Meus dias se normalizaram. Eu ocupei minha mente com outras questões, afinal não podemos viver só de sexo. Ele tem me feito muita falta porque não é só a penetração em si, mas o beijo, o carinho, as preliminares são demais. Porém, não posso ceder. Há alguma parte de mim que diz que eu preciso ser firme com Marcos, caso contrário, ele nunca pensará em mim. E eu sempre terei que me contentar com migalhas.
Tenho trabalhado bastante na escola e em casa: tirando e colocando coisas no lugar, planejando trabalhos, lendo meus romances e pensando... em qual momento da minha vida as coisas começaram a desandar? Será que sou a culpada? Será que eu deveria agradar meu marido e ser menos egoísta? Será que é egoísmo? Será que eu não mereço ter tanto prazer a ponto de gozar, de me satisfazer, de ter plenitude?
E quanto mais eu reflito sobre estas coisas, mais vou percebendo o Marcos.
Ele tem tudo organizado pra viver bem. Bom, pelo menos tinha, pois estou deixando que ele se vire um pouco na hora da refeição. Não há mais aquele ritual de quando ele chegava e que estava tudo à sua disposição. Ele está sendo forçado a viver assim. Mas não há contentamento quando ele me vê ao chegar, porque ele acha que eu deveria estar servindo a ele e me sentando à mesa para as refeições com ele. O Marcos não procura saber mais sobre meus dias, só me procura para o sexo quando ele está a fim.
Então, será que a egoísta sou eu? Será que tudo tem que se converter ao bel-prazer do Marcos? Não é de gozar que sinto falta somente, mas de um companheirismo verdadeiro, não ensaiado ou imposto. Sinto falta de passear com ele. Há muito tempo não fazemos isso.
Não sei mais o que fazer. Mas não quero viver assim. Não quero estar mal com ele e me confundir com outros homens, com conversas na internet. Tenho me sentido muito culpada com tudo isso. E se ele descobrir? E se minhas filhas descobrirem? Será um preço muito alto a pagar. Não quero viver de maneira leviana, só preciso me sentir amada e não negligenciada.
As coisas não podem se resumir só em prazer. O Marcos trabalha demais. Talvez eu esteja dramatizando demais. Essa situação pode ser resolvida de maneira madura e voltarmos a ser o casal que éramos.
Isso faz muito tempo... Está muito distante. Eu deveria ter reclamado ou tentado resolver, mas fui empurrando com a barriga.
Meu Deus! Como fomos displicentes! Por que deixamos chegar onde chegou? Faz tanto tempo que não transamos direito, pois só há saciedade de uma necessidade física, mas não há entrega, namoro, companheirismo. Tenho sido uma esposa somente pra servir ao Marcos. Eu achei que isso fosse carinho de esposa, que empurrar com a barriga, até um dia tudo se ajeitar, resolveria o problema.
E vejo, então, que não foi o Marcos que me negligenciou somente, mas eu também ajudei, anulando a mim mesma. Que raiva de mim mesma!
Burra, burra, burra! É isso que sou! Como pude fazer isso comigo? Conosco? Não dá pra ter uma família feliz se um dos componentes se anula pra fazer o outro feliz. Eu sou a grande culpada.
Preciso resolver isso. E já sei por onde irei começar.
Olá! Tudo bem?? Meu insta é @autora_bialopes. Segue lá 😉
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Dona de Mim - Livro 1
RomanceLisa é uma esposa, mãe e profissional. Porém, após um casamento falido se anos e deprimida, será necessário romper com o passado, se reinventar e reviver, tomando as rédeas da própria vida. Para conquistar o status "Dona de Mim" serão necessários ri...