Capítulo 15

710 55 6
                                    

POV Camila

Tá, vou dizer logo: a reação de Lauren foi totalmente desproporcional.

Sim, eu posso ter passado um pouco dos limites pesquisando sobre ela. Se me arrependo? Com certeza.

Mas, ela está agindo como se eu tivesse vasculhado as gavetas dela no meio da noite. Não estamos falando de um diário — como se ela fosse manter um diário... Mas deveria ter. Talvez, assim, encarasse alguns de seus problemas e não agisse o tempo todo como se tivesse uma bengala enfiada no traseiro.

A notícia que eu li era uma informação pública. E não foi como se eu a tivesse desenterrado — só precisei de doze segundos no Google.

O que realmente me irrita é que, se eu não fosse tão burra, já teria pesquisado o nome dela antes de vir pro Maine, antes de aceitar esse emprego.

Se o tivesse feito, talvez soubesse que Lauren Jauregui tinha mais ou menos a minha idade. Teria visto sua foto e descoberto que havia sido dolorosamente linda no passado.

É claro que nada disso teria me preparado para o fato dessa mulher de vinte e quatro anos me atrair loucamente. Nenhum número de artigos genéricos teria me preparado para essa atração intensa e automática à ela.

Mas, eu saberia que seus ferimentos não eram apenas resultado de um ataque com explosivos improvisados ou uma emboscada. Se tivesse pesquisado, saberia pelo que passou.

Tortura.

Queria ter sabido antes.

Não, queria que ela tivesse me contado.

É claro que não dei chance a ela para fazer isso, mas como daria? Tá, talvez ela tenha o direito de estar brava. Mas, não sei como pudemos passar de dormir abraçadinhas para querer matar uma à outra na cozinha por causa de algo que não é tão importante no plano maior das coisas. Podemos superar isso.

Só que Lauren nem está falando comigo.

Jogo a massa de pão no balcão e apoio as mãos no granito. Tento recuperar o fôlego e controlar meus pensamentos. Tem farinha em toda parte, mas nem ligo.

— Você tem que literalmente botar a mão na massa, né? — Maggie diz, entrando na cozinha.

Volto a trabalhar a massa com indiferença, enquanto Maggie esvazia a bandeja com os restos do almoço de Lauren.

Dou uma olhada.

Ela mal tocou o macarrão. Não está comendo. Só sei disso porque fico de olho em quanta comida Maggie joga fora, não porque comemos juntas. Mal a vi desde o confronto. Lauren se esforçou para isso.

Maggie não me perguntou o que aconteceu entre a gente — de novo —, nem reclama por ter de levar todas as refeições para ela quando sou paga para fazê-lo. Tentei explicar, mas ela só me deu um tapinha no ombro e disse que tem espaço de sobra na casinha, se precisar.

Se continuar assim, vou mesmo precisar. Ouvir Lauren gritar todas as noites e não ir até ela está me matando. Tentei uma vez, mas a porta estava trancada.

Maggie e Toreto devem estar se perguntando o que ainda estou fazendo aqui. Uma cuidadora que não tem nenhum contato com a pessoa de quem deveria estar cuidando? É uma questão de tempo até o pai de Lauren aparecer para me demitir.

Mas, isso não vai acontecer, vai? Porque, nesse caso, Lauren não poderia continuar com sua vida patética, se escondendo do mundo sem fazer nenhum tipo de contribuição à sociedade.

E daí se Lauren está tão concentrada em se manter afastada do mundo que fez um trato inacreditavelmente infantil com seu pai?

Eu não me importo.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast - Camren - G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora