"Antes dos grandes impérios, os habitantes de Platinum viviam em concórdia com os deuses, oferecendo homenagens e devoções sinceras.
Contudo, os próprios deuses não desfrutavam da tranquilidade que seus adoradores proporcionavam, pois o jovem deus Or, nascido da deusa da vida, nutria um amor proibido pela governante do mundo dos mortos, sua tia, a deusa da morte Héxia.
Inicialmente, os deuses acreditavam que tais sentimentos eram apenas efêmeras paixonites resultantes de admiração.
No entanto, com o passar das estações, as convicções de Or sobre seu amor se fortaleciam, levando a deusa da morte a abandonar a mera rejeição para enfrentá-lo em um duelo, empunhando sua temível foice.
Apesar disso, o jovem deus não se intimidou.
Impulsionado por sua apaixonada fúria, ele brandiu sua lâmina contra a deusa. Para surpresa de todos os deuses que observavam de longe, o duelo resultou em um empate. Após conquistar algo que nem mesmo o deus da guerra havia alcançado, Or exigiu um prêmio por seu feito.
No entanto, Héxia, ultrajada por um jovem ter desafiado sua autoridade, ignorou-o, recolhendo-se em seu palácio em Necrópoles."
As unhas afiadas da deusa do sétimo além, deslizavam pela folha do velho livro produzindo um som áspero.
De seus fartos lábios um estalar poderia ser ouvido caso houvesse alguém próximo, sendo este o caso de Corvus os olhos amarelos fendidos se voltaram para Morva.
- Algum problema, minha rainha?
Um suspiro pode ser ouvido, o que deixou o corvo ainda mais perplexo, sua deusa causava essas reações e quando raramente as tinha, significava a aproximação de problemas.
- Quero que você vá para Platinum. - A mulher de longos cabelos roxos fechou o livro em suas mãos, as unhas afiadas tamborilavam na capa de couro grosso com escamas. - Que faça um contrato com uma pessoa.
Sendo um trapaceiro, Corvus já havia sido repreendido e punido diversas vezes por seus pactos ilícitos debaixo do nariz da governante, por isso jamais havia sonhado que tal proposta lhe seria ofertada.
Curioso, ele aguardou por suas novas instruções, enquanto a criança de cabelos verdes que pacificamente repousava em seus braços olhou para Morva com curiosidade.
...
Na grande oficina do bureau violeta havia muitos aparatos, instrumentos e ferramentas mecânicas dos mais diversos tipos e tamanhos organizados ao longo das paredes.
Fora eles, imensas janelas com proteção solar permitiam uma iluminação natural, ainda que também houvesse lampiões e holofotes que usavam magia para auxiliar os artesãos em seu trabalho.
Seu material de estudo poderia ser encontrado nas mesas com repartições ao centro do salão de pesquisa.
Em uma delas, uma bruxa trabalhava no desenho de seu projeto com empenho sem nem notar que alguém se aproximava por suas costas.
- O que está fazendo Tine?
Valentine quase bateu a cabeça no lampião que pairava sobre ela, não havia sido a pergunta inesperada que a havia assustado.
Um riso suave tomou seus ouvidos antes que pudesse visualizar por completo sua fonte.
- Vamos Tine, já é a quarta vez que te vejo nessa mesa, o projeto ainda não está bom o suficiente?
- Ainda não. - Valentine suspirou, ela sempre ficava ansiosa pela presença de Helena, era curiosa a forma como seu coração batia descompassado como um tambor fora de compasso.
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Segredos Imutáveis - As Crônicas Do Corvo
RandomHá uma sombra, que espreita os planos da existência Em Platinum ele é um subdeus, em Aurium uma lenda e em Enfad é um vigarista. Mas, onde quer que ele vá, sempre haverá a frase "Maldito corvo!" a lhe a acompanhar. Aqui registrarei as aparições dess...