capítulo cinco

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↬ Hear Me Out.

Não conseguia se olhar no espelho e muito menos ouvir a própria voz. Harry decidiu ficar no quarto o dia inteiro. Desde o momento que saiu do parque, até às 6h da tarde do dia seguinte. Levar faltas em todos os períodos de aula do internato era o de menos.

Ter que andar pelos corredores, falar com Amanda - que tortura - causaria uma dor de cabeça desnecessária. E falando em dor de cabeça, Harry sente seu cérebro latejar sendo resultado do choro desesperadoro contra o travesseiro. Ele se odeia no momento, não pode acreditar em nada do que aconteceu e nega seu sentimento por Louis até o último segundo.

Bloqueou o contato, apagou as fotos que trocaram durante esse tempo e criou uma narrativa em sua cabeça de que se isso nunca for a tona, ninguém jamais precisará saber. Principalmente Amanda.

Permitiu-se chorar e colocar toda essa angústia em lágrimas. Isso não chegou nem perto de tirar a dor que seu peito sente. Harry se depara em uns dos cenários mais assustadores de sua vida. Não sabe o que fazer. Harry não sabe nem se deve continuar onde está, ele só quer sumir. Sumir da mente de todos.

Mas, ele não vai cair no esquecimento de uma pessoa nem tão cedo.

Duas batidas na porta.

Harry faz silêncio como nas outras vezes que foi chamado. Só Amanda lhe mandou 27 mensagens e ligou 4 vezes, preocupada pela ausência do amigo. Ela foi atrás, e Harry não trocou uma se quer palavra com a garota.

Ele olhou pelo olho mágico e se surpreendeu com a cara de Louis.

Harry não abre a porta e volta para sua cama.

Mais uma batida o atenta.

Quando ele acha que o rapaz teria desistido, e sabe-se lá quanto tempo ficou ali, um pequeno papel passou por baixo da porta. Mas não há nada escrito nele.

Harry passou o papel novamente, confuso.

Louis revidou, e o papel foi longe desta vez.

— Eu posso fazer isso o dia inteiro.

Uma caneta escreve o que devia escrever. "Mas eu não" .

Harry conseguiu ouvir Louis se levantar, e mesmo sem vê-lo, um arrepio subiu pela sua espinha.

— Eu posso entrar? — Louis pede, voz quase inaudível. — Só quero que me ouça.

Harry pensa que se abrir a porta, uma passagem para Louis será feita para entrar em sua vida. É como ler um livro pela segunda vez. Não muda o final, certo?
Louis e Harry podem se ver o quanto quiserem, podem se desejar e matar esse desejo quantas vezes forem necessárias, mas de qualquer forma, eles não podem ficar juntos.

Viver a história já sabendo de seu final não muda nada.

— Por favor - Louis insiste. — Prometo que depois daqui, nunca mais vai saber do meu nome.

Justo.

Harry destrancou a porta e rapidamente voltou para onde estava. Agora são apenas os dois no mesmo local, sabendo quem são desta vez.

Ele mantém distância de Harry, e acha melhor desse jeito.

— Tudo o que você pensa de mim são frutos de histórias mal interpretadas. — sem mais demoras, é a primeira coisa que Louis diz. — Eu sei de tudo o que falam de mim nesse internato, e muito antes de conseguir um estágio aqui, eu já estive no seu lugar.

Harry de fato está ouvindo com muita atenção, sem demonstrar, mas está.

— Meu, entre aspas, namoro com Amanda, não passa de duas pessoas com diferentes pontos de vista — ele explica, imaginando a reação de Harry, já que não está vendo seu rosto. — Eu dei a ela esperança de um relacionamento, que um dia nós dois podíamos namorar. Creio que em algumas de nossas brincadeiras, isso tenha saído fora do controle.

— Você não enxergava ela como namorada.

— Exato. E eu falei não duas, não uma, mas três vezes que não queria nenhum relacionamento. Para mim, ela era minha amiga. E eu era mais que isso para ela.

— Tá - Harry diz, não convencido o suficiente com o que ouviu até então. — E como você explica ter usado ela para esconder algo pessoal? Como você explica as vezes que andava com seu grupinho patético e a deixava sem explicações depois de se afastarem? Sem falar nas mensagens. Olha, Louis, eu realmente preciso de uma puta explicação boa para isso tudo.

Louis suspira, deixando sua impaciência transparecer.

— Foi bom ter falado da minha sexualidade como algo pessoal, Harry — pareceu mais desafiador do que pensava. — Por que minha orientação sexual não é da conta de ninguém. E segundo, eu me afastei de toda aquela gente depois de descobrir o que falavam dela, assim como fui o primeiro a defendê-la. Amanda não quis me ouvir de qualquer jeito — Louis está perto de Harry, ainda sem ver seu rosto. — Você acha que foi fácil sair nessa história como o filho da puta e não poder fazer nada?

— Eu acho que você está perdendo seu tempo — Harry levantou tão de repente que Louis levou um susto. — Entre a sua palavra e a da minha melhor amiga — ele o encara, com uma espécie de sorriso provocativo-não-convidativo. — Você já sabe.

— Se eu estou perdendo meu tempo, você também está — Louis rebate. — É o nosso tempo.

— Não existe 'nosso' — um palmo de distância entre os dois. Aquele choro de raiva se aflora em Harry. — Ainda não ficou claro para você? Isso nunca vai rolar. Agora vaza daqui.

Louis não consegue acreditar como Harry foi tão rude em frações de segundos. As palavras sendo ditas enquanto seus olhos se fixaram naquelas esmeraldas escuras, quebrou uma barreira entre eles. É, quebrou sim.

— E o nosso beijo? — Louis confronta. — Aquilo não significou nada para você?

— Esse beijo nunca existiu.

— Como é que é? — sarcástico, Louis ri entre as palavras.

— Will nunca existiu, o beijo nunca aconteceu, e eu e você nunca vamos existir! — Harry aumenta sua voz, totalmente alterado. — Vaza. Daqui.

Louis poderia revidar, e lhe entregar na mesma moeda a forma que foi tratado. Porém, preferiu manter a calma e a racionalidade, indo embora pela porta, mas antes, dizendo para Harry;

— A pessoa por quem se apaixonou era eu. Você conversava com Will, e eu sou ele. Então, não me diga que nada existiu entre nós.

love me hard. {shortfic l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora