerimônia nas minhas canelas. — Tem um cinema por aqui, aliás?
— Claro. Fica entre o restaurante três estrelas Michelin e o shopping com lojas de marca. Nunca viu?
Faço uma careta.
— Então, não?
Ela descasca uma banana e me entrega metade.
— Na verdade, acho que tem um cineminha no centro. Ou pelo menos tinha.
— Eba! Quer ir?
Ela dá uma mordida na banana com seus dentes perfeitamente brancos.
— Não.
Franzo a testa, ainda que já estivesse esperando isso. Ela nunca quer ir a lugar nenhum que não seja o Frenchy's. Por mais que diga a mim mesma que não tem importância, que é só porque não tem muita coisa acontecendo em Bar Harbor, em algum lugar no fundo da minha mente morro de medo de que seja muito mais do que isso.
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A Bela e a Fera (Beauty and the Beast - Camren - G!P)
RomanceNessa recontagem moderna de "A Bela e a Fera", trago-lhes uma história irresistível de perdão, cura e, acima de tudo, amor. Aos 22 anos, Camila Cabello tem Nova York aos seus pés. Por fora, ela é a garota perfeita: linda, inteligente e caridosa. Mas...