Would you fall in the name of love?

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Enid Sinclair

Wednesday respirava com dificuldades, a cada lufada de ar que saia de sua pulmões, ela soltava um pouco de fumaça pelas narinas, sua pele estava vermelha, seus olhos brilhavam em um vermelho vivo. O padre fez rapidamente o sinal da cruz e se afastou de mim. Ele colocou a seringa em cima do púlpito e pegou o seu crucifixo, o beijando em seguida.

— Então, finalmente nos conhecemos, demônio. – Edgar disse.

— Não estou muito afim de papo hoje. – Wednesday respondeu. — Solte ela agora.

— Eu vou livra-la desse mal. – O padre pegou sua bíblia. — Vou liberta-la de você.

Pois, então, iremos pelo caminho mais difícil. – Wednesday se abaixou e pegou uma adaga de sua bota.

— Você não pode me ferir. Eu sou um servo do Deus altíssimo, demônio! -Edgar ergueu seu crucifixo.

Um servo que bebe e abusa de moças inocentes? – Wednesday perguntou e os olhos do homem vacilaram.

— Eu errei muito no passado, mas me tornei uma nova pessoa. – Edgar disse. — Eu fui salvo pelo sangue do cordeiro.

Não, Edgar. Você não mudou em nada. Você apenas finge ser um novo homem e o sangue do salvador não está em você.

— CALADO, DEMÔNIO! – O padre ergueu novamente seu crucifixo. — EM NOME DO DEUS ALTÍSSIMO, VOCÊ VAI CALAR ESSA BOCA!

Não gosta que espalhem seus segredos? – Wednesday forçou um sorriso, mas ao mesmo tempo fez uma careta de dor.

— O meu passado foi jogado no mar do esquecimento. – Edgar deu um passo a frente com seu crucifixo erguido. — Eu fui perdoado.

Para ser perdoado você precisa se arrepender. – Wednesday deu um passo à frente também. — Coisa que você nunca fez...

— Você não sabe da minha vida, você sabe apenas dos meus pecados, mas não darei ouvidos ao mal. – Começou a folhear a bíblia.

Eu sei muito mais do que isso, Edgar. – Wednesday girou a adaga em sua mão e tentou avançar.

— Aquele que habita no esconderijo do altíssimo... – Começou e Wednesday parou abruptamente. — A sombra do onipotente descansará...

— Para! Você está machucando ela! – Pedi, mas o homem não me deu ouvidos.

— Direi do senhor: ele é o meu Deus... – A cada palavra do homem, minha garota fazia uma careta diferente.

Edgar continuava lendo o versículo, o que fez com que Wednesday caísse de joelhos, mas, mesmo com toda aquela merda acontecendo, ela tentava se aproximar. Eu não podia deixar aquilo continuar. Comecei a me debater na cadeira, mas não conseguia me soltar. Eu olhei para a frente e Wednesday continuava tentando se aproximar, mesmo de joelhos, mas o homem não cessava sua oração.

Senti quando algo dentro de mim acordou. Os meus olhos mudaram de cor, meus caninos estavam se alongando, e soltei um uivou enquanto as minhas roupas eram destruídas, assim como as cordas que me prendiam, e uma pelagem branca dava lugar a minha pele alva.

— O quê? – O padre parou de falar para me olhar. Eu estava de pé em sua frente e era duas vezes mais alta que ele.

Avancei em direção ao homem, acertando minhas garras contra o seu peito duas vezes e o jogando para o meio dos bancos da igreja. Eu pensei em continuar atacando, mas precisava checar a Wednesday, que ainda estava de joelhos e parecia muito cansada. Eu devia matar esse desgraçado por deixa-la assim.

Dei uma lambida em seu rosto e ela me encarou com um sorriso no rosto enquanto acariciava minha pelagem.

Você tem que sair daqui. – Disse em meus pensamentos.

— Mas e você? – A respondi.

— Eu preciso terminar com isso ou você nunca terá paz.

— Eu não posso sair daqui sem você.

— Você deve. Eu não quero que assista isso.

— Eu não vou à lugar nenhum sem você!

— Me espere perto da porta e não olhe. – Wednesday pediu. — Por favor.

— Ok. – Disse, mas é claro que iria olhar.

Wednesday se levantou com dificuldades e se aproximou do padre. Ela o arrastou pelos bancos e parou com ele no altar. A entidade o levantou na altura da cruz de cristo pelo pescoço.

— Eu te condeno... te condeno ao... inferno! – O homem disse com dificuldades e tentou colocar seu crucifixo em Wednesday, mas ela acertou a adaga na mão que ele segurava o objeto, o que o fez soltar imediatamente.

Não mexa com minha família. – Wednesday puxou a adaga do seu braço e enfiou em seu coração.

Os olhos do homem ficaram brancos, o sangue esguichava do ferimento em seu peito e o que mais me deixou chocada foi que uma nevoa negra começou a rodeá-lo. Aos poucos o seu corpo foi desaparecendo, como fumaça, e no lugar ficaram apenas suas cinzas.

Wednesday soltou a adaga e se virou para mim. Os seus olhos haviam voltado a coloração normal e ela caminhou até mim com vagareza, mas, antes que ela pudesse chegar, ela caiu no chão e voltei a minha forma humana com rapidez para ir ao seu encontro.

— Wed. – Disse, enquanto apoiava sua cabeça em minhas pernas. — Fala comigo, amor.

Eu sinto muito... – Wednesday disse em um fio de voz.

— Não, não sinta. Você me salvou e agora vamos sair daqui e seguiremos nossas vidas. Juntas. – Já estava chorando.

Não, filhote. Você não entende. – Wednesday pegou minha mão. — Eu não podia ter entrado aqui.

— Por quê? – Perguntei.

Esse é um local sagrado e os demônios não podem entrar nele. Há apenas um destino para o demônio que o fizer.

Wednesday apertou minha mão, mas notei que não havia tanta força em seu aperto. — Qual o destino?

Nós viramos fumaça, voltamos para casa, e somos condenados a mil anos no inferno. Não poderei voltar para a terra. – Ela disse.

— Não, eu não aceito isso.

— Eu não vou ver o nascimento dos meus filhotes. – Uma lágrima caiu dos seus olhos.

— Por que você fez isso sabendo que não podia?

Você cairia em nome do amor? – Perguntou e eu acenei. — Pois eu também.

Cale a boca. Você vai ver o nascimento dos nossos filhotes. Você precisa.

Eu sinto muito, filhote. – Notei que o corpo da minha garota estava começando a sumir em uma fumaça negra. — Cuidarei de vocês de alguma maneira.

— NÃO, VOCÊ NÃO PODE ME ABANDONAR. VOCÊ NÃO PODE ME APRESENTAR O AMOR E DEPOIS O TIRAR DE MIM.

— Eu sinto muito. – Wednesday acariciou o meu rosto. — Eu te amo...

A puxei para um abraço e a apertei contra o meu corpo, como se pudesse salva-la, mas logo tombei para frente e notei que não havia mais nada em meus braços. Isso não pode estar acontecendo. Ela não pode ter me deixado.

— WEDNESDAY! – Gritei. — POR FAVOR, NÃO FAZ ISSO! – Coloquei minha mão sobre a minha barriga. — NÃOOOOOOOOOOOOOOOOO.

Continua...

Notas da autora

Vocês estão sendo muito mimados por mim, credo

Pacto: Wenclair [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora