Eu posso ser como você

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Jão POV'S

O filme acaba e percebo que o Pedro está dormindo.

Jão: Vida - Tento acordar ele - Pepeu, acorda.

Pedro: Hum... Deixa eu dormir amor - Ele se aconchega mais ainda em mim.

Jão: Não vida, a gente ainda tem que jantar, depois você dorme.

O jeito que o Pedro parece um neném dormindo é tão bonitinho. Ele se encolhe todo em cima de mim.

Ana: Jantar? Mas tá tarde Jão.

Jão: Se vocês não tem fome sinto muito mas eu tenho.

Ana: Não sei o que vocês vão fazer, mas eu vou dormir.

Pedro: Seja feliz criança.

A Ana vai pro quarto e o Pedro continua deitado em cima de mim.

Jão: Eu quero comer.

Pedro: Tem eu aqui.

Jão: Pedro Augusto! A sua filha tá logo ali.

Pedro: Ela tem o sono pesado.

Jão: Você é muito safado sabia?

Pedro: Você sempre diz isso, talvez eu seja mesmo.

Pedro sai de cima de mim e eu vou esquentar o que sobrou do nhoque.

Jão: Sabe uma coisa que eu tava pensando?

Pedro: O que?

Jão: A gente bem que podia ir pra Américo né? Pra casa dos meus pais.

Pedro: Quando?

Jão: Depois de lançar o álbum novo.

Pedro: Tenho que ver com a Malu pra Ana ficar lá na casa dela.

Jão: Leva a Ana junto.

Pedro: Tá doido? Não quero acabar sendo um incômodo na casa dos seus pais.

Jão: Você e a Ana nunca seriam incômodo nenhum. E a minha mãe pediu pra conhecer ela, acho que ela tem saudade de quando a Bela era adolescente também.

Pedro: Tem certeza de que é uma boa ideia?

Jão: Claro! Meus pais vão adorar.

Pedro: Depois conversamos melhor sobre isso.

Pedro POV'S

Eu sei que o Jão gosta muito de ir pra casa dos pais dele, mas agora que eu consegui me reaproximar de vez da minha filha não quero correr o risco de perder a relação que nós construímos até aqui. Sempre foi muito difícil conversar com a Ana, agora que ela entende melhor as coisas não dá pra perder qualquer chance que eu tenha de passar um tempo com ela.

{5 dias depois}

Acordei cedo na esperança de não acordar o João e nem a Ana. A Malu viria buscar a Ana e eu queria conversar á sós com ela sobre a turnê.
Ouço o interfone tocar e digo pro porteiro liberar a Malu.

Pedro: Que bom que você veio cedo, entra aí - Ela entra e senta no sofá.

Malu: Você disse que queria conversar então eu achei melhor vir antes da Ana acordar.

Pedro: É... Na verdade nós PRECISAMOS conversar.

Malu: Pedro, eu sei que você não gosta de expôr a Ana, mas não pode deixar ela com a sua mãe. Ela já é grande e ela trabalha com a gente.

Pedro: Acha mesmo que é uma boa ideia?

Malu: Claro que é, ela sabe se cuidar.

Pedro: Então tá bom. Mas também tem outra coisa.

Malu: Sobre?

Pedro: O João quer ir pra casa dos pais dele passar uns dias e disse que a mãe dele queria conhecer a Ana.

Malu: Quando?

Pedro: Depois do lançamento do álbum novo.

Malu: Por mim não tem problema nenhum, contanto que você não esqueça de me ligar todos os dias.

Pedro: Então tá tudo certo, quando vocês vão viajar?

Malu: Daqui três dias, o Lucas já deixou tudo pronto.

Pedro: Sabe, é legal você ter ele por perto, dá pra ver que ele te faz bem.

Malu: Você dizendo que o Lucas faz bem?? Acho que vai chover.

Pedro: Para, eu tô tentando ser mais tolerante tá bom?

Malu: É, eu tô percebendo.

Ela ri e logo um ser de cabelos castanhos com uma mochila preta aparece na sala.

Ana: Que que você tá fazendo aqui mulher? São nove horas da manhã.

Malu: Bom dia Ana Laura, tudo bem sim e com você?

Vejo minha filha rir e se jogar no sofá.

Ana: Pai, quero café com leite.

Pedro: Levanta e faz.

Ana: Mãe, você vai deixar ele falar assim com a sua filha??

Malu: Para de drama, a gente vai tomar café na rua e depois vamos pra casa.

Ana: Ué, acabou o café da sua casa?

Malu: Não, mas eu fiquei com preguiça de fazer.

A Ana ri e se levanta.
Depois de tanto tempo, não imaginei que a minha relação com a Malu teria voltado ao que era antes do nosso casamento. O jeito que a Malu terminou comigo foi bem difícil. Ela foi ligar a lanterna do meu celular pra ver onde o brinco dela tinha caído e bem na hora chegou mensagem do Jão. Ela surtou. Ela me mandou embora sem mais nem menos, eu nem pude me despedir da Ana. Peguei tudo que era meu e botei no meu carro, eu não tinha pra onde ir. Fui direto pro apartamento do Jão, eu só consegui pensar nele naquela hora. Ele era a única pessoa que eu sei que não me negaria abrigo. Naquela noite eu nem consegui dormir, só pensava no que eu tinha feito e na Ana. O que ela pensaria sobre o homem que traiu a mãe dela? Eu me sentia um lixo, fui covarde e me afastei dela ao invés de tentar me explicar. Depois de muito tempo, cá estamos.

Ana: Tchau pai - Ela me abraça e eu só consigo sentir os braços dela em volta do meu corpo. O abraço da minha filha com certeza é o melhor do mundo.

Pedro: Tchau filha, me manda mensagem caso aconteça alguma coisa.

Ana: Tá bom.

Elas vão embora e logo o João acorda.

Jão: Por que você sempre foge de mim vida? - Ele se aproxima e me beija.

Pedro: Eu tinha assuntos familiares pra resolver.

Jão: Ana já foi?

Pedro: Foi.

Arrumamos a mesa do café e ficamos um tempo conversando.

Continua...