Que seja pra ficar

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Que seja pra ficar by Mariana Nolasco

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Rosamaria POV

Senti meu sangue fervendo de entusiasmo quando entrei na quadra seguindo a fileira de jogadoras pra nosso aquecimento. A torcida gritava loucamente nos recebendo, era o primeiro jogo da Superliga 24/25 e tinha grandes expectativas sobre nós. Do nosso time titular, somente a Mitchem e Jenna não eram medalhistas olímpicas, mas tínhamos a Stenzel que foi bronze, e eu, Carol, Júlia e Daroit representando o ouro, fora a Thaísa que estava no banco. Era um time fortíssimo e que tinha muito vôlei pra mostrar, a expectativa era que fôssemos campeãs de tudo esse ano, até o mundial estava sendo cotado, já que elas levaram prata ano passado.

O jogo de hoje sendo um jogo mais tranquilo, contra o Maringá, estávamos confiante pra vencer e começar o campeonato com o pé direito. A pressão em cima de mim era clara, principalmente depois que eu expus todo meu tratamento e as dificuldades que estava passando na minha vida pessoal. Muita gente duvidava da minha capacidade física após a cirurgia, diziam que meu corpo estaria mais fraco, que a reposição de hormônios não era suficiente pro meu desenvolvimento como atleta e que eu provavelmente não iria render muito na temporada. Eu agia diferente no treinamento, todas as meninas via que eu era capaz sim, elas me apoiavam e confiavam em mim dentro de quadra.

Além disso, eu estava faminta por bola, eu tinha descoberto a felicidade nas pequenas coisas ultimamente e uma dessas coisas era o simples estalo que minha mão fazia na bola quando eu atacava. Era um sentimento inexplicável, como se eu nunca tivesse pegado numa bola na vida. Eu confiava nesse extinto pra jogar bem hoje.

Me juntei com a Júlia pra fazer aquecimento com bola e fazíamos isso enquanto conversávamos. Já pra me alongar, eu fazia do lado da Carol, por motivos óbvios, a vista era linda. Ela apertou meus ombros quando nos juntamos pra começarmos a ser chamadas em quadra, a expectativa era que a Jheovana fosse titular então eu sabia que seria uma surpresa ouvir meu nome sendo chamado no ginásio. E como imaginei, o local explodiu em gritos da torcida quando acenei e entrei em quadra batendo nas mãos de todas as meninas. Stenzel entrou por último, já muito querida pela torcida pelo trabalho impecável que fez na Supercopa e nos reunimos em círculo antes do início do jogo.

Carol foi breve em algumas palavras em inglês, ela amava gastar o inglês dela quando tinha oportunidade. Nos posicionamos e logo ouvimos o apito do árbitro, a japonesa sacou do outro lado e logo na primeira bola não teve muita discussão, Mitchem passou, Jenna levantou uma bola tão rápida pra mim que eu tive que pular quase ao mesmo tempo que ela pegou na bola. Mas a jogada estava sendo treinada há semanas, nessa velocidade. O resultado foi o que esperávamos, cravei a bola sem bloqueio, caí com um pé só pelo impacto do ataque forte que dei e já virei pra comemorar com elas. Carol bateu nas minhas costas em aprovação.

"Cai com os dois pés, moça!" Ela sussurrou enquanto nos posicionávamos na rede e a Daroit ia sacar. Eu sorri e assenti.

Não teve nada muito diferente nesse jogo. Quase todas as bolas foram super rápidas, ou pra Carol ou pra mim a maioria das vezes. Terminei o jogo com 16 pontos e ela com 10, foram três sets jogados. No fim, ganhei o Viva Vôlei e fiquei muito feliz com minha performance, era isso que eu esperava de mim mesma na temporada e mais que isso, eu joguei feliz, me sentindo bem mesmo se cometesse erros.

Fui chamada pra dar uma entrevista logo após o jogo e as meninas passaram quase todas atrás de mim gritando, brincando e bagunçando meu cabelo. Aquela farra de sempre, o diferencial de estar no Brasil era isso.

"Rosa, o que você acha que fez o jogo de estreia ser da maneira que foi?"

"Boa noite," acenei pra câmera. "Eu acho que nós treinamos muito nossas jogadas, nossa velocidade e estamos muito bem encaixadas."

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