📚Capítulo 13 - Lucas

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Consegui dormir mais uma hora, acordei, escovei os dentes e fui tomar café, nem tomei banho, porque se eu tomasse, ia perder o café.

Quando cheguei, tinha poucas pessoas. Peguei bolo e café, e uma banana, e me sentei à mesa. Estava faminto, parecia que eu estava há dias sem comer. Depois de terminar de comer, fui tomar um banho antes de começar o trabalho.

Arrumei minha cama, dobrei o edredom. Amanhã à noite, antes do jantar, vou lavar o banheiro. No domingo, lavo as roupas, já que é o tempo que acumula. O bom é que tem uma lavanderia aqui, com direito a secadora.

Tomei um banho bem demorado, com água quente. Tirei o moletom e vesti o uniforme e fui para a cozinha.

- Bom dia. - entrei, o banho me deu mais energia.

- Bom dia, filho. - Maria me respondeu gentilmente, como sempre.

- Bom dia. Você está muito feliz, tem algum motivo? - perguntou Lúcia desconfiada, mas com um sorriso.

A verdade é que tive uma boa noite de sono, dormindo com o Derek. Claro que jamais vou dizer isso a ele, e nem a elas.

- Nenhum motivo em específico. - mudei de assunto. - Qual é o cardápio de hoje?

- Peixe ao molho. - fiz uma careta. - O que foi?

- Não gosto de peixe ao molho, mas tudo bem. - óbvio que não vou reclamar só porque eu não quero. - Nem estou com muita fome mesmo.

- Calma. Vai ter peixe assado também. - meu sorriso se alargou. - Seu safado.

- Mas também vai ter linguiça assada. - eu amo linguiça assada. - Porque vai que alguns como você não comem, e também, tem uns que têm alergia.

- Entendi. Peixe com vinagrete é muito bom, posso fazer? - fiz cara de pidão.

- Já ia pedir. - ela começou a sorrir. - Claro, você pode cuidar da farofa também? Tem muito peixe para fazer, muita comida, e somos apenas três.

- Tudo bem, faço sem nenhum problema.

- Por isso gostamos muito de você, você nos ajuda demais. - sorri envergonhado. - Pode fazer salada normal. Pode usar todo o alface, hoje chegam verduras fresquinhas.

Comecei a cortar o alface em pedaços menores. Depois, ralei a cenoura, cortei o tomate e a cebola, e terminei a salada normal. Coloquei o tomate no triturador para ficar com pedaços pequenos para o vinagrete, depois triturei a cebola, o pimentão e coloquei um pouco de cebola roxa. Terminei de fazer a salada e a farofa.

A comida atrasou porque havia muito peixe para fritar, além do arroz, feijão e peixe ao molho. Enquanto elas terminavam na cozinha, fui colocar as comidas que já estavam prontas no self-service. Os soldados já estavam todos no refeitório esperando a comida.

Fiquei com vergonha por estarem olhando para mim, especificamente Derek. Eu estava carregando uma das grandes panelas de feijão, eu era forte, mas ela era bem pesada. Graças a Deus, o tenente Gibson viu meu pequeno sofrimento e me ajudou.

- Deixe-me ajudá-lo - disse ele gentilmente, pegando a panela das minhas mãos. - Isso está bem pesado.

- Sim. - soltei uma risada, e despejei a panela no recipiente. - Muito obrigado pela ajuda, tenente. Estava bem pesado mesmo.

- À disposição, soldado. - ele voltou para sua mesa onde estava sentado.

Voltei para a cozinha depois de colocarmos tudo na mesa. Fui comer logo, e assim que peguei meu prato, fui em direção à minha mesa, onde Maurício já estava, me lançando aquele lindo sorriso galanteador dele.

- Que sorriso lindo. - falei sorrindo de volta, o deixando envergonhado.

- Você está soltando faíscas, Lu. O que você aprontou, hein? - perguntou curioso, me fazendo rir.

- Eu dormi com Derek, mas não do jeito que você está pensando. - falei baixinho assim que me sentei.

- E como foi? - ele levantou a sobrancelha.

- Ele estava com muito frio, e meu edredom era grosso. - parei enquanto mastigava a comida. - Então o chamei para dormir comigo. Ele estava batendo os dentes, não podia deixá-lo daquele jeito. Faria isso por qualquer um, até mesmo por ele.

- Mas... você sentiu atração? - ele perguntou receoso.

- Não, foi um momento legal. Eu dormi muito bem, sabe? Acho que foi pela companhia. - dormi nas nuvens. - Acho que sou aquele tipo de pessoa que gosta de dormir com alguém, eu me sinto... seguro e confortável. Inclusive, eu amava dormir com meus irmãos quando era criança, mas aí eles foram crescendo e saindo de casa, primeiro minha irmã, depois meu irmão... enfim.

Sinto falta da minha infância. Quando somos crianças, ansiamos tanto por crescer, amadurecer e fazer coisas de jovens. E quando crescemos, só pensamos em voltar ao passado, onde nossa inocência era preservada, sem nos importarmos com as frescuras de agora.

Fiquei tão perdido nos meus pensamentos que esqueci da realidade. Voltei à tona com Maurício me chamando.

- Lucas... Lu... você está bem? - perguntou preocupado e lancei um sorriso gentil.

- Sim, tudo bem. - voltei a comer minha comida.

- Hoje a noite de filmes está de pé? - confirmei com a cabeça, já que estava com a boca cheia. - Dorme comigo.

- Ah, não, não quero incomodar você e seu colega.

- Você não é incômodo! Dorme comigo, por favor. - fiz beicinho. Como vou dizer não para esses olhos pidões.

- Ok, eu durmo. - sorri revirando os olhos. - Preciso levar edredom?

- Não, eu tenho um bem grande e quente. Leva apenas os chocolates e o notebook, eu não trouxe o meu.

- Tá bom. Depois do jantar?

- Sim, pego a água e vou arrumar minha bagunça, para você não ficar desconfortável. - ele começou a gargalhar.

- Eu iria dizer que não precisa, afinal o quarto é seu, mas precisa sim, e é bom até para você. - mandei uma piscadela.

- Acho que amanhã não tem treino, porque tem previsão de chuva o dia todinho, começando hoje à tarde. Então, se liberarem a gente cedo, dá para eu limpar o chiqueiro.

Se chover, vai ser literalmente ótimo para assistir. Crepúsculo + chuva + frio + chocolate + companhia = a perfeição.

- Tomara que chova. Imagina que delícia assistir Crepúsculo com esse clima. - fiquei ansioso só de pensar.

Ele me lançou um sorriso forçado. Ele iria adorar Crepúsculo!

Um amor que floresce em silêncio - Romance Gay Onde histórias criam vida. Descubra agora