CAPÍTULO 5 - MUDANÇA DE RUMO

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Deve ser tão fascinante ter alguém para se espelhar, um referencial de vida, mas, e quando perdemos isso? O que fazemos?

Pois é meus amigos, isso estava prestes a acontecer:

- Senhor Marcos! – A secretária bate à porta – Desculpe a invasão, mas devo lembrar do seu compromisso familiar.

- Ok Julia! Já havia finalizado tudo. – Espreguiça.

Ela dirige o olhar a papelada sobe sua mesa, maneja a cabeça e sorri, aquele homem nunca iria mudar.

– Pode deixar que os documentos de embargo da Aure peço a alguém que dê continuidade! Vamos homem!

-Olhe! Tenho que melhorar o salário dos nossos advogados, isso é cansativo, estou ficando velho demais para isso, nem acho minhas chaves mais! – Carteira, chaves... todos perdidos na montanha de documentos sob a mesa.

- Se apresse! O novo advogado está se formando hoje! Ele tem seu espírito sabia?!

-Nem me diga, aquele garoto é tudo que tenho! – com olhar distante como se um turbilhão de memórias o encontrasse naquele momento, põe o blazer.

– Aqui no bolso! Minhas chaves! - Ele sorri -Tchau dona Julia! – Marcos beija-lhe a testa.

Ela sorri enquanto lhe dá um "tapinha" nas costas.

-Vamos homem! Ande para essa apresentação! E Veja se não sai falando com todo mundo pelo caminho! Vai se atrasar!

Apressa-se pelo corredor e ao chegar no elevador se depara com uma figura nada agradável, Roberto Santavez, que estava a sua procura.

- Marcos velho amigo quanto tempo!?

Ele o sauda com um sorriso largo, mas todo o ar compassivo e auto astral de Marcos havia se ido com sua visita.

- Quem deixou você entrar?! Vamos! Vou te conduzir a saída!

Marcos o arrasta pelo braço até o elevador e aperta o botão térreo.

- O que há Marcos?! Éramos amigos! Agora você me trata assim?!

Roberto puxa o braço, e ajeita o blazer.

- Certo, diga o que você quer! Tem até o elevador descer e a segurança te jogar na rua. - Marcos reponde sem lhe dirigir o olhar.

Roberto exita, mas logo dispara o que tinha a dizer, afinal seu tempo era muito curto.

– Marcos por favor permita eu voltar para a Marcones...

Marcos o interrompe ríspido.

– Roberto você esquece de tudo que já passei com você! Você estava me roubando! - O encara de frente, se aproxima, o pressiona contra a parede do elevador e prossegue - Queria tirar essa empresa que eu e minha família construímos com tanto suor, você, mais que ninguém, sabe o quanto eu e minha família batalhamos por isso!

Marcos o pega pelo blazer, sua vontade de socar aquele rosto vigarista estava quase que incontrolável.

- Mas Marcos entenda... - Roberto gagueja.

- Entender o que?! - Marcos interrompe ríspido apertando-o o colarinho.

- Calma! Não precisa me agredir! - Ele fecha os olhos, já esperava o soco, suava, seu rosto já estava vermelho e lhe faltava o ar.

- Lembra... Cof... Do funcionário incrível que já fui?! - Roberto tentava descaradamente e desesperadamente justificar o injustificável.

- Eu comprovei! - Marcos olha para aquele moribundo desprezível e prossegue - Era para você está preso só não te denunciei por compaixão. - Marcos o solta, ele respira freneticamente, se apoia sobre os joelhos, tosse.

"Pin!"

Nesse momento o elevador chega ao destino, o extenso salão de entrada, a porta se abre, já haviam seguranças à porta, tudo estava sendo acompanhado pelas câmeras, a segurança de Marcos era prioridade.

- Algum problema senhor? - Diz um dos homens com os olhos fitos em Roberto.

- Nada! Só tirem esse homem daqui! - Marcos sai do elevador sem nem olhar para traz.

- Esper... Por... favor! - Roberto tentava falar e recobrar o ar ao mesmo tempo, os seguranças o agarram pelos braços e o arrastam para fora.

-Não permitam mais sua entrada nesse prédio! - Diz Marcos observando o arrastarem para fora.

Roberto tropeça, mas prossegue sendo arrastado, se debatia entre os dois seguranças, estava agora furioso, humilhado, todos dirigiam o olhar para aquela situação, é então que começa a rir com olhar fito em Marcos, um olhar e sorriso maligno.

– Obrigado Marcos! - Diz ele enquanto ri freneticamente, aquele sorriso ecoava pelo salão de entrada do prédio e pela mente de Marcos, aquele sorriso diabólico o havia transmitido certo receio, estava quase que imóvel, pensativo, intrigado, afinal "porque estava rindo?!", "porque daquele jeito?!", "Está completamente louco!".

Por breve momento Marcos fica perdido em seus pensamentos, até que...

- Seu Marcos!? – Marcos volta a si, olha para traz para trás, avista Julia, veio pela escada de serviço cheia de papéis na mão, estava um pouco ofegante, estava velha para aquilo - Aconteceu alguma coisa? Ouvi alguns gritos? - Julia era uma senhorinha adorável, o tratava como seu filho, mesmo ele não sendo tão jovem.

- Não! Nada que se preocupe!- Responde.

- Está um pouco pálido meu filho? Algo o preocupa? - Ela aperta os olhos, como se quisesse ler seus pensamentos.

- Nada! - Marcos sorri, precisava esquecer aquele episódio - O que são esses papéis? - Queria mudar de assunto, apressar as coisas, recobra que estava atrasado.

-  Há sim! Preciso que assine, são alguns documentos para sua confirmação para a confederação internacional ambiental devem ser entregues ainda hoje! Ho meu Deus! Estou tão atrasada para entregar isso!

- Certo, certo, só me diga onde assino? - Pergunta enquanto tira a caneta do bolso.

- Aqui, aqui, aqui e... Há! Achei! Aqui também! – Sinaliza ela.

- Obrigado Julia posso ir agora?! – Diz ele, já recobrava seu tom descontraído.

- Claro seu Marcos, claro! Além de atrasada estou te atrasando!

Ao aproximar-se da saída apanha um guarda-chuva e seu sobretudo, o dia estava estranhamente nublado e frio.

- Bom dia seu Froide! - Cumprimenta Marcos.

-Seu Froide?! De "seu" só tem o senhor aqui seu Marcos, eu só sou o menino do guarda volumes! - Responde ele enquanto o ajudava a por o sobretudo.

– Rapaz eu gosto de partir do princípio de que o homem não é o que tem, mas sim, o que é em carácter! - Responde Marcos com um largo sorriso no rosto.

- Realmente, realmente! Quer que eu ligue para um taxi seu Marcos? Não vi o senhor chegar com seu carro.

- Não, não Froide,  pode deixar, eu mesmo peço! Adeus e muito obrigado!

Na calçada esperava um taxi, estava incomodado, aquela situação ainda pairava em seus pensamentos, se sentia de certa forma ameaçado.

A chuva começa a cair, ele abre o guarda chuva, relâmpagos e raios iluminavam o céu. Ver vim um taxi livre, sinaliza e atravessa para pagá-lo, é quando um barulho de motor se faz ouvir, distante, mas se aproximava muito rápido, Marcos vira o rosto, uma corrente de adrenalina pôde sentir correr em suas veias, era tarde demais, um veículo em alta velocidade o surpreende em cheio, quebra-lhe as pernas enquanto o arremessa para longe.

Em apenas um piscar de olhos sentia muita dor, não podia se mexer, seu corpo estava desajustado no chão, muito sangue escorria de seus vários ferimentos formando uma poça de sangue que se misturava à chuva, seus pensamentos estavam confusos, delirava, o "- Obrigado Marcos!" e as gargalhadas de Roberto ressoam em sua mente, logo perde por completo a consciência.

Desacordado em via pública, ele estava entre a vida e a morte.

FRANKENSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora