O Anjo no Bosque II

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[...] " Nessa rua nessa, rua tem um bosque

Que se chama, que se chama solidão.

Dentro dele, dentro dele mora um anjo;

Que roubou, que roubou meu coração"[...]

...

Então seria essa uma boa alternativa?

O bosque, já fazia tantos anos que não pisava naquele lugar, ou melhor, por ter a fama de ser assombrado, ninguém pisava naquele lugar depois que um certo garotinho havia sido raptado pelo famoso, "O anjo do bosque", como costumavam contar as histórias do episódio da infância de Noah.

Mesmo ele nunca tendo mencionado anjo nenhum... Deveria ser obra daquelas fofoqueiras.

Muitos disseram que não passava de um homem cujo passado sombrio o obrigou a se isolar da sociedade que o pequeno Straus tivera sorte de permanecer vivo, mas isso era bobagem.

Afinal, que tipo de assassino idiota se esconderia num bosque?

Um psicopata talvez.

A polícia investigou, porém, desde então, as famílias pararam de ir até o bosque.

Não importava, tudo isso acontecera há anos atrás, a essa altura já não teria mais nada nem ninguém lá.

Era só um bosque qualquer, e naquele momento, um abrigo ideal contra os ladrões.

Com o que lhe restava de forças, Noah jogou a bolsa da mochila por cima da grade e foi logo em seguida a escalando, tendo um pouco de dificuldade ao passar pelas lanças do topo, mas não fora nada de especial, apenas a parte de trás de sua blusa rasgou, contudo, o que seria isso perto de ser espancado?

Do outro lado, ele se apressou em pegar a bolsa e pular para os arbustos mais próximos.

Algum dos moradores dali o teriam visto?

Se sim, provavelmente chamariam a polícia e isso só ajudaria John, contudo se seus pais tivessem que ser chamados na delegacia ele teria problemas, ainda mais porque eles estavam de viagem, sendo assim, quem responderia por ele seria Marie.

" - Droga" - Ele pensou revirando os olhos. - "Como se já não bastasse ela me tratar como um bebê, se souber disso não vai me deixar mais sair de casa"

Ele pegou o celular, vendo que eram 14:02 da tarde, já não daria para chamar isso de atraso da escola, a menos que falasse que o ônibus que costumava pegar quebrou.

Mesmo assim, não demoraria muito para que Marie começasse a ligar.

Estando no bosque e sem muita opção, o jovem se permitiu entrar mais um pouco no embrenhado de galhos dos arbustos, para, pelo menos naquele dia, ter um pouco de paz, ouviria uma cachoeira de reclamações ao chegar em casa, mas suportaria se tivesse um pouco de tranquilidade.

"-Afinal" - ele pensou - "Ela vai reclamar de qualquer maneira, uma reclamação a mais, uma a menos... Não fará diferença mesmo"!

Ele parou para se sentar em frente a uma árvore que parecia não ter musgo, usando a mochila como apoio para as costas e deixando o precioso case ao lado de seu corpo, Noah tirou do casaco um pacote de docinhos, eis aí seu maior ponto fraco, doces.

Garotos da idade de Noah costumavam fumar ou beber para relaxar, mas o loiro não, preferia mil vezes um pote de cookies de chocolate, ou talvez um bolo de chocolate, enfim, bastava ter chocolate para ser o maior alívio do mundo.

Segredos Imutáveis - As Crônicas Do CorvoOnde histórias criam vida. Descubra agora