C26 | No meio da pista

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Ela tem sangue frio como gelo
E seu coração é de pedra
Mas ela me mantém vivo
Ela é a besta em meus ossos

Ela consegue tudo que quer
Quando me pega sozinho
Como se não fosse nada
Ela tem dois chifrinhos
E eles machucam um pouco

Horns | Bryce Fox

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Nylah

Saímos para o jardim extravagante da mansão e Duque instantaneamente aparece, correndo para nós com aquela carinha adorável. Agacho assim que meu Cane Corso nos alcança e faço carinho no seu pescoço.

Awwn, quem é o amor da minha vida? — Faço uma vozinha besta. Duque late em resposta. Sabe que é ele. — Sim, é você meu amor.

Leif tampa a boca para segurar uma risada. Ergo a cabeça para encará-lo num olhar cortante, o desafiando a rir. Bradford somente suspira fundo, entendendo o recado. Então, lembra-se porque viemos para fora. As sobrancelhas franzem outra vez e o seu semblante fecha.

— Com essa cara, parece estar pensando em socar metade das pessoas daquele salão, anjinho. — Brinco com ele e ganho um sorriso de resposta. Como se eu tivesse acertado exatamente o que estava pensando.

— Não era eu quem parecia prestes a atacar aqueles dois lá dentro. — Leif acerta um peteleco na minha testa. Inflo as bochechas e bufo para ele, massageando o lugar que acabou de ser acertado.

— Eu tinha tudo sob controle. — Levanto o queixo na mesma arrogância que usei por toda a noite. Porém, ele sobe uma sobrancelha, totalmente desacreditado.

Tudo bem, admito. Fui pega desprevenida. Os outros dois sócios com quem conversei antes não disseram nada sobre os hotéis, por isso acreditei que tudo corria bem. Isso, até Amélia e Leonard trazerem o assunto à tona. Inaceitável. Como eu pude me descuidar com a minha própria rede de hotéis?

Não, eu não fui descuidada.

Com um clic, percebo o que realmente aconteceu. Ah, serpentezinhas traiçoeiras... Esconderam esse problema de mim por tempo suficiente para causar algum estrago. Coço atrás da orelha de Duque, tentando acalmar a ira que sobe-me pela garganta. Vai ser uma droga para resolver esse problema. Aqueles merdas só me dão trabalho.

Inspiro fundo. Ainda bem que não percebi isso naquela hora, ou teria pulado em cima de Leonard e quebrado aquela cara cínica com minhas próprias mãos. Olho para Leif novamente, dessa vez de um modo agradecido.

— Hey, obrigada. — Deixo o tom baixo, já que as palavras são realmente sinceras. — Sabe? Por me tirar de lá por alguns minutos.

Eu não responderia por mim caso continuasse lá por mais tempo.

— Estou sempre aqui, para quando precisar, diabinha. — Dá uma piscadinha e não consigo controlar o sorriso bobo que abro em resposta.

— Vou me lembrar disso. — Fico de pé.

Duque, agora que não está mais recebendo atenção, vira um pouquinho a cabeça, farejando algo.
Curiosa, olho para o lado, porém não tem ninguém no jardim.

Normalmente as pessoas se sentam nos bancos que tem em volta... Foco a atenção no banco mais próximo. O sobretudo verde floresta abandonado no encosto é tudo que vejo, até reparar no salto jogado aos pés do banco. Um único par. Sem dona ou companheiro de pé. Oh, merda.
Eu conhecia aquele salto. Eu mesma tive que esconder um par de tênis horríveis para que ele pudesse ser usado essa noite. Era o salto bege que comprei para Jane.

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