➳ Capítulo 01| A aposta

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O mundo, de fato, nunca acolheu a convivência de seres sobrenaturais com seres humanos de maneira digna ao longo da história

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O mundo, de fato, nunca acolheu a convivência de seres sobrenaturais com seres humanos de maneira digna ao longo da história. A igreja, de certa forma, sempre perseguiu aqueles que divergiam de suas crenças, e apesar de terem passado os tempos temerosos, muitas dessas atitudes persistem ainda hoje.

A contemplação dessa realidade ganha relevância ao se deparar com a imagem de Cristo suspensa nas paredes de uma igreja. É lamentável refletir sobre o período em que Jesus foi crucificado. Mesmo evidenciando sua natureza divina, ele foi submetido à humilhação diante de muitos, incluindo aqueles que professavam adorar seu pai.

O padre proferia palavras cativantes aos adoradores, que ouviam atentamente. Este local não me atrai, pois reconheço que não me enquadro aqui.

A Sra. Gracie suspeita que eu seja ateia, apesar de eu responder às suas diversas perguntas com um simples não. Às vezes, evito parecer ignorante, mas tento me conter diante dela.

A missa, por fim, chegou ao fim por ordem, e então me ergui do banco ao lado de Gracie, a mulher que me "adotou" após minha mudança para Dartalna.

— Irei preparar um almoço para celebrar o nascimento do meu neto. Gostaria que você viesse, Belle. Maria ainda está na maternidade, mas quero fazer algo para quando ela chegar — Gracie apoiou a mão em meu ombro enquanto caminhávamos em direção à porta.

Antes que eu pudesse responder, o padre se aproximou e parou diante de nós.

— Fico contente que tenham vindo hoje. A Maria me avisou que bebê nasceu, fiquei feliz com a notícia — O velho padre conversou com simpatia.

Fitava o homem de cabelos brancos e trajes escuros à minha frente. Seus olhos castanhos, de certo modo, assemelhavam-se à madeira. Refleti que encarar padres talvez não fosse uma ideia brilhante; quem sabe algo desfavorável pudesse ocorrer naquele dia, já que Deus pode castigar aqueles que ousam tocar em seus filhos.

— Ainda não temos nada definido para o dia do batismo. É cedo demais — comentou Gracie.

— Quanto mais rápido, melhor — respondeu, depois, com um sorriso peculiar, dirigiu-me um olhar malicioso. — É bom vê-la aqui, senhorita Belle — fitou-me com uma expressão intrigante.

Encarei-o com firmeza, mantendo o silêncio. Gracie sorriu desconfortavelmente e disse:

— Bem, infelizmente precisamos ir. Até mais, padre — senti sua mão pegar a minha, discretamente me conduzindo para fora pela porta.

Um alívio se instalou em meu peito, e ao parar diante dos degraus da elegante escadaria da igreja, olhei para Gracie e comentei:

— Vou treinar um pouco na pista. Por favor, mande lembranças para Maria — despedi-me educadamente.

Apesar do desconforto, não queria deixar Gracie apreensiva com aquela certa atitude que eu havia notado agora.

— Qualquer coisa, avise, minha filha — ela me abraçou como despedida.

Amor abaixo das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora