CAPÍTULO 3 - JHONNY E O EFEITO GRAVIDADE 0

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Há uma outra figura peculiar que quero lhe apresentar, talvez seja um pouco desconexo e estranho, mas confie em mim, logo tudo fará sentido, ou não.

Vamos voltar um pouco no tempo, o ano é 1975, um garoto estava no seu quarto fazendo algumas anotações do seu pequeno negócio, mau imaginava que a partir daquele momento sua vida mudaria para sempre.

Tudo começa quando inesperadamente esbarrou o cotovelo em um copo vazio sem muito propósito, por causa do reflexo, se inclina rapidamente para apanhá-lo, desejava que não caísse e se "espatifasse" no chão, foi então que algo incrível aconteceu, o copo estava caindo lentamente sem modificar sua velocidade.

O garoto, então afasta a cadeira da escrivaninha se ajoelha observando de perto o fenômeno, maravilhado toca o copo, o mesmo muda de direção vertical para horizontal, sentido em que a força foi aplicada, abobado começa a rir e a andar de joelhos seguindo o copo que toca o guarda-roupa e volta na mesma velocidade.

"– Como isso é possível? Como isso para? isso vai ficar assim para sempre?" –Pensa, estava intrigado, sua a testa frisada de tanto pensar, se senta sem deixar de observar o copo.

Começa a sentir seu corpo totalmente leve desprendido do chão, seus cabelos estavam completamente livres, suas roupas, tudo! Sim tudo parecia estar mergulhado em um tanque, mas sem água.

Em meio a tantas sensações estranhas e desconhecidas, acompanhada por uma avalanche de pensamentos, ele esbarra o pé em um caderno, o qual faz exatamente o que o copo estava fazendo, só que na velocidade proporcional ao impulso.

Assustado levanta de vez empurrando os braços contra o chão, só que para sua surpresa seu corpo começa a "levitar" e em alguns segundos ele estava tão próximo ao teto do quarto que o podia tocar.

O garoto começa a se mover com auxílio do teto e da luminária chegando à janela, com um impulso contra o teto tenta voltar ao chão, agarra a janela e olha para fora do quarto, percebe que tudo lá estava absolutamente normal.

- O que é isso meu Deus?! -Sussurra, estava totalmente surpreso, talvez assustado, maravilhado, não sei! Começa a rir sem nem mesmo entender o porquê.

Cansado de tentar compreender, afinal era muito novo para conhecer as Leis de Newton. Não perde tempo! Dá um impulso para trás, dando um salto "mortal" e não para mais, começa a empurrar-se de um lado a outro sentindo-se o próprio Superman.

Mas um grito acaba com a sua alegria, mesmo distante no andar de cima da casa, aquela voz o impulsionava a se esconder, fugir.

–Jhonny! Moleque imprestável! Infeliz! -Um homem corpulento, de mãos ásperas e olhar rude, entra como se arrombasse a porta da casa, aos berros, vinha a passos firmes. Seu grito, pelo menos, nos revela o nome do garoto, Jhonny.

-O que eu te mandei fazer?! Você não presta para nada nessa casa! Não é?! Que fardo essa mulherzinha trouxe para a casa! -Era o padrasto, que permanecia gritando, esbravejando como um animal, seus passos firmes ecoavam pela casa, estava irado, ia em direção ao quarto de Jhonny, era o último de um grande e escuro corredor no primeiro andar da casa, a escada de acesso dava no início dele.

O homem subiu as escadas furioso, decidido a bater em Jhonny, e essa não seria a primeira vez. O motivo? Qualquer bobagem! Tudo era motivo de discursão, brigas e agressões.

Jhonny com a ajuda da porta do guarda-roupa permanecia de pé, paralisado, seu coração gelava de nervoso, observando com a porta aberta ele se aproximar, não havia para onde fugir, o corredor era apertado demais para conseguir passar, a porta mesmo fechada não o impediria, pular pela janela, sem condição, provavelmente quebraria as pernas e ainda apanharia. Não havia a quem recorrer, sua mãe trabalhava quase que todo o dia, e seu padrasto permanecia em casa, pois era segurança a noite.

Ao ver Jhonny parado sem reação, entendeu como provocação e apressava-se já tirando o cinto da cintura.

Mas dessa vez seria diferente. Ao entrar no quarto, imediatamente começou a passar mal, vomitou e desmaiou, o campo gravitacional do quarto estava totalmente modificado, diria nulo, zero, não havia gravidade ali!

Mesmo acima do peso e estando desacordado permaneceu em pé e com o impulso da caminhada foi "levitando" em direção a Jhonny, seu vômito, diferente do que ocorreria em condições normais, não escorreu, mas se espalhou pelo ar e pelo seu rosto.

O garoto sem saber o que aconteceu, deixa seu quarto com auxílio dos móveis, era a chance, tinha de sair da casa, era parte de sua rotina fugir de seu padrasto perverso.

Ao passar pela porta do quarto, sente novamente a ação gravitacional, para ele é um leve impacto, o garoto fica um pouco tonto, se apoia sobre os joelhos, respira fundo, e continua sua corrida, ele não sofria muito com o fenômeno.

Desce as escadas correndo, e ao sair pela porta dos fundos da casa, ouve o corpo do seu padrasto cair no chão, a gravidade havia voltado ao quarto.

O garoto escapou e nunca mais voltou a aquela casa.

O paradeiro dele? Logo você descobrirá!

FRANKENSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora