Capítulo 57- Crise de ciúmes
LaurenA situação estava bem constrangedora, eu entendi o desconforto da parte de Michael, até porque ele carrega o trauma da traição. Mas eu estava disposta a confortá-lo, mas naquele momento eu precisava mentir.
- Eu vi conversar com Phil sobre...
- O presente.-Phil completou, tentando não parecer constrangido.
- Eu acho que não sou tão ingênuo assim, não acham?-Ele nos pegou de surpresa.
- Cara...-Phil suspirou com um leve sorriso.-Você não precisa de desconfiança, sabe quem eu sou há anos e conhece o caráter da mulher com quem você vai se casar.-Phil se aproximou de nós.
- Eu já não sei.-Michael olhou pro chão com uma expressão muito estranha.-O que um presente de casamento pode estar fazendo aqui ?-Sarcasmo.
- Porque estamos trabalhando juntos nele, Mike.-Phil confessou.
- Tá bom então. Não vou incomoda-los.-Ele voltou uns três passos.-Continuem trabalhando no meu presente.-Enfatizou o "presente" de forma irônica e virou-se para sair.-Talvez eu nem consiga passar mais por essa porta.-Michael debochou insinuando falhas em sua cabeça. Ele bateu a porta com tanta força que o trinco soltou.
Eu revirei os olhos, às vezes era bem difícil lidar com as suas crises de ciúmes. Mas eu tinha consciência de que ele havia me pego em um momento de coincidência comprometedora. Pra completar o estrago, Michael percebeu que eu e Phil estávamos assustados e sem graça. Mas eu não iria deixar que aquilo acabasse com a surpresa que eu estava preparando pra ele.
- Vai lá, depois eu converso com ele.-Phil sorriu.
Eu saí correndo feito uma doida atrás de Michael mas vi o carro saindo pelo portão. Entrei no meu e seguir.
Quando entramos em sua casa, Michael correu pro quarto, fui atrás dele depois que beijei as três crianças que brincavam na sala.
Michael Trancou a porta, bati várias vezes pedindo para que ele abrisse. Mas não tive resposta, a não ser o seu silêncio.
- OK, se quer bancar o menino mimado por mim tudo bem, quando você quiser conversar como um adulto sabe onde me encontrar.-Gritei na porta.
Eu o-conhecia muito bem. Michael era tão orgulhoso e dramático, gostava que as pessoas se humilhassem para ele às vezes, ele gostava de estar sempre com a razão e quando contrariado fazia dessas birras e se isolava por dias. Eu detestava esse tipo de comportamento, ele não sabia dialogar na mesma hora, simplesmente fugia e eu que me ferrasse.
Eu fui brincar um pouco com as crianças, almoçamos juntos e Michael não desceu. Depois fiquei jogando fliperama com Prince, enquanto Paris e Blanket brincavam de boneca.
- Você é um trapaceiro, assim como seu pai!-Gargalhei vendo o jogo sujo do menino.-Como pode ?
- Ah, você quem vacilou.-Deu os ombros com a sua expressão cínica. Quando ele viu que ganhou, ergueu os braços comemorando sentindo-se vitorioso.
Eu notei algumas manchinhas pequenas em suas axilas, eram muito parecidas com as do vitiligo de Michael.
- O que foi ?- Prince me olhou sério.-Ficou triste porque perdeu?
- Não.-Sorri.-É... eu posso olhar essas manchinhas aí ?-Fui cautelosa e delicada.
- Essas?-Ele apontou.
- Sim.-Cheguei mais perto.
- Claro. Eu acho que foi da piscina na casa da vovó. É recente.-Explicou.
Eu examinei detalhadamente, toquei e percebi que realmente eram manchas semelhantes as de Michael.
- Eu vou falar com o seu pai, para irmos ao dermatologista.-Disse enquanto enchia ele de beijos no rosto.
- A Debbie também viu.-Prince sorria.-Disse que era bobagem.
- A Debbie viu? Quando?-Questionei.
- Hoje. Ela está aqui, acho que está dormindo no quarto. Você não a viu ?-Ele parecia intrigado.
- Não.-Assumi.
Eu já estava na residência há horas e não vi aquela mulher por lá, nem na hora do almoço.
- Porque ela saiu, Prince.-Paris entrou na conversa.-Lembra? Ela disse que ia buscar algo para o papai e depois voltava.
Olhei pra Paris e em seguida fitei o chão. Durante esses anos Com o Michael eu nunca vi encontrado com Debbie. Não fazia ideia do motivo daquela mulher estar aqui. Já não era bem vinda. Não depois do julgamento, depois que ela tentou ter a guarda dos miúdos.
- Bom, eu vou falar com o papai e já volto.-Expliquei.
Fui chamar Grace, para que ela cuidasse das crianças enquanto eu fui atrás de Michael. Desta vez a porta do quarto estava aberta, quando entrei vi ele deitado todo coberto, da cabeça aos pés.
- Michael!-Chamei.
- Hum.-Resmungou.
- Vamos conversar.
- Não estou afim. Você deveria ir embora ou voltar pra casa do Phil.
Olhei pro teto pedindo paciência pra Deus. Era necessário.
- Vamos acabar com esse drama Michael Jackson?-Puxei o cobertor dele com força.-Deixe de ser tão infantil.
Ele virou-se me fuzilando com os olhos amargos e avermelhando. Ele chorou.
- Quer que eu aja como um homem então? Um possível corno.-Sentou-se.
- Deixe de babaquice. Eu não sou uma dessas vadias com quem você já se deitou.-Falei entre os dentes.
- Eu já não tenho certeza disso Lauren. Eu flagrei você agarrada com o meu amigo na casa dele e...
- Então está me dizendo que sou uma vadia?-Levei as mãos à cintura indignada.
- Eu não disse isso.-Deu os ombros com indiferença.-Mas se você se colocou nesse papel, isso não é problema meu.
- Você é um idiota Michael.-Gritei.-Pensei que você me conhecesse bem. Como...
- Lauren, foi o que eu vi. A forma como ficaram nervosos, você ficou pálida garota.-Bufou.
- Eu não sabia que você iria lá, eu estava realmente preparando algo pra você...
- Tinha que ser com o meu amigo?-Balançou a cabeça.-O que, eu não sou o suficiente pra você ?-Encarou meus olhos.
- Claro que você é. Mas isso...
- Cheguei, querido. -A mulher alta, loira e forte surgiu na porta com sorriso Que se desfez ao me ver ali de pé.-Atrapalho?
- Venha Debbie.-Michael chamou.
- Com licença.-Ela entrou e parou na minha frente.-É um prazer. Debbie.-Estendeu a mão.
- Lauren!-Apertei.
- Aqui está.-Ela entregou uma sacola preta nas mãos de Michael.-Eu espero que goste.-Sorriu.
- Obrigado. Você como sempre me salvando.-Ele sorriu.-Sempre me dando o melhor.
Eu fuzilei ele com os olhos, não era possível que ele iria ficar conversando com a ex como se só estivessem eles ali.
- Lauren, você estava de saída não é?-Aquela voz, naquele tom.
Sério que ele quis meter essa pra cima de mim? Puta que pariu.
- Não. Antes eu gostaria de aproveitar os queridos papais aqui presente para informar algo sobre o filho de vocês, Prince.
- O que houve com o meu filho?-Michael ficou assustado.
- Provavelmente Prince tenha herdado o seu vitiligo. Eu vi manchas em suas axilas bem parecidas com as suas.-Expliquei.-Acho válido levá-lo ao dermatologista. Não é possível que Arnold Klein só sirva para encher você de drogas.-Ri sem humor.
- Hey garota, não fale assim do meu chefe. Dr. Klein é um...-Debbie interveio.
- Eu falo como eu quiser. Você deveria Importasse mais com o seu filho, na mesma proporção que se importa com o seu chefe.-Encarei seus olhos com o ranço estampado em meu rosto.- Por que dizer que manchas como aquelas é apenas uma bobagem, sinceramente. Talvez você não devesse estar nessa profissão.
- Eu quem ajudei o Michael, eu conheço vitiligo e garanto que aquilo em Prince, não se trata dessa doença.-Ela tomou uma postura prepotente.
- Eu sendo você, rasgaria o meu diploma.-Debochei.-Imagino as merdas que você já deve ter feito com a sua total ignorância. coitados dos seus pacientes-Me virei caminhando até a porta.
- Lauren.-Michael me chamou.
- Hum.-Me virei.
- Obrigado por ter me dito, faz tempo que Prince já não me deixa vê o seu corpo e...
- Tudo bem.-Sorri segurando na porta.-Acredito que as vezes o mundo é bem injusto. Enquanto algumas mulheres dariam a vida pra ser mãe, mas não podem. Já outras tem o previlégio e fazem questão de não ser.
Fui me despedir das crianças e fui embora.
No mesmo dia, a noite tínhamos uma reunião com o Reverendo que celebraria nosso casamento. Recebi dona Katherine, Janet e o Reverendo Rodney com sua esposa Elisa. Michael chegou logo em seguida.
Nos reunimos na minha sala. Marta serviu um lanche, já que todos haviam jantado.
- Como não se trata de uma cerimônia no Templo, vai ser bom adaptarmos e eu tenho algumas tradições que não abro mão.-O senhor negro de cabelos grisalhos me olhou e em seguida olhou pra Michael setado a sua frente.
Rodney tinha uma ótima energia, forte e mostrava ser um homem íntegro. Era pastor de uma enorme igreja evangélica onde Michael ia frequentemente depois do julgamento. Acompanhei ele algumas vezes, eu gostava muito de ouvi-lo, sempre coerente e firme em suas palavras. De longe se via que Rodney era um verdadeiro cristão e semeava tudo que a Bíblia lhe ensinava.
- E quais são?-Perguntou meu futuro marido.
- Irei iniciar a cerimônia com uma pregação sobre família e os mandamentos de um casamento. Darei a benção do senhor e não abro mão do óleo ungido.-Disse.
- Tudo bem.-Sorri.
- E os noivos precisam casar limpos.-Esse era o ponto.
Meu sorriso se desfez na hora, pude vê Janet prender o riso ao olhar pra nossa cara de frustração.
- Como assim, "limpos"?-Michael parecia querer ter certeza de que era realmente aquilo.
- Irmã ficar exatos 15 dias antes do casamento sem os prazeres da carne.-Explicou.
- Como é?-Eu e Michael falamos em um coro.
John gargalhou sentado na escada.
- Essa eu quero vê.
- Então, sem beijos, sem álcool, sem carnes vermelhas e sem sexo.-Explicava com ar de quem queria ri.
- Mas... tipo, sem nenhum tipo de...
- Sim.-Se precipitou em falar.-E digo mais, não podem se aliviar de nenhuma forma. O amor deve prevalecer e ser mais forte do que o desejo da carne.
- Ah Lauren.-John gargalhou outra vez.-Pode dar adeus aos seus...
- John!-Gritei educadamente morrendo de vergonha. E meu amigo ainda gargalhava.
- Tudo bem pra vocês ?
- É claro.-Minha mãe respondeu por mim e por Michael.-Isso não é o fim, até porque não é nada demais. Acredito que estamos lidando com pessoas normais e não compulsivos sexuais.
- Eu mesmo não teria certeza disso.-John, sempre John.
- Então sugiro que fiquem longe um do outro durante esse tempo para evitar cair em tentação.-Rodney sorriu sem jeito.
Eu ainda carregava em mim a mínima esperança de ser apenas uma brincadeira ou pegadinha.
- Eu concordo. Michael e Lauren são fogo e gasolina.-Janet brincou.
Michael estava corado e refletindo sobre tudo.
- Tudo bem. Eu estou de acordo com tudo.-Falei.
- É... eu também.-Michael respirou fundo e pousou a mão em minha coxa.-Quantos dias ainda nos resta?
Todos nós gargalhamos.Mais tarde no quarto, conversamos sobre o ocorrido na casa de Phil. Michael me pediu desculpas pela crise de ciúmes e desconfiança. Eu aceitei e entendi seu lado, percebi que ele realmente estava arrependido. Também falamos sobre o possível vitiligo de Prince e ele ficou de levá-lo ao dermatologista no dia seguinte.
- Michael?-Estávamos sentados na cama comendo MM's.
- Hum.-Michael olhou pra mim tirando os olhos da tv.
- Você e Debbie já... digo, já transaram? De verdade. -Eu precisava perguntar.
Eu não sabia se os filhos de Michael eram frutos de um sexo bem feito ou de uma inseminação artificial.
Michael virou e sorriu sem jeito enquanto brincava com as bolinhas coloridas.
- Que diabos de pergunta.-Escondeu o rosto com as mãos.
- Anda, você não é tão tímido assim.-Puxei seus braços.
- Lauren, o que você acha?-Ele olhou pra mim.
- Sei lá. Por isso estou perguntando.-Dei os ombros.
- Claro. Eu e Debbie fizemos sexo algumas vezes.-Comeu uma porção de doces.-Mas não havia amor, eu tinha desejo por ela, mas não amava. Foi mais para engravida-la.
- Isso é o que eu temia caso eu lhe falasse que queria começar as tentativas...
- Jamais seriam somente tentativas Lauren.-Michael voltou-se pra mim.-Envolve amor, paixão e desejo. Eu amo você. Cada noite de amor que temos é única pra mim. Existe entrega baby, existe tudo que há de melhor em nós.
Sempre sabia que ele estava falando a verdade, pois ele falava com o coração.
- hoje que você diga: "amor vamos começar começar a tentar!" Ok, iremos porém, sem cobranças e planos sistemáticos de relação sexual apenas para gerar uma vida. Isso jamais fará parte de quem somos ou do que temos. Quando estamos nos amando Lauren, a única sensação que quero sentir é prazer e amor, sentir prazer em lhe dar prazer. Nada além disso. Amo a forma como nossos corpos se unem em perfeita harmonia e eu não trocaria isso por nada.
Meus olhos lacrimejaram, eu estava nos meus dias e costumava chorar mais que o normal.
Ah, como eu o-amo, como ele é tudo pra mim. Eu sou capaz de qualquer coisa por ele.
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Até Depois do Fim
Fanfic"A história de amor de um casal não está baseada somente em momentos fofos, brigas e alegrias. Eles transam e narrar isso sem tabu é o que torna essa história ainda mais envolvente e viciante. Quebre os paradoxos que lhe prendem e venha viver essa l...