Um povo curioso sob a luz do sol

32 11 0
                                    


A costa oeste do império Solar possuí uma vila misteriosa, ela raramente recebe bem estrangeiros, porém aqueles que foram lá disseram coisas curiosas que lhes foram reveladas pelos locais

Nenhum de seus moradores eram de fato nascidos ali, embora quando questionado o habitante da vila apenas disse que eles vieram de longe e um dia partirão dali.

Entre todos os seus habitantes havia apenas um idoso, este era o chefe da vila e em todas as narrativas acerca desse local era sempre apontado como um homem sério que restringiria todo o contato de estrangeiros com o povo ao mínimo possível, se limitando unicamente a falar sobre negócios comerciais.

O resto dos aldeões eram todos jovens, homens e mulheres de faixa etária entre 15 e 25 anos e embora pudesse ser avistada uma ou outra mulher grávida, não havia presença ou sequer vestígios de crianças, ou alguém mais novo do que essa idade.

Um dos registros antigos conta uma história curiosa sobre um comerciante do porto de Cristal que em uma noite onde a insônia por estar longe de casa não lhe havia permitido desfrutar das bênçãos de Yubi, gentil deus do sono, o deixou inquieto, assim o homem saiu de seu quarto e vagou pelas ruas desertas.

Todas as simples casas feitas de madeira que pareciam réplicas umas das outras, tornando quase impossível de se identificá-las senão por um ou outro enfeite de porta, ou vasos de flores nas janelas, sem exceção, todas estavam sem luz alguma vinda de porta ou janela, como se todos os moradores tivessem ido embora sem motivo aparente.

Mesmo com o ambiente estranho o homem continuou andando, afinal se mesmo os habitantes do império Lunar tinham suas peculiaridades como na capital Diamater, onde eles apenas trabalhavam ao anoitecer, dessa forma, não seria plausível que os habitantes mais distantes da capital Helium, dormissem com o pôr do sol?

Com esse pensamento em mente, o comerciante continuou com sua caminhada que o levou até a praia, onde ventos suaves e refrescantes empurravam as dunas com o passar da hora.

Ainda sem se sentir cansado, ele tirou os sapatos e caminhou pela areia, quando estava finalmente se decidindo por voltar para seu alojamento, ele viu uma grande casa entre as dunas.

Não era de fato uma mansão, mas era muito maior do que qualquer outra casa da região, até mesmo a pousada em que ele havia sido "orientado" a ficar pelo chefe da vila parecia pequena diante dessa curiosa peça de madeira entre as dunas

Diferente das outras casas, essa possuía luz vinda de dentro, ainda que essa luz fosse azulada e fria como as ondas do mar que escapava pela porta da frente completamente aberta.

Chegando mais perto, o comerciante viu uma placa entalhada na entrada que dizia:

"Museu do mar"

Curioso, o homem se aproximou da porta se perguntando que tipo de tolices haveriam ali. Sendo considerado um velho lobo-do-mar, o homem sempre encontrara coisas, lendas estranhas aqui e ali, mas museus como esses de cidades pequenas apenas tinham ninharias ou falsificações, servindo como uma forma de ganhar dinheiro fácil dos turistas.

Mesmo assim, alguma coisa era melhor do que nada e agora que a sua curiosidade havia sido avivada, prevendo que volta e meia se depararia com alguém, o comerciante, que era um tagarela por natureza, se sentiu muito corajoso.

E foi com pesar que relatou também haver ter passado por sua mente que, se possível, ele também pregaria uma peça aos aldeões que encontrasse desprevenidos no museu.

Ao entrar, o cheiro de maresia ainda era bem forte na madeira da construção que parecia ser corroída por ela. O piso era simples e surpreendentemente limpo para uma casa feita no meio da areia, havia várias vigas de sustentação para o teto entalhadas com desenhos de animais marítimos e amarradas por cordas de navios que sustentavam lampiões de onde a luz azul vinha.

Segredos Imutáveis - As Crônicas Do CorvoOnde histórias criam vida. Descubra agora