CAPÍTULO 7 - PERDIDA EM UM LUGAR PERIGOSO

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Já era quase meia noite, Sara desce do ônibus que havia pagado com os poucos trocados que tinha no bolso, estava em um bairro bastante perigoso, tudo estava muito deserto, as únicas coisas movimentadas eram os bares e as casas noturnas.

Prosseguia caminhando com passos rápidos, braços cruzados e cabeça baixa, queria apenas achar um abrigo ou um lugar seguro para dormir, já pesava o arrependimento, mas estava muito longe de casa para voltar andando.

“- Acho que a clínica seria melhor do que ficar vagando por aqui, meu Deus que lugar esquisito! Que besteira eu fiz!”- Pensava.

É então que se depara numa rua muito extensa e de longe avista dois homens numa esquina, mau encarados, ela não queria chamar atenção, coloca o capuz, continua com os braços cruzados, apressa ainda mais os passos, ao se aproximar percebe o olhar de um dos homens, ele fala algo, ela não entende, outro começam a rir, o coração de Sara gela, continua seu percurso, passa por eles pelo outro lado da rua, estava desconfiada, olhava sempre rapidamente por cima dos ombros, tentava ser discreta, numa dessas olhadas percebe os dois virem em sua direção, um dos dois atravessa a rua, ela tem a completa convicção de que eles queriam algo, e com certeza não era algo bom, muito menos oferecer ajuda.

As olhadas para trás tornam-se cada vez mais constantes, e cada vez menos discretas, assim como suas passadas, eles começam a correr, ela se desespera, começa a correr, um dos homens grita:

-NÃO CORRA PRINCESA!

Mesmo desesperada não tinha tanta velocidade, eles começam a alcança-la, ela vira por uma rua e continua a correr.

"- Eles vão me alcançar! Eu sei que vão!" - Pensava, começa a gritar por socorro, olha pra trás, percebe que um dos homens pisa numa poça de água escorrega e cai, algumas luzes se acendem, mas ninguém tem coragem de colocar as caras ou sair para ajudar, afinal aquilo era tão comum por ali.

Sara começa a cansar mais o desespero não a permite parar, o homem estava muito perto.

- SAI DAQUI! ME DEIXA EM PAZ! - Ela grita.

É quando de um salto a pega pelo casaco e a joga no chão.

-Você... ufuu... Pensa que vai aonde?! - Ele sorri ofegante - Ufuu... Me deu trabalho viu! - Respira fundo, o outro chega logo em seguida.

Sara caída ao chão vai se arrastando para trás até se encostar na parede de um prédio comercial antigo.

-Me deixem em paz! O que querem comigo?! – Diz Sara com os olhos arregalados, suava frio.

Eles se aproximam.

- Nada! – Diz um deles se aproximando para acariciar seu rosto - Só quero brincar um pouco! –Sara vira o rosto – O que há princesa?! Vai dizer que não gosta?! - Sorri fazendo um gesto obsceno.

Ela então cospe o seu rosto.

- Nojento! Tira a mão de mim! - Sara fica arredia.

Ele lhe dá uma bofetada e a pega pelos cabelos enquanto o outro arromba a porta do prédio.

- Coloca ela para dentro! Aqui tamo fazendo muito alvoroço! E tapa a boca dela! - Diz o comparsa segurando a porta.

Sara tenta gritar e se segurar a tudo que vê pela frente, mas o bandido a segura e tapa sua boca, ela difere tapas, socos e arranhões, mas ele consegue a conter, difere xingamentos a ela, deixa um rastro de poeira enquanto a arrasta pelo chão.

O bandido a joga no meio do salão da antiga loja, e começa a tirar o cinto, enquanto o outro fechava a porta.

-Você é metida a brava não é?! Vamos ver depois que eu te amaciar!

Sara se levanta e tenta correr em direção a porta, um deles a pega e joga no chão e dá-lhe um chute na barriga.

- FICA AI! Você não vai sair daqui! Não sem a gente se divertir um pouco! - Eles riem.

Sara fica caída no chão com as mãos sobre a barriga, chorava muito, não havia o que fazer, não havia a quem recorrer, estava desesperada, o sentimento de impotência e fragilidade a dominam naquele momento.

- Vamo! Segura ela! - Diz um dos bandidos tirando as calças.

Enquanto outro tentava a imobilizar ela se debatia desesperadamente.

-NÃO, por favor não! Me solta! Me solta por favor!

Os bandidos riam, inescrupulosos sentiam prazer em seu desespero.

Mas algo começa a acontecer assim que Sara para de reagir e por isso eles não esperavam.

Os olhos de Sara se tornam negros, o bandido que estava sem as calças começa a sentir uma forte dor de cabeça e cai de joelhos, põe as mãos na cabeça se contorcendo aos gritos.

-Leo! O que foi cara?! - Diz o comparsa com olhos arregalados.

-MINHA CABEÇA! MINHA CABEÇA! – Ele grita, agarrando seus cabelos, se contorce, põe cabeça próxima aos joelhos, suava frio, estava vermelho.

- LEO! O QUE TA ACONTECENDO CARA?! - o comparsa tenso solta Sara, e se afasta assustado, demonstrando o quanto era covarde.

Os gritos param, Leo levanta a cabeça, lança um olhar penetrante ao comparsa, olha bem no fundo dos seus olhos, sua feição agora estava transtornada.

-VOCÊ! - Ele aponta para o homem com muito ódio - Foi você, SEU MISERÁVEL!

-Leo cara?! O que te fiz? Tá me assustando... - Mau termina de falar e é agarrado ferozmente, Leo começa a espanca-lo, o pega pelo pescoço pressionando contra parede, ele bate em seus braços e começa a desfalecer, mas ele só o solta depois de
deixá-lo inconsciente.

Enquanto isso Sara com o rosto sem expressão se levanta, permanecia olhando a sena, seus olhos ainda estavam totalmente negros.

Leo tira o revólver que estava na cintura do comparsa, vira-se para Sara e aponta para sua própria cabeça e começa a chorar, muito transtornado, suava muito, estava fora de si, engatilha a arma, mas antes de disparar os olhos de Sara voltam a ser claros e o bandido solta a arma e cai de joelhos no chão chorando copiosamente olhando para Sara.

-O que é você?! –Diz ele enquanto se urina por completo, estava em estado de choque, começa a se arrastar para longe de Sara.

A porta de saída range alto, mas antes dela sair, olha para traz fixamente para Leo, que abraçado aos joelhos, balbuciando palavras desconexas, com os olhos arregalados a observava.

- Meu nome é Hera Negra! - Sara fecha a porta e avista o carro da polícia chegando, ela põe o capuz e continua sua caminhada sem destino.

FRANKENSTEINOnde histórias criam vida. Descubra agora