↬ Your Power.
Harry decidiu-se então ir atrás de sua mãe.
Encarando alguns minutos a frente de sua casa, pensou em como abordar o assunto. Ou qualquer assunto em si. Ele precisava ter uma conversa franca com Anne. Por mais que seja uma bagunça, ele precisa.
Ao passar a chave, percebeu que a porta já estava destrancada. Sinal de que alguém está em casa.
- Oi? - Harry diz, em bom tom para ser notado. - Dora?
Se nenhum sinal de Dora, que com certeza iria recebê-lo de imediato, Harry pensa que a casa está vazia.
Ele tranca a porta, coloca as chaves no bolso e vai em direção à cozinha, olhando para o balcão todo sujo, a pia cheia de louça e tudo muito fora do que costuma ser. A casa está com uma energia estranha. Como se estivesse abandonada.
Harry olha para os lados, os passos curtos sem fazer muito barulho, tentando entender o que está fazendo.
Até o jardim dos fundos de sua casa está um caos. As cadeiras de descanso caídas no chão, vasos das flores que Dora cuidava com tanto carinho, todos quebrados. A piscina imunda, água completamente verde. Harry se pergunta se passou tantos dias fora de casa ou se Dora não esteve ali enquanto estava no internato.
- O que está fazendo aqui? - Harry paralisa onde está, ao ouvir o tom da voz de Anne um tanto distante.
- Oi. Eu só vim conversar...
- Conversar sobre o que? - Anne o interrompe, visualmente fora de si. Ela se aproxima uns cinco passos de Harry, mas não o bastante para que ele pudesse lhe dar um abraço. - Acho que não temos nada para conversar.
- Mãe, por favor, só me escuta.
Anne acata.
Harry tem várias formas para começar a falar. Falar com a cabeça. Ou com o coração. Um pouco dos dois, talvez.
- Eu sinto muito por tudo que fiz você e o meu pai passarem. Por mais que vocês tentassem de tudo para me tirar do buraco que me enfiei, eu sinto em dizer que foi tudo em vão - Harry tenta ao máximo não demonstrar fraqueza. - Mãe, eu só sentia falta de vocês. Eu sentia falta de um carinho que nunca tive. Eu sentia falta de um pai, de uma mãe que nunca tive. Só queria vocês dois comigo por pelo menos uns três dias. Nem que fosse uma hora, alguns segundos, mas que fosse com vocês.
Pela primeira vez, Harry se abre para sua mãe. O choro preso na sua garganta, os olhos carregando um oceano inteiro, as bochechas frias sentindo as lágrimas quentes. Harry está falando com seu coração.
- Todas as vezes que eu me drogava, eu pensava em vocês sem querer. Era sua imagem que ficava na minha cabeça quando eu me drogava. Eu pensava em como eu seria numa outra realidade, uma pessoa resolvida. Eu também pensava na minha infância. Lembrava das vezes que me internaram. Tudo o que faz de mim ser quem sou hoje.
Harry prende o choro de todos os anos de dor, de rejeição, de ausência. Anne tomou as palavras de seu filho, mas não seria capaz de rebater. Não nessa altura do campeonato.
- Quando você era pequeno, você era um grude comigo - Harry segura o choro contra sua vontade, só consegue fechar os olhos e escutar a voz de sua mãe. - Eu perdi você. Eu me perdi, filho. Tinha vezes que eu passava pelo seu quarto e sentia pena. Eu achava que me afastando de você, você nunca teria a chance de sentir saudade. Eu não espero que um dia você me perdoe, Harry, eu não espero nada.
- E eu não perdoo. Mas só quero ter uma última conversa com você.
- C-como assim? Como assim última conversa?
Harry fixa seus olhos em sua mãe, vendo sua face se desfazendo aos poucos que entende o que seu filho diz.
- Eu vou embora - se recompondo a medida que seca algumas lágrimas, Harry traz firmeza para sua voz novamente. - E antes de ir embora, eu quero que retire a denúncia. Essa a única coisa que você pode fazer por mim pelo menos uma vez na sua vida. E também a única coisa que te peço.
- Você não entende que essa garoto pode te fazer mal?
Harry nega com a cabeça, vendo que o teatro se repete de novo, de novo e de novo...
- Mãe, chega. Por favor, só retira a denúncia contra o Louis e você nunca mais vai ter que lidar comigo.
- Pra quê? Pra vocês fugirem? Jamais, Harry.
- Isso não é hora pra você fingir que se importa. Agora, pela última vez, eu imploro. Retira a denúncia contra ele.
Anne sabe que está lidando com uma criatura teimosa que faria loucuras para conseguir o que quer. Porém, para tudo tem uma solução.
- Somente conversando com seu pai.
- Então me leve até ele.
- Ele só chega amanhã de manhã, Harry...
- Amanhã de manhã estarei aqui, sem problemas - interrompe.
Harry passou por Anne, já indo embora. Não quer ficar mais ali, com a garganta ardendo para chorar feito uma criança na frente de sua mãe. Sua despedida foi seu olhar como quem diz "obrigado por ser quem eu já esperava que você fosse" ou talvez "apesar de tudo, fique bem". Ao passar pela porta, Harry sente em seus ombros um peso despencar.
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love me hard. {shortfic l.s}
Fanfictionno mesmo local, eles trocavam mensagens, mas sem saber um do outro. mal sabia que louis tinha lhe dado o melhor frio na barriga durante duas semana de conversa, e isso apenas pelo celular. o problema até então, não seria esse, ambos conversarem sem...