Até Depois do Fim

Capítulo 39- Batimentos

                         Capítulo 39- Batimentos

                                       Michael

Eu sentia vontade espancar James até a morte. Minha alma sangrava ao saber que perdi meu filho, tão pequeno e indefeso, nem sequer teve a chance de vir ao mundo e sua vida foi ceifada por um filho da puta egocêntrico.
Meu corpo doía, assim como minha cabeça e meu coração. Eu estava com um maldito disfarce aguardando com os amigos e pais de Lauren, esperávamos ela acordar da sedação que precisou para que pudesse ser feito a curetagem.
Me sentia um lixo, não fui capaz de protegê-la, de proteger meu filho, estava arrasado. Me sentia culpado, tudo aconteceu por minha causa e pelo amor louco que sinto por Lauren, até onde isso poderia me levar ? Até onde esse amor louco dela por mim poderá levá-la? Ela entrou na frente pra me defender, preferiu a mim do que ao nossos filho, céus! Lauren foi tão corajosa e ingênua ao mesmo tempo.
- Ela acordou!-Dra. Briana veio nos avisar, seu semblante triste era notável.-acho melhor que só os pais e o Michael entrem, ela ainda não sabe, está bem agitada então é bom manter-la calma.
Fomos caminhando até o quarto, ao entrar vi ela deitada com um aparelho respiratório, um aceso em sua mão e um aparelho em seu indicador. Seus olhos me notaram carregados de preocupação esperando alguma reação minha mas não obteve, então voltou seus olhos para a obstetra.
- Meu bebê... ele está bem?-A pergunta me fez sangrar ainda mais por dentro, me virei de costas e desabei em lágrimas silenciosas.
- Lauren... infelizmente você sofreu um aborto retido.-Briana usou seu tom acolhedor pra falar.-Fizemos a curetagem e...
- Não!-Lauren gritou.-Meu bebê...
- Filha!-Sofia abraçou-a.
- E com o aborto causado pelo impacto da pancada, você acabou perdendo uma das trompas e lesionando a outra. Infelizmente as chances de uma futura gestação são mínimas.
Aquilo não poderia estar acontecendo, eu olhei pro seu rosto tão frágil, ela estava arrasada, nem de longe lembrava aquela mulher independente forte que eu conhecia. Lauren chorava agarrada a sua mãe, o grito abafado me doía a alma. Eu estava em choque, não conseguia me mover apenas lágrimas caíram sucessivamente dos meus olhos.
- Lauren... eu entendo o quão doído e difícil seja, mas tenha fé. Se quiser gestar outra vez, podemos iniciar um tratamento eficaz após três meses. Em último caso podemos optar por uma inseminação artificial.-Briana segurava a mão dela.-Sei que nenhum filho substitui o outro. Podem tentar outras vezes.-Briana dirigiu seus olhos pra mim.-Se é isso que querem.
- Quando ela terá alta?-Sofia perguntou afetando seu corpo do de Lauren.
- Amanhã a tarde!-Briana fitou o papel branco na sua prancheta.-Com sete dias ela vai precisar voltar e reavaliar o útero, assim que receber alta irei passar os cuidados e recomendações.-A médica apertou a prancheta no peito.-Logo estará bem.
Brandon foi abraçar a filha, o amor entre eles é tão surreal que fiquei ali observando a cena. Briana tocou meu ombro em solidariedade.
- Seja forte, ela vai precisar de você. Eu sinto muito.-eu senti e cruzei os braços enquanto ela saía da sala.
Em seguida Brandon me olhou indicando que eu deveria fazer algo, mas eu nem sabia o que falar. O pai de Lauren pegou na mão de sua esposa e se retiraram do quarto.
Lauren se encolheu na cama e baixou a cabeça, sua dor era palpável. Me aproximei lentamente e sentei na ponta da cama.
- Eu...-arrisquei falar algo.-Sinto muito.-Toquei seu pé com carinho.
- Eu me sinto tão... Culpada, eu não pensei e...-Tentou expressar sua dor.
- eu entendo como se sente, mas não foi sua culpa, eu quem devo me culpar a Lauren, como pude meter você nisso tudo?!-com as mãos.
Está eu envolvi Lauren na loucura desenfreada que a minha vida. Eu sou uma bagunça.
- O que vamos fazer com aquele filho da puta?-Rosnou entre os dentes deliberando seu ódio.
- Entramos em contato e...-Respirei fundo.-Ele disse que se algo ruim acontecer com ele vai explanar sobre nós, sobre a gravidez e as acusações de pedofilia falsas.
Eu não queria abrir aquilo pra Lauren naquele momento mas eu a conhecia muito bem e sabia que ela não iria sossegar.
- Como é?-Abriu a boca indignada.
- Eu disse que ele pode voltar a fazer acusações contra mim e que pode foder com a porra da minha vida mas que não envolver se você.-analisei seu rosto avermelhado de tanto chorar.
- Não Michael, você... meu Deus!-Lauren se desesperou levando as mãos aos cabelos e puxando.
- Lauren, acalme-se. É necessário que fique calma para melhor recuperação, você fez um processo delicado e muito invasivo.-Toquei suas pernas e acariciei.
- Você não pode passar por aquilo outra vez Michael. Ele não vai foder com a sua vida sem antes eu acabar com a dele.-Falou forte.
Eu a-admirava, Laura coloca no papel de vítima, ela está sempre pronta para contra-atacar sem recuar, quem quer que seja.
- Acalme-se!-Pedi.-tudo vai se resolver eu aguento.-Fechei os olhos deixando as lágrimas caírem.-Nada pode me doer mais que essa dor que eu estou sentindo aqui agora.
- Eu...-O choro dela veio mais forte.
Abracei ela com amor, choramos juntos, a dor era unânime naquele momento.

Os dias se passaram, os remédios e álcool ficaram mais frequentes em minha rotina, eu me sentia um lixo.
Sofia ajudava bastante Lauren a recuperasse da dor, já que ela conhecia bem a dor de perder um filho não poderia ser alguém melhor para ajudar a filha nesse processo tão nebuloso e cruel.
A recuperação foi perfeita, porém a dor em seus olhos ainda estava viva, longe de ser curada. A loja de Lauren ficou sob os cuidados de Brandon e os funcionários. Os amigos dela sempre estavam lá dando a maior força. Riwer também se aproximou e reconquistou a confiança de todos, estava sendo realmente uma ótima amiga não só pra Lauren como também pra mim.
Eu fiquei ainda pior quando precisei dar a notícia para as crianças, eles entenderam e vi o quanto ficaram tristes, aproveitei pra comunicar a minha mãe que passou horas ao telefone comigo e Lauren nos dizendo as melhores palavras e fazendo suas orações cheias de fé.
Lauren passava dias em seu quarto, recorri a tudo que pude para ajudar ajudá-la mas nada parecia o suficiente, a sua distância foi tornando o nosso relacionamento frio e mecânico, maus beija amos e sexo estava fora de cogitação. Minha cabeça estava entrando em parafuso, fui à casa de Phil algumas vezes pra tentar relaxar e ele sempre me dava os melhores conselhos, aproveitamos para conversar com um amigo dele que também era produtor, Yuri, para que ele visse as letras que minha noiva escrevia, ele adorou. Eu tentava fazer daquilo uma motivação pra tirar ela daquele sufoco mas tudo era em vão. Em noites de insônia eu amava pegar o caderno dela e ler algumas páginas Das coisas que ela escrevia E a cada vez me surpreendia ainda mais, havia músicas poemas e rabiscos que ela criava inspirando-se em sua vida, alegrias, amor e dores.
A última vez que li, ela escreveu sobre o nosso bebê e tenho que dizer que cada palavra me cortou de uma forma diferente, sua dor de mãe de um anjo estava ali.
" Este amor não foi o suficiente para nós sobrevivermos.
Eu juro, eu juro , eu juro que tentei.
Você tirou a vida de dentro de mim.
Eu sou tão azarada, não consigo respirar.
Você tirou a vida de dentro de mim...
De mim, de mim, de mim.
Tenho saudades de ouvir o seus batimentos.
Estou implorando pelos seus batimentos cardíacos.
Batimentos...
Batimentos...
Batimentos!"

Deus, Como eu chorei lendo aquilo.
Prometi a Yuri Que levaria algumas letras de Lauren para ele e Phill, talvez ela ficasse empolgada quando ouvisse alguém cantar mas quando dei a ideia a ela, ela se negou. Então deixei a ideia de lado.
Já estava afanado , Não sabia o que fazer e nem a quem e onde recorrer. Isso já durava um mês e meio.
James sumiu do mapa, segundo algumas informações ele foi embora para a Ásia Peço a Deus que ele fique e morra por lá. Me apavorou só em lembrar daquele sujeito.

Estava sentado na grama ao lado de Grace observando as crianças brincarem pelo jardim da minha casa, conversávamos sobre o momento difícil que eu estava passando com Lauren, ela me aconselhou a conversar com alguém que me conhecesse bem para que eu pudesse ter os melhores conselhos sobre o que fazer naquele momento.
- Lisa!-Sorri vendo a luz no fim do túnel. Lisa sempre me falava as coisas que eu precisava ouvir mesmo sem eu querer.
Marquei com ela de nos encontramos em um dos nossos restaurantes favoritos.
Quando a noite caiu, lá estávamos Lisa e eu sendo fotografados pelos paparazzi idiotas, bando de sangue e suga com fome de notícias.
- Eles não cansam?-Perguntei olhando pra Lisa.
- Nunca vão cansar enquanto você existir!-Gargalhou me fazendo ri.