Imagine

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"Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia você se junte a nós
E o mundo será um só"
(J. Lennon)
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Acordar segunda-feira às sete da manhã, após um role caótico, envolvendo tequila e jogos de baralho e um lance com uma beta chamada Roberta para esquecer um certo alfa lúpus, parecia a morte para o pequeno ômega, mas ele fez, assim que seu celular tocou pela quarta vez.

"Mas que porra!" A voz doce e suave falou. "Alô?" Perguntou sem ao menos ler o nome que brilhava na tela do aparelho, o mal humor do menor era comum quando o assunto significava estar acordado antes das dez, porém naquele dia em especial, a ressaca deixava as coisas bem piores.

"Finalmente!" A voz do alfa soou pelo aparelho. "Tenho um teste pra você."

O pequeno ruivo revirou os olhos, se sentando, tentando acordar e raciocinar direito, se perguntando por um segundo o que Lennon queria dizer com um teste. "Uma novela..." Aquilo foi o suficiente pro sono ser varrido para longe, Diego era drag, mesmo que ninguém soubesse a sua real identidade fora amigos e família, mas também era ator de teatro e seu sonho era fazer novela.

"Novela?" O ômega perguntou.

"Sim! Das nove!"

"Das nove?"

"Do Walcyr Carrasco!" Foi a resposta obtida.

"Lennon, como você me diz isso, sem ao menos me pagar um café?" O ruivinho perguntou, suas mãos um pouco trêmulas, um teste para uma novela, das nove, do Walcyr... O pequeno estava surtando, era muita emoção, mesmo que fosse apenas um teste, ele nunca havia conseguido um teste antes.

"Desculpa Di, não temos tempo pra isso... Eles precisam do teste pra hoje." Diego arregalou os olhos, seu coração saltando rápido, seu ômega tão agitado quanto, olhou seu stitch, o bichinho de pelúcia azul que o acompanhava desde bebê, um rosnadinho saindo de sua garganta enquanto sua calda se balançava rápida atrás de si.

Diego tinha isso desde pequeno, ninguém sabia o porque, mas seu lado lobo parecia mais aflorado que o comum, por isso quando se via em situações de estresse e ansiedade, era comum agir como um pequeno filhote, tendo alguns apagões do Di, como sua mãe Erika carinhosamente havia apelidado, isso também acontecia quando estava triste, tendo tendência a agir como o animal e bravo, soltando rosnados e arrepiando sua calda. Os cios se tornavam um inferno, seus companheiros alfas nem sempre conseguiam acompanhar suas mudanças e necessidades, ninguém entendia o porquê e seus pais se negavam a levá-lo em um médico para ver isso, dizendo que era o jeito especial do filho.

"Diego... Agora não é o momento!" Mais um rosnado foi ouvido, e logo o ruivo pulou sobre o bichinho, o pegando na boca e chacoalhando, sua pobre presa já possuía alguns remendos, causados pelos dentes afiados do ômega, sua mãe sempre tendo que consertá-lo.

A ligação foi esquecida, enquanto o jovem de vinte seis anos rolava pela cama com seu bichinho entre os dentes, Lennon, sabendo que o amigo precisaria de ajuda para se acalmar, decidiu ligar para a pessoa que estaria mais próxima dele.

Quinze minutos mais tarde, uma garota baixa atravessou a porta do apartamento do seu irmão, olhando cuidadosa ao redor, buscando algum sinal do mais velho.

"Di?" Bianca chamou, ouvindo barulhos estranhos vindos do quarto do rapaz, a menina caminhou até lá com calma, já acostumada a lidar com os apagões do Di, porém ela não estava preparada para o que veria agora.

Diego ainda estava com seu bichinho entre os dentes, as presas estavam longas de mais, de uma forma nunca vista antes, suas orelhas se moviam, possivelmente capturando o barulho feito pela mulher, enquanto sua calda estava parada, imóvel, mas o que a surpreendeu foram suas unhas e seus olhos.

You're Still the OneOnde histórias criam vida. Descubra agora