[...]" Se eu roubei, se eu roubei teu coração
Tu roubaste, tu roubaste o meu também.
Se roubei, se roubei teu coração.
É porque, é porque te quero bem."
...
Noah encarava o homem que tocava violino com devoção, fora na primeira vez que o loiro havia estado naquela casa que ele aprendera essa música, ele também havia tomado chá, comido biscoitos e...
... Nove anos atrás...
O pequeno Straus havia adormecido na poltrona, a lareira quentinha o mantinha aquecido, de forma que se ele não tivesse ouvido sequer teria acordado.
O som, de um violino tocando tristemente, mas nem por isso deixava de ser belo, o loiro seguiu o som para fora da sala, se sentiu pequeno, menor do que já o era, nos grandes corredores cujos quadros só possuíam imagens de lugares, do bosque ou jardins, nunca de pessoas.
Ao continuar andando, Noah encontrou uma porta dupla, estando uma delas, o lado direito, entreaberta.
Ele espiou por ali e viu, o homem que o trouxera, vestia uma calça preta de tecido e uma camisa de cambraia antiga com rendas e babados, tocava seu violino branco azulado.
Era triste Solitário Sim, Noah podia ver isso, não apenas pela música, a expressão do rosto pálido enquanto tocava era marcante.
Sombria, tal qual alguém que perdera tudo que lhe era mais importante.
Ele não parecia do tipo que recebia muitas visitas.
O loirinho entrou na sala de música, havia um piano ao centro, instrumentos diversos que ficavam pendurados nas paredes, talvez houvesse mais.
Todavia, Noah não prestou atenção, indo direto até o músico e abraçando sua perna, o homem de cabelos cacheados ao lhe ver ali parou de tocar, largando o violino de lado ele pegou o pequeno no colo.
Havia lágrimas escorrendo pelo rosto infantil, sem hesitação, o mais velho usou sua manga de sua camisa para enxugá-las.
A melodia recomeçou com um murmurar, Noah deitou sua cabeça no ombro do homem, que acariciou seus cabelos até que ele adormecesse.
...
Olhos de cristal lhe encaravam, sem em momento algum parar de tocar.
"A música ainda não havia acabado" - a mensagem implícita naquele olhar, fez Noah retomar sua postura diante do piano
O rapaz voltou a tocar, sentindo as vibrações das notas do violino entrarem em sua alma, quase a rasgando.
Era belo, profundamente belo, intenso, tudo em demasia, que Noah tinha a impressão de haver borboletas em seu estômago.
Ao final da música Noah sorriu, a sensação de estar no lugar certo invadia seu peito, ele ficaria ali para sempre, foi no meio desse pensamento que seu telefone tocou, o mais alto fez sinal para que ele atendesse.
Não foi surpresa alguma ver que era sua irmã, ele não atendeu, não ouviria gritos, nada iria estragar o som que ele se esforçava para manter na mente.
- Tenho que ir. - Apesar das palavras serem resolutas, Noah não tinha vontade alguma de ir embora.
O músico assentiu sem reação, ele acompanhou o loiro de volta a sala da lareira para pegar as coisas de Noah.
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Segredos Imutáveis - As Crônicas Do Corvo
AcakHá uma sombra, que espreita os planos da existência Em Platinum ele é um subdeus, em Aurium uma lenda e em Enfad é um vigarista. Mas, onde quer que ele vá, sempre haverá a frase "Maldito corvo!" a lhe a acompanhar. Aqui registrarei as aparições dess...