➳ Capítulo 11| Mortos não falam

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“Na manhã de hoje, o corpo do estudante Lucas Oliveira foi encontrado no rio, sob a Ponte Estrela

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“Na manhã de hoje, o corpo do estudante Lucas Oliveira foi encontrado no rio, sob a Ponte Estrela. A descoberta foi feita por uma senhora que fazia sua caminhada matinal, como de costume. A comunidade local está em choque, já que este é o quarto homicídio registrado em apenas dois meses.”

As palavras soavam através da televisão, e meu corpo estremecia devido ao temor que estava sentindo. O rapaz descrito na reportagem, era o mesmo que me atendeu quando fui comprar meu carro.

Que tristeza. Espero que a família consiga superar.

— O mundo está ficando cada vez pior, sabe o que isso significa? — indagou Gracie, mexendo a massa do bolo em uma pequena bacia roxa.

Eu a olhei curiosa, esperando sua resposta.

— Significa que Jesus está voltando. Tudo isso acontecendo... as pessoas estão mais violentas, os crimes aumentando, a Terra morrendo a cada dia... é triste, mas é a verdade.

Maria, que estava por perto, virou-se para a mãe e apontou para a televisão.

— O mundo sempre foi uma merda, mãe, e Jesus não tem nada a ver com isso — respondeu, séria.

Gracie revirou os olhos e voltou para a cozinha, enquanto Maria continuava atenta ao jornal.

— Eu conheci ele — murmurei, sentindo o vazio nos meus olhos.

— O quê? — perguntou ela, me olhando curiosa.

— Quando fui comprar meu carro, foi ele quem me atendeu — falei finalmente, em um tom neutro.

É estranho pensar que o vi antes de morrer? A ideia de que cruzei com alguém, e logo depois ele apareceu morto... é como se eu tivesse presenciado seus últimos momentos de vida.

— Isso foi macabro — disse Maria.

Eu a encarei e ri, tentando aliviar a tensão do pensamento em minha mente. Logo depois, ela pegou o celular, atendeu rapidamente, e revirou os olhos antes de me entregar o aparelho.

— Pra que isso? — perguntei, hesitante em pegar o celular.

— É o Elliot. Ele quer falar com você — explicou, entregando o celular de capa verde.

Suspirei e coloquei o telefone no ouvido, esperando ele falar algo.

— Esqueceu meu número, por acaso? — indaguei, séria.

— Eu te liguei, e não foram só duas vezes, não. O que aconteceu, perdeu o celular no cu? — respondeu ele, cheio de sarcasmo.

Revirei os olhos com a resposta e olhei para a estante onde meu celular estava carregando. É provável que tenha tocado, mas eu vivo com o celular no silencioso.

— Dá pra ir direto ao ponto? — perguntei, massageando as têmporas com a mão.

Houve um silêncio do outro lado da linha.

Amor abaixo das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora