Let It Go

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Let It Go by James Bay

...

Caroline POV

A parte boa do jogo de estreia da Rosa ser em outro estado é que eu fico com o carro só pra mim, a parte ruim, claro, é que eu sinto saudade dela. Ela viajou ontem e volta amanhã de manhã, ela estava um pouco triste porque a data que programamos pra fazer a aplicação do embrião já tinha passado e não recebemos nada da clínica de que a fertilização tinha dado certo. Nem viajamos também já que tínhamos desistido da ideia, ela ficou meio pra baixo no feriado e ligou pro seus pais pra dar a notícia de que estávamos começando de vez no tratamento, pelo o que eu entendi ela já tinha compartilhado que queríamos.

Minha família já sabia cada detalhe de tudo, eu era bem mais apegada que a Rosa e compartilhava tudo com eles, desde quando decidimos em Maldivas que iríamos começar o processo, até escolher a clínica e no dia que fiz o procedimento de coleta. Renata era a mais animada de todo mundo, me falava mil e uma coisas sobre gravidez cada vez que eu ligava pra ela. A única pessoa que Rosa realmente se abria sobre o processo era Paulinha, sua irmã, que sempre nos atendia com a pequena Mariana em seus braços, ela já tinha quatro meses e era uma fofura.

Aproveitei meu tempo de descanso pra ir no Starbucks e fazer o que todo americano fazia, sentar na mesinha e ficar trabalhando no computador enquanto passa três horas pra tomar um cappuccino. Por esses motivos que eu amava ter o carro comigo, conseguia fazer essas coisas espontâneas que faziam meu dia ser mais leve.

Estava completamente imersa nas estatísticas que montava dos nossos três jogos até aqui quando senti meu celular vibrando, desvirei ele na mesa e vi que era um número daqui mesmo, não era a Rosa, que normalmente era a única pessoa que ligava pra mim no telefone normal.

Eu acionei meu modo inglês e atendi. "Oi."

"Esse é o telefone de Carol Gattaz?" A pessoa falou meu nome com sotaque do outro lado da linha, franzi o cenho.

"Sim, sou eu."

"Aqui é a Shannon, da clínica de IVF, temos ótimas notícias pra você e sua esposa. Três óvulos fertilizaram e estão prontos pra aplicação." Meu coração bateu fora de compasso quando ela falou isso. Eu coloquei a mão na boca e quase tive o impulso de desligar e ligar pra Rosa pra contar a novidade.

"Que bom! Fico muito feliz! Podemos ir amanhã à tarde?" Empurrei o computador pra longe sentindo uma vontade absurda de gritar.

"Precisamos que venha hoje." Ela falou e eu fechei a cara na hora. Hoje não. "Hoje é o melhor dia no seu ciclo pra fazer a aplicação, por isso liguei, os óvulos estão prontos há alguns dias."

"Minha noiva tá viajando, não pode ser amanhã?"

"Estamos fazendo tudo calculado pra que seu corpo aceite os óvulos fecundados, amanhã tem mais riscos, hoje seria o melhor dia... não consigo te explicar a ciência por trás porque sou só a recepcionista. Estamos prontos quando quiser vir."

"Tudo bem, eu vou falar com minha noiva."

"Ok, não é um procedimento demorado, não tem anestesia. É rápido e sem efeitos."

"Obrigada, já ligo."

Ela desligou e eu notei que me tremia. Fucking ansiedade. Fechei meu computador e me levantei depressa saindo do café e indo pro carro pra ter um momento de privacidade, e eu normalmente me sentia melhor em lugares pequenos e silenciosos, estar dentro do carro ia me acalmar. Quando bati a porta, consegui escutar meu próprio coração batendo e ecoando em meus ouvidos. Liguei o carro porque o calor estava imenso. Segurei o volante com força pra tentar parar de tremer. Fiquei fazendo exercício de respiração até achar que estava calma o suficiente pra falar com a Rosa.

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