C02 | Corte por corte

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Vou ficar aqui e não estou mentindo
Eu tenho batido, batido no peito
Estou pronto para lutar.

Fear for nobody |Maneskin

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Nylah

Agarro uma mecha dos fios loiros e enrolo nos dedos, dando voltas e mais voltas distraída. O cabelo não estava sedoso como deveria. Tenho que trocar de xampu. Do mesmo modo que tenho que trocar essa situação para outra logo. Embora não esteja entediada, lidar com caras gatos amarrados normalmente é mais divertido que isso.

— Então, Leif... — Ele grunhiu. Eu sorri. — Vou te chamar assim, ok? É realmente estranho eu querer acabar com alguém que tentou me matar?

Observei os músculos dos braços tensionarem ainda mais, se é que isso era possível. Por um segundo, perguntei-me o que faria caso esse brutamonte arrebentasse as cordas. Mas afugentei a ideia. Seria impossível e gastaria um pouco de tempo até as amarras cederem. E também, ia deixar as coisas três vezes mais interessantes.

— Tecnicamente, você desacordou-me antes que eu pudesse tentar alguma coisa. — Bradfort abriu um sorriso.

Falso e calculado. Idêntico ao meu, porém menos profissional. Vejo uma mísera rachadura na expressão no canto do lábio esquerdo. Entretanto, para ser justa, o brilho de desafio nos olhos dourados compensava tudo. Uma imagem bonita. Apreciei a frase, saboreando as palavras. Ele estava ganhando tempo. Eu não deveria morder a isca. Oh, não deveria. Só que mordi o peixe com força, mastigando o anzol junto.

— Duvido que tentasse algo além de levar-me para a cama. — Sussurrei.

— Ficaria surpresa com quantas pessoas morreram nos meus lençóis, querida. — A voz grave da qual gostei tanto tornou-se zombeteira, me fazendo ficar alerta. Ele era bom em ganhar tempo.

— Deve ser realmente péssimo na cama, então, anjinho.

— Nunca vai descobrir.

— Como pode ter tanta certeza? — Ergui a sobrancelha. Estou te dando o tempo que precisa Bradfort. Surpreenda-me. Embora o jogo tenha ficado perigoso. Ele está brincando demais. Confiante demais.

Seus olhos perdem o brilho divertido e ardem em raiva. O sorriso falso foi-se para longe. A expressão dura me faz arrepiar. Por um instante o galpão esquenta. E não é um quente gostoso, é abafado. Claustrofóbico.

— Por que prefiro morrer a foder alguém como você.

Parou. O tempo que lhe dei pulou uma batida e estourou logo após. Algo rasgou. Pensei ser minha paciência, que esgotou em um segundo, mas, não. Eram as cordas.

Levou um flash de pensamento para que eu reagisse. Os meus homens levaram dois. Infelizmente, Bradfort era mais rápido que qualquer um de nós naquele galpão. A cadeira voou na cabeça de Fred, na direita, desacordando-o. Durante a queda do primeiro, o assassino pulou para cima de Rico. Todos meus homens são treinados. Quatro dos sete que tenho aqui possuem faixa roxa. Leif derrubou ele em dez segundos.

Recuei uma dezena de passos. Varri o local a procura de uma arma. Meus olhos pararam em Fred, desmaiado perto da saída. Ele tinha uma. Mais dois dos meus guarda-costas partiram para o moreno. Não durariam muito, eu sabia. Dei uma arma para cada um, mas seus cérebros não pensaram em usá-las. Idiotas. Corri para Fred. Bradfort já derrubou três. Cinco, com os outros dois no chão. Os que sobraram finalmente lembraram que tem uma pistola no cinto.

Acima do VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora