O tempo passou, e Noah dormia tranquilo em meus braços enquanto eu subia as escadas com cuidado. A cada passo que eu dava para subir até o outro andar, senti o pano do seu pipo escorregar pelo meu ombro, até que a fralda branca caiu silenciosamente no degrau abaixo.
Poderia me abaixar para pegá-la, mas isso certamente acordaria o bebê, e preferia evitar esse risco. A casa estava completamente silenciosa — apenas eu e Noah. Maria, a única outra pessoa, descansava no andar de cima, e, ainda que eu gritasse, duvido que ela me ouviria. Qualquer movimento em falso poderia tirar Noah do seu sono profundo, roubando-me os poucos momentos de paz neste espaço vazio que seria a casa de Gracie.
Respirei profundamente, afastando a irritação que começava a crescer. Não era hora para perder o controle, nem para ceder a palavras duras e desnecessárias.
Pensei em uma solução rápida e prática. Desci dois degraus com cautela, ajustando Noah para segurar seu corpo com um braço só, deixando a outra mão livre. Inclinei-me devagar, tentando pegar o pano branco sem perturbar o sono tranquilo do bebê.
Assim que o peguei do chão, coloquei-o sobre o ombro e subi as escadas, seguindo o caminho que já havia traçado. Entrei com cuidado pela porta e notei que Maria ainda dormia profundamente.
Aproximei-me do berço com passos leves e, ao chegar, depositei o bebê com delicadeza. Fiquei por um momento apenas observando-o dormir.
Ele parecia um pequeno anjo, uma criatura pura enviada por alguma divindade. Suas bochechas rosadas e arredondadas se destacavam enquanto ele se remexia levemente, o pequeno bico ainda na boca. Não sabia o que dizer, apenas que ele era incrivelmente fofo. Um bebê adorável.
Eu poderia ter um filho. Se eu achasse a pessoa certa, com certeza eu teria um filho. Mas isso é um pensamento para o futuro. Tenho tantas coisas para pensar agora. Tem o campeonato, e o que mais quero nesse momento é ganhar.
Talvez eu perca, isso é indiscutível. Mas não aceito ficar abaixo do segundo lugar. Dizem que temos que aceitar nossas derrotas, e ajudar nossos concorrentes, mas eu não sei se quero isso.
A minha vida inteira tive que se opor contra os outros se não eu não iria sobreviver, tanto na vida quanto nas disputas em que competi.
A vida é estranha, isso é fato.
Por mais que desejamos ter um vida melhor, a gente nunca consegue ela sem batalhar para tal vivência. Às vezes parece até um loop tedioso.
Queria eu poder ser uma criança sem problemas. A vida parece tão fácil quando olhamos para eles.
Saí do quarto sem fazer barulho e, ao descer as escadas, fui até o sofá, onde me sentei e permaneci em silêncio por um tempo. Assisti um pouco de televisão, mas a série não me prendeu por muito tempo.
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Amor abaixo das sombras
FanfictionA rotina comum de Elleithya é subitamente transformada ao encontrar-se inesperadamente com Nevan, um jovem audacioso que deixa o caos em seu rastro. Fascinada pela aura enigmática do rapaz, Elleithya embarca em uma busca incansável por informações s...