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Ana POV's

Assim que cheguei no meu quarto, peguei meus fones de ouvido e coloquei minha playlist da Luísa Sonza.

Meu pai foi muito babaca com a minha mãe, além de trair ela, ele saiu de casa e nunca ligou pra saber se a gente precisava de alguma coisa. Eu tinha 9 anos, dos 9 ao 13 podemos dizer que eu não tive pai. Só depois que a minha mãe voltou a trabalhar com o Jão, ele decidiu ir na nossa casa pra nos ver. Ainda lembro das noites que passei acordada, chorando, enquanto sentia falta dele e ele tava com o Jão fazendo sei lá o que.

Não deu muito tempo e o Jão abriu a porta do quarto, tirei os fones de ouvido e me sentei.

Jão: Posso conversar com você? - Minha vontade é de dizer "não", mas eu sei que o Jão não fez tudo que fez por mal.

Ana: Pode, senta aí - Ele sentou do meu lado.

Jão: Então... Por que toda vez que você vem aqui acaba acontecendo essas brigas entre você e o Pedro?

Ana: Jão, desculpa mas eu não quero conversar sobre isso.

Jão: Eu sei, ele traiu sua mãe, você ficou 4 anos sem ver ele e tudo mais, só que ele se arrependeu Ana - Me recusei a olhar pra ele nesse momento - Você não sabe da história toda.

Ana: Então me conta.

Parecia que ele queria falar mas não podia.

Ana: Se você sabe de algo que eu não sei, então me conta.

Jão: O seu pai saiu de casa e logo veio morar comigo, ele disse que queria te trazer junto mas foi a sua mãe que não deixou, ela disse que jamais deixaria você com o irresponsável do seu pai e o amante dele - Foi a primeira vez que senti pena do meu pai - Depois disso ele ficou muito triste, chorava todos os dias pensando em você, ele sempre lembrava de você quando os gatos deitavam no colo dele.

Ana: E por que ele nunca disse isso pra mim?

Jão: Ele não queria que você soubesse que a sua mãe não deixou você ver ele, mas ele tava sempre falando que um dia você ia vir morar com a gente, era o maior sonho dele e agora você tá aqui.

Ana: Pra mim ainda é difícil ver o homem que traiu a minha mãe e me abandonou, na mesma casa que eu.

Jão: Eu sei que é, mas ele se arrependeu, ele te ama mais do que tudo.

Ana: Acha que se eu tentasse...

Jão: É óbvio que ele te receberia de braços abertos, uma reaproximação é tudo o que o Pedro mais quer.

Ok, talvez eu tenha me enganado sobre o meu pai, mas ele ainda tá errado na história.

Ana: Tá, eu prometo que vou tentar me reaproximar e não brigar mais, só que ele ainda tá errado em ter traído a minha mãe.

Jão: Tem razão... Nós dois erramos nisso, mas nós tivemos essa mesma conversa com a sua mãe e ela perdoou o seu pai.

Ana: Mesmo sabendo que ele tá errado?

Jão: O seu pai tinha medo de assumir que era gay, ele achava que era errado.

Ana: Sim, a família dele é preconceituosa demais...

Jão: Exatamente, mas ele queria se descobrir e foi o único jeito que ele achou de fazer isso, mesmo sabendo que era errado.

Pensei um pouco sobre tudo que o Jão disse.

Ana: Ok, agora talvez eu consiga perdoar ele por tudo.

Jão: Não precisa mudar tudo de uma hora pra outra, vai se reaproximando aos poucos tá bom? - Eu sorrio e ele pisca.

Logo que ele sai do meu quarto, eu arrumo minhas coisas e vou procurar meu pai. Fui pro quarto que ele dorme com o Jão e por sorte ele estava sozinho.

Ana: Pai? - Ele me olha um pouco receoso - A gente pode conversar?

Pedro: Claro que pode.

Sentei em uma cadeira de frente pra ele.

Ana: Jão me contou tudo que aconteceu nos quatro anos que você ficou sem me ver.

Pedro: Então agora você entende o meu lado?

Ana: Não, você ainda tava errado em trair a minha mãe, mas agora eu entendo porque você me procurou logo que voltou.

Pedro: Tem ideia do que teria acontecido se eu tivesse me separado da sua mãe antes?

Ana: Então você tá admitindo que foi covarde?

Pedro: A minha família é muito preconceituosa, eles viriam até aqui pra me fazer ficar pior do que eu já estava e poderiam até ter te tirado da sua mãe.

Ana: Ainda foi covarde!  - Nunca tinha visto meu pai baixar a cabeça quando fala com alguém, e não esperava que a primeira vez fosse ser numa conversa comigo.

Pedro: Eu sei, fui covarde de ter traído a sua mãe e de não ter te procurado antes, mas eu pensei em você todos os dias Ana Laura, todos os dias.

Me aproximei e abracei ele. Era a primeira vez que eu abraçava meu pai desde que ele voltou.

Pedro: Me desculpa filha, eu não queria que nada disso tivesse acontecido

Ana: Agora tá tudo bem.

Deixei ele sozinho e fui pra sala.

Continua...

Eu posso ser como vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora