Capítulo 53- "Pro inferno!"

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                          Capítulo 53- "Pro inferno!"

                                        Lauren

Levantei sem ânimo, desci as escadas e fui pra cozinha, precisava comer algo ou ficaria pior do que eu já estava . Como estava sem saco, optei por um macarrão instantâneo de carne. Enquanto cozinhava vi o portão da minha casa se abri, com certeza era John.
Dei uma leve olhada no reflexo do vidro do microondas e me odiei, meus olhos estavam inchados e avermelhados pelo choro, meu rosto estava nitidamente borrado devido à maquiagem que havia feito. Eu ia ter que explicar tudo pra meu melhor amigo.
Porra. O cheiro dele. Não, não era John.
- Lauren!-A voz cansada ecoou atrás de mim. Fiquei móvel e apertei os olhos com raiva. -Eu só quero a chance de poder explicar tudo. Podemos conversar ?-A voz dele estava trêmula, talvez o medo estava ali.
Eu não me virei, não queria olhar pra cara dele ou poderia fazer uma besteira.
- Querida!-Ouvi ele se aproximar de mim.-Por favor, vamos conversar!
Olhei pra ele pela primeira vez e fingi que sua presença não me afetava, dei de costas de novo e comecei a lavar as louças da noite anterior. Eu e os meninos fizemos cineminha quando voltamos do shopping.
- Lauren... -Michael chegou mais perto.-Lauren por favor.-Senti a mão gelada dele me tocar no ombro.-Lauren eu...
- O que?-Sacudi o ombro e me afastei dele.-O que ? O que você quer Michael?-Arremessei o prato que estava em minha mão contra a parede fazendo se despedaçar.
- Quero conversar com você.-Disse sereno me olhando.
- Ahh agora você quer conversar.-Debochei saindo mais uma vez de perto dele indo para o outro lado da cozinha.
- Lauren você me conhece, eu...
- Não, eu não conheço você!-Gritei interrompendo sua fala.-Eu conhecia o Michael que é o oposto disso aqui, o Michael que me contava tudo. Mas você...-Meu olhar de repulsa o fez assusta-se como se uma bala tivesse atingido seu peito.-Eu não sei quem você é.
- Lauren, por Deus!-Suplicou.
- Michael... se, se eu não tivesse ido lá, se eu tivesse ido naquele maldito hotel, você me contaria ?
Esperei sua resposta enquanto ele tentava se aproximar de mim.
- É claro que eu... -Ele tentou falar em tom alto.
- Ah claro, você me contou não é.-Ri sem humor cruzando os braços balançando meu corpo inquieto.-Me contou que estava fodendo com a minha amiga, me contou que estava pagando ela pra isso...-A minha voz era alta carregada de ódio.-O que mais você não me contou, Michael ?-Pausei pra puxar o ar.-Porque até agora eu só sei tudo aquilo que você não me contou.-Me virei de costas pra ele, pois vê ele não estava me fazendo bem.
- Lauren, eu errei. Eu errei em não ter contado que ela me beijou na festa do Chris Brown e...
Ouvi aquilo aquilo me fez querer bater nele. Apertei a borda da pia com tanta força que senti a minha mão doer bastante.
- Ah ela tentou é? Porque não me falou então ?
- Eu fiquei me sentindo culpado e você já não estava bem por conta de John, eu preferi... -Michael tentava explicar enquanto o choro estava preso em sua garganta.
- Culpado? -Gritei me virando pra ele automaticamente.-Cara, eu era a mulher com quem você ia se casar, deveria confia em mim... as fãs vivem lhe beijando na boca.-Dei os ombros-Você quis isso, deixou isso acontecer.
Nossos olhos se encontraram, percebi as lágrimas caírem em seu rosto pálido, assim como as minhas.
- Você acha que eu dei mole pra ela, é isso?-Michael se aproximou de mim.
- Ah não me venha com esse papinha de inocência Michael, isso não cola comigo.-Gritei.-Sei como você flertar com as garotas e dispensa as que não lhe agradam, esse papinho de Peter Pan você guarde e use com seus fãs.-Olhei pra ele com desprezo.-Até que por um tempo acreditei...
- Lauren, Riwer é louca. Eu não...
- Foi uma forma de me fazer desistir do casamento ou o que?-A dor em meu timbre era nítido.
- Você está louca?-O olhar duro dele me fez querer chorar ainda mais.-Eu quero...
- Se foi esse seu plano, parabéns. Funcionou!-Me virei de costas. -Acho que preciso ficar sozinha.
Michael se aproximou falando meu nome diversas vezes me pedindo para ouvir a sua explicação.
- Lauren por favor, me ouça.
- Eu quero ficar sozinha, Michael.-gritei enquanto me afastava dele, tinha repulsa. Nunca pensei que fosse sentir aquilo, pelo menos não dele.
- Porra!-Michael gritou em lágrimas. Ele ficou alguns segundos de cabeça baixa e levou as mãos à cintura.-Tá! O que você quer saber? Eu digo tudo. O que você quer que eu faça Lauren? Eu faço tudo o que você quiser! -Michael falou sem pressa, tentando manter a calma e a paciência.
- Primeiro.-Olhei em seus olhos.-Sugiro que você pegue suas roupas daqui, seu estojo de barbear e a suas camisinhas porque sei que você vai precisar delas e caia fora da minha casa.-Minha voz e aumentando gradativamente. Tomada pela dor da decepção.
- Eu... não...
- Saia da porra da minha casa, Jackson!-Berrei.
- E pra onde ?
- Pro inferno!-Gritei. Caminhei querendo sair da cozinha e quando passei por ele, completei.-Até lá, sugiro que já pro hotel ficar com a sua puta!
Michael tentou me agarrar pelo braço mas foi rápida, Corri pro quarto de hóspedes e me tranquei. Ele bateu por longos minutos na porta e eu não abri.
- Vá embora! Eu tenho nojo de você!-acho que a minha blasfêmia lhe deu um choque de realidade. Viu o carro saindo, pela janela.
Eu caí no chão em lágrimas, doía como uma faca entrando lentamente em meu peito.
Eu estava tão magoada, tão quebrada que eu não seria capaz de ouvir qualquer palavra sobre aquilo. Por mais que eu tivesse inúmeras perguntas, eu não estava preparada para ouvir as respostas, pelo menos não naquele momento.
O cheiro de macarrão instantâneo me anunciou que o fogo precisava ser desligado antes que eu colocasse fogo na casa, corri pra desligar. Porra! A panela estava seca e preta, o macarrão virou carvão. Joguei a panela na pia com raiva, em seguida varri os vidros do prato que eu quebrei e coloquei na coleta. Meu celular tocou, sem ânimo fui ver, era John. Respirei fundo e atendi.
- querida, eu vou sair em lua de mel.-ele já foi falando empolgado com a sua voz alta.-Só volto pra casa depois do Natal. Vamos para Flórida.-Gritou em alegria.-Uma bela reconciliação e Richard sabe o quão difícil eu sou.-Aquela vez manhosa carregada de deboche me fez rir.-Tudo bem com você?
- Sim.-Menti.-Tudo ótimo!
- Eu não iria ligar, porque sei o quão insaciável é o rei do pop, não queria atrapalhar mas achei que era bom lhe avisar antes de pegar o voo.
Eu me obriguei a segurar o choro, John estava feliz demais e eu não iria estragar o momento dele com as minhas dores e problemas pessoais, não seria justo.
- Tudo bem. Você não atrapalhou nada.-Enxuguei uma lágrima solitária que caiu em minha bochecha.
- Gata?-Aquele tom nítido de desconfiança me fez odiar a minha fraqueza.
- É sério.-Minha voz saiu empolgada demais.-eu estou bem, agora vai lá e curta bastante sua lua de mel.-Sorri.
- Sabe que pode contar comigo, não é?-Ele sabia que algo não estava certo, seu tom compreensivo entregou isso.
- Claro.-Me apressei em falar. Queria desligar logo, o nó na garganta era sufocante.-Eu te amo e dê um beijo no Ri.
- Eu também te amo. Me ligue e eu volto correndo.
- Tá.-Desliguei e deixei mais uma vez o choro tomar conta.
O Interfone tocou, não imaginava quem poderia ser, olhei no pequeno monitor da câmera de lá de fora e era um carro de entrega. Estranho, até porque eu não pedi nada.
- Boa tarde!-Assim que abri o portão menor o entregador bonitão me esboçou um belo sorriso.-Senhorita Clark?
- Sim!-Baixei os olhos para suas mãos.
- Sua entrega!-Ele me entregou uma caixa, provavelmente era comida.-E tem mais. Só um minuto.- O homem alto barbado voltou pro carro e me trouxe um buquê enorme de rosas vermelhas, eu revirei os olhos no momento em que vi.
- Homens.-Peguei o buquê de suas mãos.-Fazem merdas e depois acha que pode desfazê-las com essas malditas flores.-Resmunguei.
- Faz parte senhorita. Todo mundo erra, não é? Cabe fazer desse erro um aprendizado para não cometer outra vez.-O bonitão falava bem também. Eu agradeci e ele piscou voltando pro carro.-Caso ele não mude, me ligue ou sabe onde me encontrar.-Nossa que sorriso lindo que me cheirava a encrenca.
Eu fiquei incrédula com a audácia daquele sujeito de 1,90 talvez, meu Deus.
Quando abri, era comida italiana, acompanhada de uma sobremesa. No buquê, havia um bilhete.
" Alimente-se corretamente, quando quiser saber a verdade me ligue. Por Deus, não me deixe. Estou em pedaços."
A letra daquele... Ah, porque é tão difícil odia-lo? Joguei as flores no lixo e comi a comida. Estava gostoso mas não consegui comer tudo.

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