Capítulo XLVI: sem assistentes

8.2K 861 313
                                    

Megan

Eu não queria retornar as aulas. Já estou tão atrasada que não faria diferença passar mais uns dias com os meus pais.

" Isso não é negociável." Nate diz sentado no lugar de sempre, bem à ponta da mesa.

Os lugares de Noah e Shade estão vazios, qualquer um de nós poderia ter tomado suas cadeiras, mas não, em meu coração há esperança de que eles passem pela porta a qualquer momento.

Parece bobagem, mas as cadeiras vazias representam muito mais do que podem parecer. O vazio nesta sala, é o mesmo vazio que sinto em meu peito.

Tudo parece normal, a mesa continua cheia, a sala mantém a mesma iluminação e as janelas estão abertas, dando uma visão ampla do jardim. O cheiro é o mesmo, a forma como Ace e Tristan se portam a mesa, é a mesma.

Mas ainda falta alguma coisa.

" Eu gostaria de passar mais tempo com mamãe, antes deles partirem..." Eu tento mais uma vez convencer Nate a não me forçar a encarar os alunos no campus.

" Você terá outras oportunidades, seus pais são bem-vindos nesta casa." Nate parece completamente concentrado em sua refeição, não fazendo nenhuma questão de me olhar enquanto fala.

" Ao menos olhe para mim quando falar comigo!" O barulho do talher caindo no prato e meu tom de voz alterado chama a atenção dos três.

Ace arqueia uma sobrancelha, Tristan arregala os olhos e Nate levanta a cabeça lentamente até me encarar.

Se Tristan e Ace são dois demônios, pode-se dizer que Nate é o próprio rei do inferno. Seus olhos pegam fogo, mas sua postura continua com a mesma complacência. 

" Eles moram muito longe, você sabe disso. Não é como se pudessem virem com frequência." Continuo quando tenho sua total atenção.

" Cuidado com o tom, Red." Há uma ameaça em sua voz.

Se o objetivo era me causar medo, teve o efeito contrário. Um calor estranho acumula em meu interior. Eu queria sua voz rouca sussurrando em meu ouvido mais uma vez...

Imagens do que eu poderia ter feito quando estava sentada em seu colo, me atormentam desde que Nate me deixou sozinha para que eu tomasse banho.

" Se isso é um problema, existem algumas residências a venda aqui perto. Basta escolher uma e será dos seus pais, assim você os terá por perto."

" O-oque?" Ele só pode estar brincando. " Meus pais já tem uma casa, eles não precisam..."

" Veja isso como um presente." Nate me interrompe. " Você está vivendo momentos difíceis, seria bom ter sua família por perto. Além disso, gosto como você se sente a vontade quando eles estão aqui. Eles são pessoas boas, então apenas aceite."

Algo em Nate é muito perturbador. Não é o que ele fala, mas a forma como o faz. Ele não deixa espaço para argumentações, e antes mesmo que possa pensar em uma resposta, ele já encerrou sem que eu perceba.

É por isso, que na maioria das vezes, apenas desisto de tentar argumentar.

Ainda assim, hoje não quero apenas baixar a cabeça e receber o que ele tem para oferecer. Se vou ter que conviver com eles, espero ser tratada de igual para igual, não como uma menina que apenas aceita ordens.

RED: uma história de harém reversoOnde histórias criam vida. Descubra agora